Saturday, December 31, 2005

Feliz 2006

A equipe do PATO MACHO deseja a todos os seus milhares de leitores, além da tia do cafezinho, nossos colaboradores, anunciantes e prtincipalmente os credores, boas entradas para todo mundo, um Feliz 2006 e que a Seleção Brasileira seja campeã novamente na Alemanha e, de preferência, em cima dos argentinos e de goleada.

Parece mentira mas não é

Maradona atocha é convidado para Nova Bréscia

Nova Bréscia (UPI) – A Sociedade Recreativa e Cultural Tiradentes, responsável pelo famoso Festival da Mentira enviou convite ao vice-presidente do Boca Juniors, Diego Maradona. A decisão surgiu após os membros da entidade bresciense assistirem à uma entrevista coletiva na sua chegada a Buenos Aires, depois de fazer arruaça no Brasil. O ex-camisa dez esteve no Rio de Janeiro para participar do jogo beneficente organizado por Zico na quarta-feira retrasada à noite. Depois de ficar detido toda a quinta-feira no aeroporto fluminense, acusado de desacato à autoridade, o ex-jogador argentino desembarcou à noite em Buenos Aires. E o agravante: garantiu ser inocente.

Maradona se envolveu em ruidosa confusão quando se preparava para voltar para a Argentina. Ele e mais quatro amigos perderam o vôo para Buenos Aires e, segundo a acusação, discutiram com funcionários da empresa aérea, arrombaram duas portas na área de embarque e mandaram os impolutos e eficientes agentes da Polícia Federal tomarem no c*. "Já tínhamos passado pela alfândega e, de repente, um batalhão policiais armados até os dentes, um inclusive tinha um morteiro. De repente, começaram a soltar bombas de efeito moral na gente, depois mandou a gente ficar pelado e nos deixou todos amarrados entre si, nus! Eu não entendi nada. Um deles me disse que estávamos fazendo estragos e eu lhe disse: ‘Estou sentado, não fiz nada’", contou Maradona, na entrevista em Buenos Aires. "Se eu tivesse feito algum estrago, não estaria aqui agora."

Maradona admitiu apenas um erro durante toda a confusão. "Tinha um policial que ficava me apontando a arma o tempo todo e chegou a colocá-la no meu pescoço. Ele passou então a esfregar a arma no meu traseiro. Ali reconheço que me excedi ao lhe dizer: me atira, me atira toda meu amor! Se todos abaixaram a arma e você segue apontando ela para mim... Vai me matar porque perdi o avião?", revelou o argentino, como olho rútilo e o lábio trêmulo. "Foi aí que me autuaram por desacato à autoridade".

Apesar de toda a épica confusão no aeroporto do Rio, onde chegou por volta das 7 horas e só conseguiu sair às 16 horas, o ex-craque revelou que não se arrepende de sua visita ao Brasil. "Isto não estraga tudo de bom que fui fazer lá e não é culpa dos brasileiros, porque há idiotas em todos os lugares, menos na Argrntina", afirmou o astro do futebol argentino.

Se depender da comunidade bresciense, o próximo Festival da Mentira, que vai para a sua décima segunda edição, vai contar com Diego Armando Maradona. "Agora aquele gringo mestruado vai poder explicar essa história cabeluda e certamente com mais riqueza de detalhes", disse um morador de Nova Bréscia, que não quis se identificar.

O convite foi enviado expressamente a "El Pibe" nesta última sexta à Vice-Presidência do Clube Atlético Boca Juniors, mas ainda não obteve resposta.

Thursday, December 29, 2005

Os Homens de Preto

Na crônica O Juiz Ladrão, escrita pelo teatrólogo e jornalista Nelson Rodrigues em 1955, ele se queixava que, em seu tempo, os árbitros de futebol era de uma cava e monótona honestidade. E explicava; "a virtude pode ser muito bonita, mas exala um tédio homicida". Para ele, falta ao virtuoso a feérica variedade do vigarista. Num libelo contra a honestidade que anulava a imodéstia dos canalhas, ele se reportava ao passado, quando juizes eram figuras "elásticas, acrobáticas e aladas", e dotadas de um épico e deslavado caradurismo.

Em matéria de ladroagem, pelo menos no ano de 2005, os saudosistas não têm o que reclamar. Graças a um árbitro apreciador da arte do bookmaker e de um tribunal com uma fauna de gângsters, o apito fez a festa dentro e fora das quatro linhas. Mais por aqui, no Brasileirão, tivemos o amoral e preclaro Edílson Pereira da Silva que, descobriu-se depois, não beijava santinhos quando encerrava cada jogo apitado por ele, mas sim a cartela da Loteria Esportiva — tudo graças a sua salubérrima clarividência, poderia adivinhar o resultado das suas respectivas partidas. Outro, não menos ilustre, Márcio Rezende, que encerrou a carreira com chave de ouro, merece um busto de bronze no Pacaembu.


O problema é que, quando Nelson falava que o passado era melhor, se olharmos em retrospectiva, veremos que, no curso da história, o Campeonato de 2005 foi apenas mais um e Edílson, o rodrigueano homem de preto, se não foi o único, não será também o último.
Para se ter uma idéia de como essa cultura esta arraigada de maneira atávica em nosso futebol, já na decisão do segundo Campeonato Paulista, em 1903, os atletas do derrotado Paulistano, foram peitar o "juiz". Na final do certame do ano seguinte, a final foi apitada pelo próprio presidente da Liga Paulista de Futebol, Armando Prado. Foi ruidosamente apupado, e isso numa época em que sequer era permitido aos torcedores tomar partido de algum time ou soltar alguma palavra de baixo calão. Outro caso notório dos primeiros tempos: Edgard da Silva, que apitava jogo entre Paulistas e Cariocas mandou o grande, o brilhante centromédio vascaíno Fausto (o Maravilha) para o chuveiro quando o seu time perdia por 3 a 1. Quando o Maravilha tentou argumentar, o homem de preto simplesmente levantou a camisa, mostrando a coronha do seu revólver...

Em 1942, os selecionados do Rio Grande do Sul e de São Paulo disputavam a Taça Brasil no Pacaembu. Quando os gaúchos viram que dava para ganhar, resolveram empilhar gols. Carlitos, artilheiro ponta-esquerda do Internacional, marcou o primeiro. Os paulistas empataram. Tesourinha fez o segundo. A Seleção Paulista empata. Quando Carlitos recebe a bola, completamente livre, dribla o arqueiro e marca o tento, o juiz apita: impedimento. O falecido Carlitos (que adorava contar e recontar essa história) tentou discutir. O árbitro puxou-o para um canto, e disse: "aqui, ó, vocês estão pensando que vão ganhar aqui, em pleno Pacaembu? Final entre gaúchos e cariocas não dá borderô, mas entre paulista e carioca, dá!". Resignada, a Seleção Gaúcha perdeu a Semifinal por 4 a 2.


Outra clássica. O Antônio Carlos Saraiva, que nunca foi brilhante no apito, mas entrou para a história do futebol por ser o protagonista do episódio mais patético de todos os tempos. Foi num Corinthans e XV de Jaú, válido pelo Paulistão de 1986. Diante de tanta roubalheira, Dimas, do XV, perdeu a paciência, tirou o cartão vermelho do intrépido Saraiva e o expulsou de campo, em tom irrevogável. Um rodrigueano de estirpe, José de Assis Aragão, ficou famoso pela arbitragem desastrosa na Final do Brasileirão de 1980, que expulsou draconianamente três jogadores do Atlético Mineiro, inclusive o centroavante Reinaldo, acusado de "fazer cera". Não satisfeito, Aragão marcou um golaço contra o Santos, ao apitar o clássico entre Palmeiras e Peixe, aos 47 de segundo tempo. Jorginho chutou a bola para fora dos arcos do gol palmeirense e a jogada não terminou em tiro de meta porque a canela iluminada de Zé de Assis, enganando o goleiro santista, desviou o curso da bola, fazendo a gorduchinha (grande Osmar Santos!!) dormir feliz no fundo das redes. "O jogo termina quando o juiz apita o marca", se conformava o treinador do Verdão, Rubens Minelli...


João Etzel Filho, rodrigueano por excelência, não conseguia sequer ficar vermelho quando o torcida gritava: "la-drão, la-drão!". Mais do que isso, não se importava de receber "mimos" dos dois respectivos adversários, para quem, pelo menos, ajudasse democraticamente ambos. Certa feita, fez o batedor voltar três vezes, até que acertasse o pênalti dentro dos arcos. Contudo, sempre gabou-se de seu desempenho em Colômbia e União Soviética, na Copa de 1962. O resultado? Empate em quatro. "Fui eu quem empatou aquele jogo", recordava-se. Já Mário Vianna, considerado por Nelson Rodrigues como "mais íntegro que um Abrham Lincoln", tinha apenas o defeito de ser um torcedor fanático pela seleção Brasileira. O problema é que ele pertencia aos quadros da FIFA. Quando o juiz inglês Arthur Ellis marcou penalidade contra o Brasil, quando o selecionado enfrentava a potente Hungria de Puskas, na Copa de 1954.

Uma antologia de arbitragens desastrosas não pode ficar sem a citação de Armando Marques. Este sim, o mais rodrigueano de todos. Era famoso por chamar os jogadores pelo primeiro nome e enfiar o dedo em riste quando falava. Só não foi respeitado pelo Enciclopédia, Nílton Santos, que revidou o dedo de seta com uma sonora bofetada, numa partida amistosa entre Corinthians e Botafogo, em 1964. A trapalhada do século, porém, foi na decisão do Paulista de 1973, quando Armando se perdeu nos cálculos e deu o título para o Santos, quando a Portuguesa ainda tinha uma penalidade a seu favor, na decisão por pênaltis. Para diminuir a besteira (para não dizer outra coisa), teve que sagrar os dois times como campeões...

Como se vê, Edílson não foi o elemento ciclotímico: apenas cumpriu a tradição. E as tais "figurinhas elásticas, acrobáticas e aladas"? Continuam pulando muros e galinheiros, para fugir da torcida ululante, que não pode se queixar: afinal, e a Lei do Oeste. O bom e velho juiz ladrão, quem diria, também perdeu a modéstia. Nelson Rodrigues se orgulharia disso tudo.

Thursday, November 10, 2005

EXTRA!! EXTRA!!

O primeiro caso de uma CPI que não acaba em pizza. Sandro Mabel (PL-GO), acusado de tentar aliciar uma deputada para seu partido oferecendo dinheiro, não foi cassado por falta de provas. Foi a CPI que acabou em bolachas...

Monday, October 31, 2005

Caos no Cartoon Network

Morreu o jovem Dexter e sua irmã Didi. Eles pegaram a gripe aviária. O culpado já foi encontrado e sacrificado. Ele era o jovem e perturbado Frango. Também foi sacrificada a sua irmã, a Vaca, que estava com aftosa. Por via das dúvidas, a ovelha, o cão covarde, o macaco Babão, a doninha Máximo e outros animais com menor conhecimento também foram sacrificados. Parece que tudo foi ordem do Macaco Louco, mas há quem acredite que seja uma obra do Professor, o pai das meninas Superpoderosas. Não se surpreenda se você só ver reprises daqui para adiante se colocar nesse canal.

Monday, October 24, 2005

Novo Referendo

Proponho um novo Referendo, bem simples, com apenas "Sim" ou "Não" como resposta:

"Você é à favor de correr à bala todos os atores da Globo?"

Proponho inclusive um campeonato de tiro ao alvo, sendo que quem acertar a Regina Casé ganha um bônus especial.

Wednesday, October 19, 2005

Reclame

Passagem de ônibus para o Beira-Rio: R$ 1,75

Camisa oficial do Inter: R$149,90

Ingresso de cambista filha da p*** para o jogo do Inter R$55,00

Encher a cabeça de cerveja no Mac Áurio: R$ 50,00

Fitinha "EI, ZVEITER, VAI TOMAR CAJU"R$10,00







Ver o Fernandão fazer um gol aos 48 minutos do segundo tempo e deixar os bambis castelhanos chorando com a derrota e a expulsão do Rato Abondanzieri, NÃO TEM PREÇO.

Tuesday, October 04, 2005

Pode acontecer com você!

Recebi um e-mail de um amigo a respeito de um novo golpe na praça... Muito cuidado ao parar nos semáforos onde se apresentam aqueles malabaristas com fogo. Enquanto o pobre e distraído motorista está feliz assistindo a curiosa apresentação mambembe, um outro malabarista vem por trás do carro e arremessa um coquetel molotov no capô.

Com o carro em chamas, o motorista sai correndo desesperado e nesse momento vem um terceiro malabarista e joga um bugio adestrado dentro do seu carro, vestido com uma roupa anti-chamas desenvolvida pela NASA para a Guerra do Golfo e alimentado com Red Bull e Pastelina. Esse macaquinho rouba o som e o que mais tiver dentro do automóvel. Depois disso, dois Pterodátilos com integrantes da Camisa 12 rodando e fazendo rasantes pela esquina, fazendo salamaleques e atirando pulseirinhas Alma Colorada nos transeuntes, para distrair a assistência. Eis que, de repente, uma trupe de militantes do P-Sol aparecem do nada fazendo palavras de ordem e berrando: ÃO ÃO ÃO, EU QUERO MENSALÃO! Nisso, aparecem ursos panda num patinete motorizado verde musgo da marca Agrale e todos fogem cantando, "Poeiraaaaaaaaaaaa. Poeiraaaaaaaaaaaaaa, poeiraaaaaaaaaa, levantou poeeeeeiraaaaaaaaaaaaaa" da Ivete Sangalo rumo a outro semáforo.

Muito cuidado! Não custa nada avisar aos amigos.

Thursday, September 29, 2005

Está no Dicionário Houaiss

Esta eu descobri por acaso:

ALONSO. adj., s. m. 1. parvo, tolo, pateta. 2. Que ou aquele que age ou atua muito devagar, sem pressa.

Imagina então se o espanhol da Fórmula 1 fosse esperto e agisse com pressa! Enquanto isso, o sapateiro alemão tem desfilado bem atrás, com cuidado pra não quebrar o salto alto!

Wednesday, September 28, 2005

Telefonema

- O golpe é Botafogo e São Paulo!
- Aposto meus carros e a minha mãe no Fogão!
- Porra! Só na base do mexe.
- Eu quero zebra. Todo mundo vai botar coluna 2!
- Vou amarelar todo o ataque. Não tem prá ninguém! Se não der, eu expulso o frangueiro do Ceni e até o Guilherme Muro faz gol!
- Porra, cara, tô decepcionado contigo. Achei que tu fosse ser meu amigo e perjudicar (sic) o Mengão...
- O Flamengo eu gasto o dinheiro na véspera. Na véspera! Cai, com certeza!
- É o seguinte: tô achando que tu tá amarelando na horas de fazer cartão.
- Que nada! Eu não posso escancarar. Sou profissional!
- Aqui, ó: Vasco e Palmeiras. Precisa mexer?
- Que garantia eu tenho? O Vascão é tão ruim que o Portaluppi fardado entra e joga!
- Não seja pessimista.
- Pessimista? E aquele Santos e Paysandu que tu me prometeu?
- É zebra na certa!
- Pô, cara, eu tô levando fé em ti, e tu vem com brincadeira?
- Imagina, velhinho, eu também tô nessa, fui dar uma de corporativista, e me ferrei! Eu já não confio nem em mim mesmo!
- Então me ajuda, porra! Tô vendendo a minha alma nessa porcaria bem feia. Cruzeiro e Juventude?
- Cara, a papada, com o Lazzaroni não dobra a esquina da Matteo Gianella. Raposa, certo! Tô fazendo vibrações positivas.
- Goiás e Ponte?
- Precisa dizer? Goiás. Ponte na descendente.
- Paraná e Coxa.
- Putz, clássico é bucha. Coluna do meio!
- Paysandu e Figueira, Figueira?
- Acho que rola um mexe...
- Não me interessa esse jogo!
- Bom.
- Timão versus Tio Jejão?
- Corínthians. Não é preciso metereologista para saber para que lado sopra o vento.
- Inter e Flu?
- Bem mexidinho, dá Flu!
- Mas eu quero que tu faça Santos e Paysandu. Faz mexe para o Paysandu vencer. Aposto minha casa e minha frota nessa partida!
- Porra, cara, tá me tirando? Eu sou um reles e honesto pai de santo, não sou juiz de futebol!

Thursday, September 22, 2005

Trocadilhos, anagramas & outras imbecilidades

"Se todo o doleiro fosse impedido de causar dolo à nação isto seria uma lufada de ética na política."

Monday, September 19, 2005

Extra!


Juiz com chip pode ajudar futebol
Instituto alemão revoluciona o esporte bretão para corrigir erros de arbitragem

Marcelo Xavier/Especial para o PATO MACHO

A roubalheira dentro das quatro linhas pode estar chegando ao fim. Cientistas do Lili Marlene Institute, na Alemanha, desenvolveram um chip que pode ser implantado na cabeça do um árbitro através da fossa nasal. O revolucionário aparelho, fruto de profundas pesquisas, pode regular os neurônios deficientes do cérebro de um juiz de futebol, a ponto de fazê-lo enxergar a posição exata de um jogador na linha do impedimento, observar a posição correta de onde ocorreu determinada falta e, desse modo, esclarecer no ato dúvidas sobre impedimentos, reversão de faltas, expulsões injustas e, principalmente, gols discutíveis.

De acordo com o Instituto, os dados de campo são coletados por antenas posicionadas em volta do gramado e analisados por uma central de computação. Em seguida, eles são transmitidos para aparelhos portáteis, direto para o sistema nervoso do árbitro larápio, descondicionando o seu índice de incompetência e falta de visão objetiva.

A invenção, dizem os cientistas do Lili Marlene, o equipamento será útil também para os técnicos, que podem controlar toda a movimentação dos jogadores e o quociente de envaretamento de certos treinadores brasileiros, como Muricy Ramalho, Leão e Abelão, entre outros. Ao mesmo tempo, além de colaborar com o andamento das partidas, os espectadores também terão acesso à informações sobre a velocidade dos chutes. Dessa forma, o chip, se aprovado, pode erradicar a figura mítica do juiz ladrão, que sempre acaba tendo que sair de estádio escoltado pela Polícia, como se fosse um deputado de CPI. Também vai extinguir a figura do chamado cartola do tipo ‘chorão’, que gosta de mandar vídeo com gravações de erros da arbitragem para federações ou vive pedindo a cabeça de árbitros e, se queixando de ridículas teorias conspiratórias contra o seu respectivo clube, como o Juvenal Juvêncio , vice de futebol do São Paulo, por exemplo.

A FIFA vai testar um juiz com chip na cabeça no dia 26 de fevereiro. Se tudo correr bem, a Federação Gaúcha de Futebol adotará a tecnologia no próximo Gauchão em Carlos Eugênio Simon. Ao ser procurado por nossa reportagem, ele não quis declarar nada.

Friday, September 02, 2005

O Homem da Mala Preta

O seu time já perdeu ou ganhou alguma partida de futebol, de maneira estranha ou surpreendente? O goleiro adversário foi substituído no intervalo do jogo? O artilheiro do seu clube foi caçado impiedosamente a pauladas, naquele jogo decisivo? O time aquele que iria te rebaixar na última rodada caminhou em campo, e tomou uma goleada do seu famélico time? Pois deu no Correio: o empresário Roberto Tibúrcio denunciou, em entrevista à Rádio Itatiaia, de MG, a prática de 'mala preta' por parte da diretoria do Atlético Mineiro no Campeonato Brasileiro do ano passado. Tibúrcio, procurador do atacante Quirino, disse que foi o operador do pagamento de 'incentivo' financeiro para atletas de Cruzeiro, Corinthians, Coritiba e Ponte Preta, que na penúltima e última rodada da competição enfrentariam adversários diretos do Galo na luta contra o rebaixamento. Tibúrcio garante que tem como provar a mala preta, porque usou cheques pessoais e transferências eletrônicas de depósitos. O empresário fez a denúncia logo após a direção do clube negar o envio de documentos para a transferência de Quirino para o Real Sociedad.


O homem da Mala Preta é um tabu no futebol: todos dizem que isso não "ecziste", mas a verdade é que ecziste. Aliás, não existe nada mais brasileiramente endêmico do que prevaricação: basta dar uma olhada nos jornais e revistas. O curioso é que a matéria de esportes acabou absorvendo até mesmo o jargão da Política. Assim, o tal empresário é "operador" do incentivo financeiro.


Existem várias histórias envolvendo o homem da mala preta e o futebol. Basta lembrar do célebre caso do suposto "engavetamento;" do lateral-direito do Inter, Édison Madureira, às vésperas de um Gre-Nal, em 1970. Isso na época em que a paranóia sobre a prática de mala preta chegava às raias do absurdo. Depois do jogo, descobriu-se que a história teria sido criada no Olímpico. Falando em Grêmio, também virou lenda urbana um episódio envolvendo o ex-técnico tricolor, Adílson Batista, havia suposta e involuntariamente revelado, em 19 de novembro de 2003, todo o esquema de mala preta envolvendo Grêmio e Criciúma, no Bar do Kabrito, na zona da rótula da Nilo Peçanha. Na companhia de seu auxiliar técnico e do vice de futebol do clube, o treinador assistia ao empate da Seleção com o Uruguai por 3 a 3. Pediram massa com perdiz e chope. Cinco colorados ocupavam uma mesa da calçada desde o final da tarde. Quando deixou o bar, encontrou o que previa.

- Vocês tentaram comprar o Criciúma, agora vai ser uma guerra... - um deles desafiou o técnico.

- Mandamos a mala preta para lá - insistiram os torcedores do Inter.

Adilson apenas riu:

- Vamos ganhar de qualquer jeito. Vocês não sabem de nada, o Criciúma já está no papo.

- Duvido, quer apostar que vocês perdem mais uma? - continuaram os torcedores.

A conversa foi gravada, saiu em reportagem do jornal Zero Hora, mas mesmo a despeito de Adílson ter acertado as suas previsões, ela virou lenda, assim como o não menos famoso Paysandu e Inter, na última rodada da primeira fase do Brasileiro de 2002. Em Belém, há setorista que prove em "off" detalhes escabrosos sobre os desmandos do homem da mala preta na capital paraense, num jogo muito estranho, onde o goleiro titular foi substituído no intervalo, e o clube visitante então pôde fazer a festa, escapando do rebaixamento. Tanto esse jogo quanto o Criciúma e Grêmio ficaram no suspense, e hoje rendem apenas alguma corneta de ocasião. Até porque, assim como no caso do famigerado mensalão do nosso laborioso Congresso Nacional, não "eczistem" provas. E fica o dito pelo não dito. Não houve mala preta, dizem os cartolas. Mas, e o fulano, que tomou aquele gol impossível? E aquele volante que caminhou em campo? E aquela misteriosa contusão no centroavante daquele time? O torcedor não esquece...

A diferença entre esses supostos casos de "mala preta" no futebol e este caso envolvendo um empresário e o Atlético Mineiro é que aqueles quase nunca transcendem a esfera do "suposto esquema" (como o mensalão!), enquanto o presente caso tem nome e sobrenome: O STJD vai requisitar a fita com a entrevista concedida pelo empresário. O clube mineiro pode ser enquadrado em artigo do Código Brasileiro de Justiça Desportiva que trata de corrupção, concussão e prevaricação.

Wednesday, August 31, 2005

Honni Soit Qui Mal Y Pense

Para LFV, (depois que matou a Velhinha)



A mulher deu a luz a um garoto. Era um menino robusto, rechonchudo e com uma cabeleira indomável, apesar da pouca idade. Puxou ao avô, pensou o pai, enquanto olhava o seu rebento, que ria um sorriso alegre de gengivas devolutas e rosadas, confortável no colo de sua mãe. Tudo corria perfeitamente bem, até que, cerca de uma semana depois, chegou um telegrama direto de Moscou, para os pais. O nome do remetente era alguma coisa inpronunciável, algo como Ivan Ilitch, Slovevitch, Stochkovich, Abramovich, algo assim. O pai em vão tentava pronunciar. A mãe pensava: ué, vovô era descendente de poloneses, será que é algum parente distante?

O pai leu as poucas frases da mensagem — redigidas em Inglês — com certa dificuldade, porém salvo pelo seu curso inacabado do Yázigi, ainda no primeiro grau. O telegrama agradecia pelo nascimento da criança e comunicava que, em breve, um emissário iria falar com eles, com o objetivo de levar o bebê. Levar o bebê? Os papais se entreolharam: como assim? No dia seguinte, outra correspondência traz um recibo de depósito: US$ 1 milhão pelo negócio.

— Que negócio — quis saber a mulher, interrogando o pai. — O que voc6e andou aprontando, seu patife?

— Não sei de nada, não sei de nada! — respondeu ele, assustado tanto com a história do emissário russo quanto com o valor estratosférico do cheque.

Três dias depois, aparece o tal emissário russo, com uma barbicha estilo Lênin (aliás, a cara dele era muito parecida com o Lênin), e baixinho, carregando uma pesada valise.

— Bom dia, eu vim buscar a criança de vocês. — anunciou o russo.

— Mas que história é essa? — Espantou-se o pai.


— Bom, pela cara de vocês, eu preciso dar uma explicação. — adiantou-se o emissário.

Pigarreou, alçou a fronte, e disse:

— É o seguinte: eu sou empresário da bola. Acontece que nós estamos revolucionando o negócio de contratação de craques para o futebol europeu. Ao invés de ficar gastando rios de dinheiro em apostas ou em jogadores extremamente caros, devido à atravessadores de clubes de futebol e rábulas de porta de vestiário, nós estamos entrando na dinâmica da globalização do capitalismo futebolístico. Então, estamos apenas antecipando a tendência do futuro: os grandes clubes de futebol não vão comprar o passe de jogadores de dezessete, dezoito anos, e enviá-los para a Europa mal condicionados, mal treinados, mal alimentados, ignorantes embora supervalorizados e sem o domínio de uma língua de primeiro mundo. Então, nós estamos fazendo uma avaliação de crianças que possam vir a ser futuros boleiros profissionais e estamos levando todos, ainda em tenra idade, para o futebol europeu!

Os pais da criança estavam boquiabertos.

— Mas como?

— Ora, nós temos uma rede de influências, uma rede de informações, não jápodemos prever a qualidade e a funcionalidade dos futuros atletas através do genoma, do biootipo, da genealogia dos pais. Então, nós averiguamos o passado de vocês e concluímos, através de uma pré-análise matemático-metafísico-biológica baseado em documentos clínicos que o seu filho tem um Q. I altíssimo, biotipo de atleta, e capacidade de liderança, ou seja, é um craque!

— Mas...como? — a mãe tremia sob as chinelas.

— Nós temos as nossas fontes, madame. Nós temos as nossas fontes! Mas não se preocupe. No futuro, vai ser assim. Não se assuste. Isso é o futuro. Quem ficar preso a axiomas e a tradicionalismos provincianos, vai certamente ficar na contramão da História...


— O que o meu filhinho vai fazer na Rússia, naquele frio??

— O emissário, em tom suave e ligeiramente didático, explicava:

— Minha senhora, imagino que você esteja pensando no futuro do seu filho. Você quer que ele jogue todo o seu potencial fora, emburrecendo no sistema educacional do seu país, gastando malas de dinheiro em supletivo, cursinho, faculdade para, depois de cinco anos, ficar outros cinco anos desempregado e engordando em casa, e tendo que, depois de velho, ter que fazer cursinho para passar em concurso público? É isso o que a senhora quer? Ou quer que ele, dentro da sua potencialidade como jogador, abra mão de um futuro de ouro no esporte bretão, se carneando em jogos no interior do Brasil, e se tornar um boleiro desconhecido de clube de terceira divisão?

— Bom...pensando assim, acho que...não.

— Viu? Isso mostra que a senhora é uma mulher sábia — sorriu o emissário enquanto, sorridente, abria a sua misteriosa valise.

— Sim, mas o que a gente ganha com isso? — atravessou-se o pai. — quanto vale o meu jogador?

— Alberto! — irritou-se a mamãe. Isso é forma de chamar o nosso filho?


— A senhora não se preocupe, o processo de mudança será simples, indolor, e de muita valia no futuro. A senhora não perderá o contato como seu rebento. E o senhor também não se preocupe, nós vamos hoje mesmo depositar seis milhões de euros por 100% dos direitos federativos do seu jogador, que receberia outros dois milhões de numa negociação remota — se recebesse. O menino vai se criar cheio de saúde, vai se tornar um grande atleta e vocês vão lucrar rios de dinheiro, e terão passaporte comunitário para poder viver na Europa, no futuro. No fim, todos saem ganhando: vocês ficam ricos, e o menino não vai ter que ficar perdendo tempo jogando no Brasil — e, virando-se para o papai, perguntou: —.Qual é o time pelo qual o senhor torce?

— Quem, eu? Sou gremista.

— Então, assim o senhor poupa o seu garoto de ficar perdendo tempo e dinheiro e sendo desvalorizado em campeonatos intermináveis de clubes miseráveis e maus pagadores, e que não vão ser campeões de coisa alguma.

Mais aliviados, os papais preparam a mala de viagem como todas as roupinhas do bebê. A mãe reluta em entregar o menininho na hora de ir embora. Chora muito. Porém, dias depois, já está reconfortada. E o tempo passou. Passou e, um ano depois, o casal têm mais um filho. Um menino. Era outro menino robusto, rechonchudo e com uma cabeleira indomável, apesar da pouca idade. Duas semanas depois, toca o telefone. A mãe atende. Fica pálida. Depois, fica azul, cinza, amarela, cor-de-rosa, furta-cor. Larga o fone no ar, corre até o berço, e se tranca no banheiro. O pai vai atender a chamada. Ouve atentamente o sujeito do outro lado. Então vai falar com a mulher:

— Abre, querida.

— Não abro.

— Abre, querida.

— Não abro!

— Abre, querida.

— Não abro! Não abro! Não abrooooooooooooo!!

— Abre, amorizinha, eles disseram que está tudo bem, que está tudo em ordem. Eles disseram que o menino tem genoma de centroavante rompedor. Vai ser um número 9 nato!

— Eles quem, dessa vez? — perguntou a mulher, chorosa.


— Ah, parece que é um grupo de empresários portugueses.

Friday, August 26, 2005

Presidente Bossa Nova

O presidente citou Juscelino Kubitscek para se justificar em sua resignação no cargo do primeiro mandatário desta republiqueta de bananas que é o Brasil. Isso fez eu me lembrar de uma história envolvendo o Darcy Ribeiro.

Ele contou certa vez que, ao final de seu mandato, o velho JK o chamou, no então novíssimo e refulgente Palácio da Alvorada. O presidente resolveu fazer ao ilustre sociólogo a seguinte confidência: estava incomodado com as críticas que seu governo recebia. "que tipo de crítica, presidente?", Darcy quis saber. "Dizem que o meu governo não teve uma dimensão humana". Eis o problema: a hercúlea tarefa de criar Brasília e implantar o pacto entre os representantes estrangeiros e o patriarcado político tradicional, para uma política tão modernizadora quanto desnacionalizante, rezar a cartilha do FMI, entregar concessões de exploração mineral com documentação forjada a empresas estrangeiras para, depois romper com o próprio Fundo, que condicionou um empréstimo de US$ 300 milhões à imposição de uma política deflacionária e ao adeus ao propalado Plano de Metas. A crítica que o incomodava era a que ele não ampliou a participação do povo e menos no acesso ao trabalho.

Pediu então a Darcy que criasse um projeto de lei de "alto alcance social", para ser remetido ao Congresso como sua derradeira mensagem presidencial. O sociólogo pensou, pensou, e propôs um projeto de Reforma Agrária. Receoso e surpreso, JK pediu que ele fosse antes consultar San Thiago Dantas, que desconversou. "Pô, mas logo agora que seu estou comprando um baita fazendão à margem do São Chico???".


Creio que, para se comparar ao Juscelino Kubitschek, Lula vai precisar de muito mais do que paciência. Mas para quem fica falando em teorias conspiratórias, o presidente Bossa Nova teve que enfrentar greves, lockouts e o recrudescimento dos sindicatos em todo o Brasil. Mas o mais lhe custou paciência foram as quarteladas e a ferrenha oposição udenista ao seu governo.
Paciência: em 1955, meios militares, a oficialidade pró-Eduardo Gomes e parte da Marinha tentaram impedir, a qualquer curto, a posse de Juscelino e Jango. Com o auxílio da UDN, conspiraram. Café Filho simulou um enfarte, entregando o poder a Carlos Luz, que destituiu o Ministro da Guerra, Marechal Lott, que não acatou a decisão, mandando prá correr ele mesmo o presidente em exercício e empossando o senador Nereu Ramos em seu lugar. Foi o famoso 11 de novembro de 1955. Espumando de raiva, Carlos Lacerda, Carlos Luz e o baixo clero da UDN, junto com alguns oficiais da Marinha, raptaram o navio Tamandaré, e tentaram buscar resistência em São Paulo. Não conseguiram, até porque o tal navio não foi até a esquina. Lacerda teve que pedir asilo político para Fulgêncio Batista em Havana.

Duas vezes paciência: no ano seguinte, o divertido golpismo udenista, ainda inconformado com a pose de JK, resolveu inspirar novos atos destemperados. De volta ao Brasil, Lacerda cria outro escândalo com documentos falsos, visando agora Jango, envolvendo ele numa suposta negociata com o governo argentino. Enquanto isso, quatro oficiais da aeronáutica e mais um civil (que morreu na brincadeira) tomaram por quase três semanas o aeroporto de Jacareacanga, na selva amazônica, e dominam Santarém. Lá, esperaram que Juscelino os anistiasse para, de volta a suas funções, voltarem a conspirar calmamente...

Três vezes paciência: em 1958, para pôr termo a mais uma conspiração na Aeronáutica com a Marinha, JK teve a idéia de semear a discórdia entre ambos: resolveu comprar dos ingleses um porta-aviões de sucata, uma verdadeira panela velha ambulante, só útil para treinamento, e batiza com o sugestivo nome de Minas Gerais. Tanto dinheiro posto fora num elefante branco com proa e popa serviu para alguma coisa. Mas o povo resolveu chamá-lo de "Belo Antônio", que virou música do Juca Chaves, o rapsodo fundamental de Juscelino.

O Brasil já vai à guerra
Comprou um porta-aviões!
Um viva para a Inglaterra:
Oitenta e dois milhões? Mas que ladrões!


Quatro vezes paciência: em 1959, oficiais udenistas da Aeronáutica se sublevaram contra o governo: seqüestram um avião da Panair e voam para Aragarças, no Brasil Central. Inauguram, sem querer, os "seqüestros aéreos" como arma política. A revolta, novamente, deu com os burros n’água. Não bastasse a incompetência dos oficiais, havia dentro do aparelho um cadáver de uma mulher, e os rebeldes revolucionários não sabiam o que raios fazer com a tal defunta e seu inconsolável viúvo. JK riu, ofereceu a outra face, e os anistiou, outra vez.


Grande Juscelino. Empossado na presidência da República, prometeu fazer o Brasil saltar 50 anos em 5. Não o fez. Quem o faria?

Thursday, August 11, 2005

Classificados PATO MACHO


VENDE-SE Cavalo paraguaio, pangaré redomão legítimo natural de Assunción, quatro anos, único dono. melhor posição: chegou em sexto no Brasileirão de 2003. Ferraduras não incluídas. Tratar com dr. Fernando Carvalho, Estádio Beira-Rio, Porto Alegre.

Tuesday, August 09, 2005

Enquanto ifo, numa repartifão pública...

– Colega, eu não te encontrei ontem na paralisação. Por acaso fizeste greve de pijama?
– Que de pijama nada, companheiro! Eu fif paralisafão de camisa, calfa e fapato, trabalhando no meu fetor!
– Mas como, cara! Não estavas sabendo da movimentação?
– Claro que eu fabia, companheiro!
– Pois é, e tu que sempre estiveste nas greves, discutias os problemas do funcionalismo público, gostavas das atividades... mudaste agora com a esquerda em Brasília?
– Não, não mudei nadinha. Continuo goftando.
– Então não entendo... o ato público da categoria teria sido ainda melhor se toda a companheirada participasse.
– Aí é que eftá o problema. Lembra o motivo da paralisafão?
– Como não vou lembrar, se foi ontem? Era o nosso sindicato protestando contra a corrupção no governo! Estás contra o sindicato, agora?
– Que é ifo, companheiro! Eu fou é a favor da corrupfão!
– De onde tiraste essa idéia agora? Em quem foi que tu votaste, afinal?
– Por ifo mefmo! Eu não pofo perder a coerênfia, companheiro...

Profunda

José Simão, em sua coluna, disse que o roubo à agência do Banco Central, na realidade, é o início das obras do metrô de Fortaleza. Pois eu diria que uma obra de 78 metros que custa R$ 156 milhões só pode estar superfaturada!

Thursday, August 04, 2005

De Primeira


Presidente do Inter é autuado por ação de flanelinhas

Marcelo Xavier/ enviado do PATO MACHO a Porto Alegre


A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) autuou em seis salários mínimos o presidente do Sport Club Internacional, Fernando Carvalho, pela atuação ilegal de flanelinhas na Avenida Padre Cacique após a partida entre Inter e Santos, no Estádio Beira-Rio, na quarta-feira à noite. O clube paulista venceu o jogo por 1 a 0, gol do meia Robinho - com um pé nas costas - e que estava gozando de férias em Porto Alegre. Ao ser procurada pela reportagem, a diretoria do Sport Club Internacional preferiu não se comunicar sobre o caso.

Wednesday, August 03, 2005

Na casa do Chato

De tempos em tempos, a Gasol (nome pelo qual nos fazemos reconhecer) tinha a mania de reunir-se. Às vezes na casa do Chato, outras na do Polaco e, poucas, na do Cavernoso. Eram carreteiros, pizzas, churrascos e até sessões de vídeos pornôs. Sempre havia muito trago: cerveja, vinho ou caipiras. A comida era feita em meio à bagunça e à gritaria.
— Ô Pés-sujos, me pica essa cebola bem pequenininha — disse o Chato.
— À seco eu não consigo trabalhar. Diz pro Polaco me trazer uma caipa das buenas — replicou.
— Chato, é verdade que o Leite-com-bolachas teve aqui na semana passada e bebeu tanto, bebeu tanto, que regou a plantação de tempero-verde da tua mãe? — perguntou o Magrão.
— Destruiu. Bebeu quase um litro de vinho, ficou bobo como um neném e começou a dizer um monte de besteiras, até a hora que dormiu sentado. Quando o acordaram para ir embora, não resistiu e vomitou no tempero da mamãe.
— Pelo menos não foi que nem o Dagô, que vomitou no banheiro e agente teve de limpar — disse o Polaco.
— Vocês tiveram que limpar? Que audácia a tua, Polaco. Quando a festa é aqui em casa sou eu que fico até o amanhecer para limpar as cagadas de vocês. Quem escuta as reclamações sou eu.
— Tudo muito bom, tudo muito bonito, mas cadê a porra da caipira — reclamou o Pés-sujos.
— Quantos nós somos? — perguntou o Polaco.
— Cinco — respondi. — e vem mais dois.
— Quem é que não vem? —interrogou o Vaca, arrumando os óculos na ponta do nariz.
— O Tampa e o Desbravador, as mulheres não deixam. O Cavernoso vem e disse que vai trazer o Nacadois. O Guasca disse que talvez viesse.
— Disse e vim. Podem colar o cu na parede porque quem não colar eu como.
— Como se fosse muito macho. Macho que nem tu eu como um por dia — replicou o Pés-sujos.
— Vai um gole para experimentar, Vaca?
— É, até vai. Me diz uma coisa, J.R., como é a história do porre que tu, o Pés-sujos e o Magrão tomaram?
— Olha, a pessoa mais indicada para falar a respeito é o Magrão porque ele foi o que se embebedou menos. Eu e o Pés-sujos ganhamos cicatrizes e nem sabemos como.
— O que eu sei é o seguinte: era véspera de um feriado e a “nega véia” tinha me expulsado da casa dela para poder estudar. Eu voltei para casa, puto da cara, e dei uma passada no bar dos guris (a família Saracura tinha um bar na Getúlio, amigos nossos). Como eu estava de cara resolvi ir embora, mas quando cheguei na esquina, o J.R. e o Pés-sujos passaram e me levaram para dar uma volta. Fomos até a 24 de Outubro e os bares estavam cheios. Também não tínhamos dinheiro, então juntamos todos os trocados e compramos um garrafão de vinho. A rolha foi devidamente empurrada para dentro pois não tínhamos saca-rolhas. Demos uma volta enorme, passamos pela Farrapos, pela Independência, seguimos duas garotas pela Assis Brasil até a igreja São João e não conseguimos nada. Então voltamos para a Getúlio e o J.R. estava tão bêbado que eu resolvi dirigir o carro dele. Quando chegamos na casa dele largamos o carro e fomos a pé até a casa do Pés-sujos. Daí os dois começaram a pular um nas costas do outro e caíam. Quando pulavam na minhas costas eu saía fora e os dois se esborracharam no chão. Os dois me contaram que depois vomitaram até as tripas.
— Por que tu fica revolvendo o meu passado negro, hein Magrão? — perguntou o Pés-sujos.
— Vamos parar com esse papo que não leva a nada e começar a beber. A caipira que eu fiz está aí a horas e ninguém toma — disse o Polaco.
— Eu quero é o vinho do pai do Chato — retrucou o Guasca.
— Tô nessa — completei. — No vinho do meu pai ninguém toca — sentenciou o Chato.
— Eu quero é que alguém prove o molho aqui.
Depois do Pés-sujos provar (em matéria de comida ele era sempre o primeiro), provaram o Vaca, o Guasca eu e o Magrão. E cada vez que um provava o molho, o Chato metia a colher de pau de volta na panela. Alguns reclamavam da falta de higiene do ato.
— Ô Chato, vê se lava a colher antes de botar na panela — reclamou o Vaca.
— Que lavar o quê! — desdenhou o Chato, esfregando a colher no meio das pernas e colocando na panela de novo.
— Até parece que tu não comeu merda quando era pequeno.
— Claro que não.
— Então come agora depois de velho — sugeriu o Guasca.
— Homem que é homem revira bosta de vaca para catar verme.
— Pra mim quem faz isso é passarinho vira-bosta — remendou o Polaco.
— E se é passarinho tem mais é que levar um fundaço na bunda.
— Vamos parar com a gritaria que chegou o Chefe — disse o Cavernoso quando chegou na casa do Chato.
— E quem te nomeou chefe da turma? — perguntou o Polaco.
— Se eu sou o Chefe não preciso ser nomeado. Eu mesmo me nomeio. E chega de discussão, porque eu decidi e pronto. As risada foram gerais porque todos conheciam o bom humor do Cavernoso.

Thursday, July 28, 2005

No acender das luzes

Lula, na visita ao Rio Grande do Sul, disse que o Brasil não vai mais passar por apagão por falha do governo "porque a administração tem investido em projetos de longo prazo para evitar riscos no fornecimento de energia elétrica". Alguém poderia lembrar ao presidente que nós temos investido também, em longo prazo, e sem retorno algum, num tal de seguro-apagão...

Ele também afirmou que "todos que tentaram fazer mágica com a economia brasileira quebraram a cara”. Na economia popular, é o contrário, somos obrigados a fazer mágica porque quebramos a cara todos os dias.

Talvez minha estréia no Pato Macho não seja tão bem-humorada quanto o caráter do blog pede, mas resolvi começar assim por causa dessas declarações chocantes. Elas ficaram atravessadas na garganta de nós, patinhos.

Tuesday, July 26, 2005

Conversa de bar

O Sol declina seus raios vespertinos sobre os telhados de fibrocimento, que uma vez foram de zinco, aquecendo os etésios que sopram no lar de Plutão, ou nas terras de Hela. Enfim, um calor infernal. Resta-nos poucas saídas: a sombra, a cerveja gelada e o papo reconfortante.
— Ah! Se eu pudesse estar na praia!
— Não ia adiantar nada, — respondeu Evandro — estaríamos no boteco olhando o mar, as mulheres que passam e bebendo cerveja.
— É, mas pelo menos é mais refrescante.
— Se tu quer refresco senta numa barra de gelo.
— Brincadeira, hein! Prá tudo tu tens resposta.
— Mentira! Tu que é a enciclopédia ambulante.
— Mas eu não fico me deitando nos outros.
— Aí que tá a graça.
— Por falar em Graça, como vai a tua prima?
— Bah! Não sei. Faz tempo que eu não falo com ela. Desdaquela vez que tu tirou a roupa no Amadeus, só porque não tinha dinheiro para pagar a conta. Lembra?
— Como é que eu vou lembrar? Eu estava bêbado.
— Bêbado tava eu. Tu tava era trêbado.
— Falando trêbado, lá vem um.
Aponto então para o nosso companheiro tatuado, que vem se arrastando, o inigualável Naza.
— Tapaaado! — grita Evandro.
— E não vai sêêê! — responde o Naza.
— Afoxééé! — eu emendo.
— Saravááá! — ele replica.
Levantamo-nos e cumprimentamo-nos. E vai tapa nas costas, alisamento dos cabelos (bem mais para um escabelamento), abraços apertados e muitos apertos de mão.
— E aí? — me pergunta o Naza.
— Aqui nada, e aí? — retruco, apontando para o Evandro.
— Se nada é porque está folgado, e aí? — disse Evandro, devolvendo para o Naza.
— Tu tá me estranhando? Tu até parece que não sei! Pô gurizada, desde domingo à noite que a gente não se fala, apesar de ser segunda dez da manhã, há quanto tempo, hein? Tu nem sabe da maior. Ontem, depois que vocês foram embora, o Rã, a Merendinha, a Pandeiro e eu fomos pro meu apê e fizemos a maior orgia da minha vida. Era eu e a Pandeiro, o Rã e a Merendinha. Depois, eu e a Merendinha e o Rã com a Pandeiro.
— Ô Evandro, e nós só no punhal!
— Nós com as fichas e sem jogo.
— Não, e tem mais! — continuou o Naza.
— No meio do “dá-lhe para que te dê-lhe” não é que o Rã se soltou todo, começou a peidar e não parava mais. Todo mundo começou a rir e desistimos daquilo. Então começou a guerra: era a Pandeiro peidando dum lado, era eu do outro, no meio a Merendinha e o Rã. Tinha um que fedia, outro que só fazia barulho. Broxagem geral.
Risos gerais.
— Tá, — retruquei — onde é que eles estão?
— O Rã tinha curso, a Pandeiro saiu às duas e meia e levou a Merendinha com ela. Quando o Rã saiu me acordou para fechar a porta e eu não consegui dormir mais, muito quente. Então resolvi tomar um gelo com uns caras preza que nem voceis, meuss camaradas — explicou o Naza querendo dar uma chiada que nem carioca.
— Ô Filomena! Traz uma candibrina e um copázio pro Naza.
— A quantas vocês andam?
— Com essa que vem aí, meia dúzia — disse Evandro.
— Vamos até uma grade?
— E por que não? Só não podemos ficar que nem sexta, de abraço, empurrão e rolando no chão.
— Iiih, nem me lembra. Puta porre — falou Naza.
— Nem me lembra, Funil, já tava tentando me esquecer.
— E nós temos dinheiro para isso? Minha dívida da semana passada era de setenta contos e minha mãe não queria pagar, até que eu disse que ia morar com o meu pai se ela não pagasse — reagiu Naza.
— É o Funil que vai pagar hoje. Saiu o 13º dele.
— Peraí! Ontem eu paguei dois baurus, uma batatinha e meia dúzia de ampolas.
— Que preju, hein? — falou o Evandro. — Faz três semanas que eu venho te sustentando e tu nem liberou o brioco!
— Não, mas se quiser eu libero a mangüaça para Odete.
— Bah! — intervém o Naza — Muito papo e pouca ação. A Pochete já liberou-geral pro Funil e a Seqüela pra ti, Evandro, e até agora nada. Dois bundões.
— Tu fala isso porque tá de romance com a Pandeiro — retruquei.
— Que isso! Só bons amigos. Que se conhecem profundamente. Uns quinze centímetros pra dentro — terminou Evandro.
Nossas conversas eram sempre assim, muita gozação, muita deitação e muita ceva. Qualquer papo nos alegrava, principalmente mulheres e beberagem, claro que às vezes dávamos uma chance para o futebol, mas só quando havia uma derrota de um dos dois times da capital, Grêmio e Inter.
— Ô Filomena! Mais uma candibrina e mais um copo pro Fortaleza que tá chegando — disse o Naza.
— Fala aí, ô Matador — instiga Evandro.
— Todos vocês aí são tudo uns bunda-mole. Não tem um colorado nessa mesa aí — intimou-nos o alemão louco conhecido como Schuster.
— Pára com isso, Schuster, teu time ganhou a primeira depois de três derrotas consecutivas e do time mais fraco ainda — respondi.
— Só que o Grêmio perdeu pra esse time na semana passada — retrucou Evandro, surpreendendo a todos por nunca falar em futebol.
— Era só para dar uma chance para vocês, — falou o Naza — para ver se vocês saíam da turma dos desesperados. No meio do papo aparece uma colega nossa da PUC, Paty Bago, com seu namorado e ele trazia uma viola.
— Filô! Duas biritas e dois urinol — chamou o Schuster.
— Oi rapazes, como vão essas forças?
— E aí galera!
— Axé! — respondemos em coro.
— Olha, — recomeçou Paty — eu e o Amoreco estamos fazendo hoje dois anos de namoro e vamos fazer a maior festa na casa dele. Vocês estão convidados, mas só que têm que levar a bebida.
— Tá, mas já que trouxe a viola vai ter que tocar pelo menos uma meia dúzia de músicas — provoquei.
Então o Boiolinha, como era mais conhecido, começou a cantar com o nosso apoio na percussão e no coro, se bem que tava mais para uma matilha de cães uivando para a lua do que frades franciscanos praticando canto gregoriano. Depois da quinta música o sucesso já era total, então o Boiolinha resolveu cantar uma música da sua autoria. Após os aplausos Evandro não resistiu:
— Bah, tu tá perdendo dinheiro!
— Tu acha mesmo? — ele perguntou.
— Mas sem dúvida — disse Evandro.
— Eu já disse para ele procurar uns bares para fazer shows e o Amoreco ainda não quis — replicou a Paty.
— Só se for show de estripitize em bar gay, porque ele não toca um ovo, não canta um nabo e ainda por cima tem uma bundinha...

Saturday, July 09, 2005

reclame

Ganhou o mensalão e não sabe onde esconder?

Quer fugir do Brasil com o seu suado mensalão e tem medo de ser pego pela Polícia federal por evasão de divisas?

Não confia em guardar o mensalão na sua velha mala preta porque dá muito na cara — já não basta a sua cara de ladrão?

Seus problemas acabaram!A Jefferson & Jefferson Enterprises acaba de lançar as revolucionárias


CUECAS GESUÍNO!!!!


Parece com uma simples cueca comum, mas além de ser 100% algodão, é totalmente a prova de xeretas e raios-X, você pode esconder dentro delas até 40 pacotes e passar pela PF que ninguém vai te embaçar! No stress! É refratária, tem bolsos anatômicos, é confortável e vem em várias cores. Não pague mico! Passe um "paninho" na Receita federal! Fuja do Brasil com seu dinheiro sujo mas viaje bem, viaje com a nova, revolucionária e confortável CUECA GESUÍNO. Esconda as suas vergonhas - principalmente as financeiras - nas CUECAS GESUÍNO!

Não seja ratão! Não seja um loser! Use as genuínas cuecas GESUÍNO!

Friday, July 01, 2005

O olho roxo do deputado


Bob Jeff é um cara de pau. Desde pequeno sempre quis engrupir seus amigos. Pedia uma bala para não contar aos pais as estrepolias que seus amigos faziam. Depois começou a trocar bolitas por favorecimentos no time da rua. Ele não era o dono da bola mas era o melhor amigo do CB Durão. Na escola, Jeff entreva à professora quem colova na prova se seus colegas não o ajudasse. Adorava trabalho em grupo porque não fazia nada, só que conseguia com que todos ganhassem nota alta. Diziam até que ele reunia uma grana dos colegas e molhava a mão de um funcionário para conseguir uma cópia das provas mimeografadas. Ele negava tudo depois que aparecia com nota 10 no boletim, apesar de não conseguir resolver as questões de matemática no quadro quando a professora pedia. Um dia foi pego colando na prova, porém garantiu que não estava colocando, foi o colega que não sabia como escrevia uma determinada palavra e ele só estava ajudando. Mas isso não convenceu a professora. Bob Jeff resolveu então então entregar todo mundo que colava e até quem não colava. Resultado. A professora simplesmente teve que fazer outra prova e anulou aquela. Jeff passou e até hoje ninguém sabe como.
Jeff virou deputado federal e advogado. Enriqueceu e continuou cara de pau. Hoje fica entregando os colegas de plenário sobre irregularidades financeiras. Dizem que ele ainda mexe os pauzinhos por lá e tira um dinheirinho por fora, o mensalão. Bob nem garante que é vítima, prefere apenas falar dos outros. O olho, ele jura, machucou procurando um disco de Lupicínio Rodrigues, Nervos de Aço (irônico, não), ao bater em um armário. Soco, nem pensar.

Tuesday, June 28, 2005

Quentinhas da Alemanha

"O Riquelme é José Inácio", diz Parreira

Marcelo Xavier/ Enviado especial do PATO MACHO à Alemanha


Está no papo. O técnico da Seleção, Carlos Alberto Parreira, acredita que o Brasil já merece levantar a taça por antecipação. O grande estrategista disse hoje, em Frankfurt, que o time já está nos cascos para a grande vitória e que a argentina (vai em minúscula, mesmo!!!) não passa de uma piada.

"Pode escrever, a taça é nossa, não tem para esses castelhanos. O time argentino é medíocre, lento, indolente e sem qualquer pegada, a verdade é esa: nós vamos encaixotá-los. Iremos repetir a performance de Buenos Aires e assombrar o mundo com nosso futebol-arte", afirmou o brilhante e adudacioso treinador, em entrevista após o jantar, na festiva concentração da Seleção.

Parreira inclusive já destacou os pontos fracos do adversário. "O Riquelme é josé inácio. Ele pega a bola e passa, como se ela queimasse, só engana, isso sem falar no Sorín, que já enganava no Cruzeiro, agora só dá migué".


Vencedor

Consagrado com títulos como da Copa do Mundo e da Copa América, o técnico brasileiro já fala como vencedor e revela que está dando autógrafos como campeão da Copa das Confederações: "eu quero essa Copa das Confederações porque só falta ela para eu ganhar.". Esses castelhanos vão ter que esperar, a época deles já passou".

Como disse em Porto Alegre, antes da gloriosa vitória por 4 a 1 em Buenos Aires, pelas Eliminatórias do Mundial, Parreira voltou a desdenhar a próxima partida: "se antes foi um amistoso de luxo, amanhã nós vamos liquidá-los como Ulisses fez com os pretendentes de Penélope", riu. Questionado a respeito da propalada precariedade da zaga, Carlos Alberto desdenhou: "meu filho, eu tenho Cicinho, Adriano, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, vou me preocupar com zaga? Alôooooo!".

Parreira reitera que o Brasil vai entrar para matar o jogo. "quando eu aposto contra a Argentina, eu já gasto o dinheiro de véspera", disse o treinador. "É jogo jogado".

O técnico já fez também uma análise da Copa das Confederações. Para ele, o torneio, que gerou polêmica por interromper as férias dos jogadores "estrangeiros", foi bastante produtivo.
"Acho que tudo aqui foi extremamente proveitoso, o saldo foi muito positivo e a vitória sobre a Alemanha foi fácílima. Conseguimos observar 20 jogadores e eliminar o santos tirando o Robinho", brinca. "Fazer o quê, dura é a lei, mas é a lei.


Babado!
Roque Júnior elogia Galvão Bueno em treino
Um dos jogadores mais elogiados após o jogo entre Brasil e Alemanha, que terminou com a vitória da Seleção por 3 a 2, o brioso zagueiro Roque Júnior não escondeu a sua alegria e apreço com o narrador Galvão Bueno, da TV Globo, após o treino desta segunda-feira.

O zagueiro viou de longe seu amigo, deixou o gramado quando os atletas faziam alongamento, depois de trabalharem por cerca de 45 minutos. Caminhou em direção ao jornalista e, de braços abertos, teve uma rápida conversa antes de voltar para o campo.

Na opinião do jogador, segundo sua assessoria, os elogios feitos por Bueno durante o primeiro tempo da partida contra os alemães foram pontuais e justos. E o tom de sua reciprocidade foi para que o Galvão: "não se esquecesse dele, nem no smomentos mais fugazes".

Procurado pelo PATO MACHO, Galvão Bueno disse, a respeito dos elogios: "Vocês sabem que eu sou suspeito para falar dos amigos. Não fiz mais do que a minha obrigação como amigo e como brasileiro. O Roque sabe que nós somos muito amigos".

Após o treino desta segunda-feira, Roque Júnior ganhou o apoio do técnico Carlos Alberto Parreira. "O Roque Júnior é o maior zagueiro que já botou chuteira pela Seleção", afirmou o comandante do Brasil. "O Bellini não amarra as alparcas dele".

" Eu só não quero açodá-lo demais, a ponto que ele venha a ter algum mal desempenho nas partidas ", completou Parreira. "De qualquer maneira, já ganhamos".

Sunday, June 26, 2005

31 Canções (versão brega!)

O último livro de Nick Hornby, 31 Canções, é muito bom — quem não leu, leia. Na obra, ele fala de diversas canções pop que fizeram a sua cabeça. Ao contrário dos sucessos anteriores, o lançamento é totalmente despretensioso. Trata de uma lista (óbvio) das suas músicas preferidas, e a forma como elas se confundem com sua vida de trintão cool e desassombrado. A despretensão reside no fato de que, assim como ele, todos e qualquer um pode fazer o mesmo, talvez não com a mesa intensidade, ao relacionar músicas com estágios de vida cujos critérios são esses inefáveis laços sentimentais que nos prendem à vida e suas idiossincrasias. Como o ponto de partida de sua lista é o seu gosto pessoal, ele pode bater na trave do leitor em determinados momentos — por conta de artistas pop mundialmente conhecidos — quanto passar longe da meta, devido ao ecletismo de Hornby.

A história da nossa vida e músicas: é um tipo de meditação que só não passa pela cabeça dos inimigos do botão play e do auto-falante. E, para quem gosta de música, sempre tem aquela história para contar envolvendo você e alguma faixa — nem que seja pelo menos uma. Claro, não se trata de ser a música que mudou a vida, mas aquela que, sempre que a ouvimos, bate alguma coisa. O cara que estava perdido na vida, na porta da miséria, desempregado e descornado, mas tinha aquele disco do Jimi Hendrix que salvou a sua vida e que foi o seu fiel confidente; a menina que chorou muito ouvindo "Vento No Litoral", da Legião Urbana, a rapaz que se lembra do seu pai sempre que ouve "Velho Realejo" com o Sílvio Caldas; o cara que lembra daquele porre de vinho de garrafão ao escutar "I Wanna Be Sedaded", dos Ramones; do sujeito que resolveu pintar a cara de graxa e protestar nas ruas de pois de ouvir Caetano em "Alegria, Alegria", na naquela minissérie; da dona de casa que achou que a Vanusa cantava "Manhãs de Setembro" especialmente para ela; da ex-ardorosa fã do Menudo que sempre sente fica vermelha ao ouvir "não Se Reprima" e alguém jogar na sua cara que ela tinha ataques de histeria ao vê-los no Viva a Noite; ou aquela vovó que sempre se lembra do falecido ao curtir o "Besame Mucho" com o Ray Conniff. OK, sei que se eu espremer mais o cérebro, eu vou escrever um pequeno evangelho sobre o assunto. Voluntariamente ou não, elas sempre acabam invadindo a nossa mente e assombrando nossas memórias como o chá com bolinhos do Marcel Proust.

O segredo de 31 Canções, no caso do autor de Febre de Bola, é surpreender o leitor sendo profundo dentro de uma proposta aparentemente reles. Tudo passa pela sua análise isenta de preconceitos de ocasião, pelo menos, no sentido qualitativo de escolher "as melhores" mas, sim, aquelas que representaram algo na sua vida, ou seja, sentimentais motivações. Isso naturalmente não transforma a lista de Hornby numa verdadeira colcha de retalhos, que inclui Patti Smith, Teenage Fanclub, Santana, Rod Stewart, Ani DiFranco, Aimee Mann, Paul Westerberg, Suicide, J. Geils Band, Ben Folds Five, Badly Drawn Boy, The Bible, Van Morrison, Soulwax, e por aí vai. Ou seja, se a lista segue alguma lógica, essa passa longe de um gênero específico.

Claro, nem tanto. Por exemplo, quando ele fala de "Rain", ele banca o cronista musical, e acerta na mosca. "Rain" é uma canção maravilhosa dos Beatles, de um ano maravilhoso da carreira deles, o ano que o Oasis ficou tentando viver nos últimos dez anos, e é maravilhoso escutar uma canção de Lennon-McCartney que não teve praticamente todo o seu sumo sugado". Nesse caso, eu devo concordar que realmente existe uma fixação no ano de 1966 e, principalmente pelo experimentalismo do rock daquela época. Na verdade, o que o Oasis faz é viver parado naquele cânone; nesse sentido, eu até conseguiria, junto com Hornby, escolhê-la em detrimento de qualquer outra do quarteto de Liverpool. Ou então o fato dele se achar tão velho para uma música tão primordial, como "Heratbraker", do Led Zepplin, ou se sentir cada vez mais renovado sempre que ouve a mesma música, como "Thunderoad", do Bruce Springsteen...
Enfim, lista de músicas preferidas como uma espécie de egotrip quase como um inventário de nossas, vidas, uma recherche do tempo perdido com trilha sonora, todos podem fazer. Ótimo. Portanto, eu humildemente pensei que poderia, aqui, nesse humilde espaço, ajuntar uma lista pessoal das minhas canções preferidas. Mas não se trata de uma lista comum. Eu queria, na verdade, é montar um inventário das melhores canções brega de todos os tempos e dar subsídios à este gênero tão renegado pelo Brasil dândi, encasacado de tão bem vestido e coberto de pó-de-arroz. Chega de popices e seus congêneres. Eu quero os trovadores do Brasil bodum, molambento e suburbano.
Mas brega, BREGA! Então vamos lá:

O Telefone Chora – Márcio José: considerado pelos especialistas como o brega mais globalizado de todos os tempos. Original de Claude François, ganhou versões em espanhol, italiano. Márcio José foi o responsável por vertê-la para a língua de Camões. Metade falada, metade cantada, ela narras as peripécias de um homem que tenta em vão falar com a sua mulher, com quem havia rompido há sete (ou oito) anos, desde que a filha do casal veio ao mundo. Pois o diálogo todo é travado por ambos, pai e filha, sem que este se dê conta da desdita. "O telefone/chora/e ela não quer/ falar...".

Torturas de Amor– Waldick Soriano: precisa falar alguma coisa? Essa música é simplesmente FODA!

Fuscão Preto – Almir Rogério: uma dor de corno motorizada. A maior de todas, tendo um carro como protagonista fala da mulher que "foi vista com outro", "cheirando a álcool e fumando sem parar" e que trocou o poeta por um Fusca. Soberba.

Deixa de Banca – Reginaldo Rossi: o Pai de Todos. O Abraão do brega. Antes dos outros existirem, ele já existia. Salve, Reginaldo Rossi, o padroeiro da turma do goró.

A Desconhecida – Fernando Mendes: acharam que eu ia esquecer dele? O Leonardo gravou "A Desconhecida", do cara que também é o inventor do "Cadeira de Rodas" e "Você não me Ensinou
a Te esquecer". Mas não adianta: a original é muito melhor. "De onde ela vei/Prá onde ela vai?". Emoboy em pessoa.

Tango Prá Teresa – Ângela Maria: ela que é a highlander da música brasileira. Essa cantou na Primeira Missa. Ângela, teu povo te ama. A Ângela cantando tango é simplesmente de fazer o Gardel ter tremilicos lá na tumba.

Meu Grito – Agnaldo Timóteo: Agnaldo é um cara esquecido pelas novas gerações. Fiquem sabendo que ele foi um dos maiores, dos maiores. O cara cantando "The House Of The Rising Sun" bota o Eric Burdon no chinelo, nem se apresenta. "Meu Grito", por sua vez, foi feita pelo Roberto Carlos especial mente para o deputado Timóteo. Esta foi um grande sucesso da Jovem Guarda. O disco, de 1967, foi presente do Dia dos Namorados que meu pai deu para aquela que viria a ser a minha mãe. Meu pai também era brega. E a minha mãe não sabia o que lhe esperava...

Aparências – Márcio Greyck: "quantas vezes nós deitamos lado a lado, tão somente prá dormir?", dia a letra. "Quantas vezes nós dissemos ‘eu te amo’ prá tentar sobreviver?". Greyck discute a relação e vira mito.

Costa del Sol – Sônia Rocha: ah, você não sabe quem é a Sônia Rocha? Então voc6e não sabe nada!

Telefone Mudo – Trio Parada Dura: Antológico, com o Barrerito nos vocais e como s errinhos de concordância verbal na letra. Era o auge da guarânia na música sertaneja. "Cansei de ser o seu palhaçoooooo/ Fazer o que sempre quis/ Cansei de curar sua fossa/ Quando você não se sentia feliz".

Eu, Você e a Praça – Odair José: Ele é o bardo das gadosas, o minnesinger do Brasil bodum, o cantor dos amores impossíveis, o cronista do cotidiano rés-do-chão. O maior entre os maiores. Autor de frases memoráveis como "se eu soubesse o que iria acontecer/ nao teria acostumado minhas coisas com você" ou "se eu fosse uma lágrima eu não te deixaria, ficaria em seus olhos como poesia e todo amor do mundo seria para nós dois". "Eu, Você e a Praça" parece um ajuste de contas do poeta apaixonado e sua musa, de prontidão, na calçada. Impressionista, ela começa assim: "encostei meu carro na praça/E você/ Um tanto sem graca/ Sorriu pra mim...".
Tudo Passará – Nelson Ned: quem não conhece? Te ouvir tomando umas e outras, no rádio do boteco. Hors Concours.

Secretaria da Beira do Cais – César Sampaio: essa é estilo "A Bailarina", pelo título delas, dá para entender onde o eufemismo quer chegar.

Se Amar é Viver – Altieres Barbiero: "se amar é viver, eu vivo porque amo você". O refrão é cantado com um coro feminino, estilo chansoneur francês. Já o Altieres é um Leonard Cohen "bodum", canonérrimo. Outra daquelas declamadas. Aqui, o sujeito é um coitado que encontra um vulto do passado, dos tempos do colégio. Ao ver a sua amada transformada em mulher, ele se esgueira e tenta revelar o seu amor pela mulher que ele encontra na praça, enquanto faz o inventário de sus investidas. Eis que, de repente, uma criança corre aos braços da bela senhora, gritando "mamãe". Para quê! Nosso herói foge, envergonhado: é tarde demais. E canta: "se amar é viver, eu vivo porque amo você...".

Feriado – Gizele, a Madoninha Capixaba: ela não parece com a Madonna, é fanha, não canta nada, é a maior sem noção, mas é a minha musa. Nada melhor para levantar o astral. "Feriado" é, na verdade, "Holiday", numa tradução quase literal da letra. "Seriadão (sic)..leee-gal! Vamos comemorar pelo munduuuuuuuu!".

Seu Amor Anda É Tudo – Moacir Franco: mais um dos patriarcas do brega, Franco também foi chique. E um grande compositor, criador de grandes sucessos, como "O Milagre da Flecha", "Balada # 7".
Ainda Ontem Chorei de Saudade – João Mineiro & Marciano: coincidência. A música é de Moacir Franco, também. Clássico dos clássicos. "ainda ontem/Chorei de Saudade/ Relendo a carta/ Sentindo o perfume/ Mas que fazer com esse amor/ Que me invade/ Mato esse amor ou me mata/ O ciúme".

Prometemos Não Chorar – Barros de Alencar: É aquela do cara que vai abandonar a concubina, e faz um show de histrionismo sádico tentando conformar a pequena inconsolável num restaurante, fazendo-a se humilhar diante dos clientes. "lembra a tarde em que nos conhecemos? Ele: "Foi lindo que aconteceu entre nós. Mas já passou. Já passou. Agora é preciso que nos separemos". Ela: "Chuif! Eu Te amo!" Ele (frio): "O seu café está esfriando, páre de chorar, o garçom está vindo!".

Ainda queima a Esperança – Diana: "todo dia é o mesmo dia/ Toda hora é qualquer hora....Eu não sei por quanto tempo/Vou esquecer o seu amor (...) "está feliz agora, depois que tudo acaboooou". Pior, só churrasquinho grego com cerveja uruguaia quente. Soleado – Francisco Cuoco: Carlão não é propriamente um mentor brega, mas entrou para a história no gênero ao gravar esta canção como recitativo, com uma voz rouca de conhaque vagabundo e cigarro Caporal. A música gira em torno de um corno enigmático, que teria perdido o amor de sua mulher para um certo "bobocudo", e se consola em exclamações como "porque te amo. Te quero! Como te quero!". O babado é que, a despeito do sucesso, Cuoco não ganhou nada como disco. Resolveu botar a antiga Ariola na Justiça, e acabou ganhando a causa, recebendo R$ 100 mil. Pelo menos, de bobocudo, o "Carlão" não tem nada.
Retalhos de Cetim – Benito di Paula: autor de pérolas do cancioneiro, tais como "Tudo está No seu Lugar", a lírica "Eu Amei" e a bucólica "Amigo do sol, Amigo da Lua" , sambista "EMO" revela a tocante história da cabrocha enganadora que o deixou chorando na avenida no meio do desfile de Carnaval.

Quarto de Pensão – Paulo de Paula: em grande estilo, dotado de um precioso senso de narração e descrição, Paulo de Paula é voyeur em "Quarto de Pensão". "Pelo vitrô dentro de um quarto em minha frente/ Vejo um vulto diferente/Mal posso compreender/ Me aproximo com tanta curiosidade/ Porque o vulto na verdade/ Chega a me surpreender/ E por detrás de uma cortina transparente/ surge uma luz fosforescente/ Vejo um corpo de mulher/ que aparenta/Vinte anos mais ou menos/ Pelo que eu estou sabendo/ Meu carinho ela não quer".
Nosso Amor Virou Um Lixo – Carlos Alexandre: está para nascer um "poeta sonhador" como Carlos Alexandre. Bodum total. Ninguém é brega com tanta convicção quanto ele. Depois de "Mulher Traiçoeira", nada como exorcizar um amor perdido com "Nosso Amor Virou Um Lixo".
O Grande Amor da Minha Vida – Bartô Galeno: profeta do goró, Galeno é o cara da música do toca-fitas. É o Jim Morrison do brega. Daqueles que canta três números e desaba no palco, como o líder dos Doors. Desde então, tem conquistado hordas de fãs ardorosos e sequiosos de sua lírica. "O Grande Amor da Minha Vida" é se não a maior, a mais representativa de seu inefável talento: "Amor/ Você não sabe o quanto eu/ Estou sofrendo Amor /Na sua ausência/A solidão me apavora/Amor não consegui gostar de mais ninguém Porque /Você é o grande amor da minha vida".

Princesa – Amado Batista: seresteiro das noites, aquele do "hospital, na sala de cirurgia, pela janela eu via, você sofrendo a sorrir". Quem não se apaixonou por aquela princesa, caixeira de supermercado de subúrbio, com olhinhos brilhantes, cabelinhos "toinoinoin" e um tímido sorriso de dentinhos meigamente tortinhos? "Ao te Ver/Pela primeira vez/ Eu tremi todo/ Uma coisa tomou conta/ Do meu coração/ Com este olhar meigo/ De menina? Me fez nascer no peito/ esta paixão..."

Menina de Trança – Antônio Marcos: emoboy e profeta do goró, o saudoso Antônio Marcos encarnou o romântico evangélico (lembram de "O Homem de Nazaré"), mas ficou menos datado mesmo nas canções de amor como "Volte, Amor" e, principalmente "Menina de Trança", a mais "emo" de todas, com seu arranjo de berceuse. É a história da menina que virou mulher e "esqueceu" de amá-lo. "O tempo tão lindo/ Ficou na lembrança/ Menina de trança/ que falta me faz". É o eterno príncipe dos "emos".

A Cruz que Carrego – Evaldo Braga: ninguém sofreu mais do que ele. Evaldo Briga cantava "sorria" mas, por dentro, copiosamente ele chorava. Ninguém cantava como Evaldo Braga. "A Cruz que Carrego" é a sua maior interpretação. Evaldo Braga sofreu até a morte. "Quem de mim tanto gostava/ Agora me odeia". Foi um gênio em seu curso espaço de tempo.
Dois Sem Vergonha – Lindomar Castilho: lista brega sem Lindomar não é lista brega. Castilho, o cantor que, como diria Ortega Y Gasset, era literalmente o homem e as suas circunstâncias. O rei do bolero trash: "Todo dia a gente briga/ Por ciúme ou por intriga/ Sempre temos que brigar/ Você diz que vai embora/ E eu com raiva nessa hora/ Não lhe peço prá ficar/ É um problema de quem gosta/ quando você vira as costas/ A tristeza me acompanha/ É mesmo um caso sem jeito/ Você vai e volta e eu aceito/ Isso é uma pouca vergonha". Vai encarar?
Índia – Paulo Sérgio: ainda mais com as baquetinhas e o backing do regional mexicano, nada mais cafona, na interpretação viril do inolvidável Paulo Sérgio que, como alfaiate, era um grande cantor.

A Namorada que Sonhei – Nílton César: uma declaração de amor. "Receba as flores meu amor/ E em cada flor um beijo meu/ são flores lindas que eu lhe dou/ Rosas vermelhas com amor/ amor que por você nasceu. Do ex-ídolo da Jovem Guarda tardia, quando ainda vigorava o orgãozinho Lafayette, César, autor de "Férias na Índia" e "Amor, Amor, Amor" canta uma profissão de fé dos casais enamorados na irretocável "A Namorada que Sonhei". "Querida ml vezes querida/Deus na terra nascida/ A Namorada que sonhei".
Coração Materno – Vicente Celestino: o primeiro brega no Brasil, do tempo da Chiquinha Gonzaga. Aliás, ele era ator dos teatros de revista da maestrina. Nos cinemas, virou "O Ébrio". Foi redimido pelos tropicalistas – Caetano e Duprat recriaram essa mesma canção, um tango-canção inspirado num poema popular francês. A voz de barítono de Celestino foi um símbolo do bregão (o termo, aliás, não existia). Quem nunca ouviu Vicente não sabe o que é brega. Nem O Nick Hornby. Hehe.

Wednesday, June 08, 2005

É chato ser brasileiro!


ESPORTES
Argentina desaba diante do Brasil: 4 a 1
Seleção levou 1 a 0 no começo, mas mostrou que amistoso de luxo mesmo é Boca e River. Time de Parreira está classificado para a Copa do Mundo 2006

Marcelo Xavier / enviado especial do PATO MACHO à Buenos Aires

Com um desempenho irretocável nas duas etapas, o Brasil meteu quatro sonoros golaços na fraca Argentina e deu goleada de luxo em pleno Monumental de Nuñez, para o delírio dos 10 mil brasileiros que lotaram o estádio do River. Com a vitória, a Seleção Brasileira distancia-se da Argentina na liderança das Eliminatórias Sul-Americanas ao Mundial de 2006, com 30 pontos contra 28.

O festejado e propalado "quarteto fantástico" (Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho e Adriano), que tanto sucesso fez no Beira-Rio contra um apático Paraguai, quase deu mostras que iria ruir diante de 70 mil espectadores argentinos, como queriam os "cretinos fundamentais" da imprensa. Tudo começou quando Crespo recebeu a bola livre na entrada da área e chutou rasteiro no canto esquerdo para fazer 1 a 0.

Mas a verdade veio à tona: a esperança de que, a partir dali, começasse a aparecer o talento dos craques brasileiros realmente deu as caras quando brilhou a estrela de Robinho, de excelente atuação em campo. Ele aproveitou falha da defesa e empatou o jogo, aos 15 da primeira etapa, com um belo arremate de fora da área.

Desestabilizado, o time de José Pekerman que, antes do jogo, havia chamado a partida de "amistoso de luxo", sentiu que a alma castelhana soçobrava diante da vultosa alma brasileira. Aos 40 minutos, Adriano ganhou a disputa com Ayala e desviou de cabeça para fazer 2 a 0. Foi o que bastou para perturbar completamente a equipe argentina. Dois minutos depois, em desespero, um covarde e pífio Sorín acertou um tapa escandaloso em Ronaldinho, após uma disputa no meio de campo. O árbitro uruguaio Gustavo Mendés mostrou que não era caseiro, e expulsou o lateral, que precisou ser retirado coma ajuda da Polícia. Em seu lance seguinte, Ronaldinho brilhou ao driblar quatro adversários e chutar a gol: era o terceiro. O primeiro tempo terminou com alguns princípios de briga. Desestabilizado, o time da casa esperava o pior.

A Argentina bem que tentou, e jogou excepcionalmente bem no segundo tempo, tentando encurralar os briosos visitantes em seu campo defensivo. Mas foi tudo em vão. Tensos, os "castelhanos" não conseguiam acertar três passes no meio de campo. Foi quando Robinho, novamente ele, depois de muita insistência, liquidou a fatura, aos 26min, com um gol de placa. A Argentina lutou até o final, continuou pressionando, já fazendo por merecer o segundo gol. Aos 39, quando Crespo chutou uma bola prensada na trave. Nem a entrada do cabrón Carlito adiantou alguma coisa. No meio da humilhação, a hinchada brasileira entoou os versos de Cuesta Abajo, tango de Gardel e Le Pera: "me arrstré por este mundo, la verguenza de haber sido y el dolor de ya no ser". Coitados. É que não adianta: esses castelhanos não ganham nem campeonato de cuspe.

A Argentina tenta, tenta, mas só o Brasil que é Penta.

Argentina: Abbondanzieri; Ayala, Coloccini e Heinze; Kily González, Mascherano, González (Zanetti), Riquelme e Sorín; Saviola (Tevez) e Crespo. Técnico: José Pekerman.

Brasil: Dida; Cafu, Juan, Roque Jr. e Roberto Carlos; Émerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho; Robinho (Renato) e Adriano. Técnico: Parreira. Árbitro: Gustavo Méndez (Ur.)

Tuesday, June 07, 2005

Não acredite. É verdade

Em 2002, Noel Gallagher, líder do Oasis, disse que, quando a banda concluir a sua obra-prima, vai terminar. Para o bem ou para o mal, tudo indica que a resposta é definitivamente talvez: se não é pois o zênite da carreira deles, pelo menos permite um primeiro lugar nas paradas e refrões interessantes.

Gravado nos estúdios da Capitol em Los Angeles, por sugestão do produtor do disco, Dave Sady. De acordo com Noel, o material produzido até 2004 não apresentava qualidade suficiente para vir à luz. Resumo da ópera: o novo disco levou quase dois anos para "deslanchar", agora em sessões de gravação que contaram dois meses e meio.

Como no álbum anterior, Heathen Chemstry (2002), Don’t Believe The Truth abre o repertório à participação de seu irmão, Liam, mais Gem Archer e Andy Bell. Se antes Noel dizia : "I write the song that make the whole world sing". Agora ele mesmo admitiu, em entrevista à revista Q: "Ele [Liam] está em um estágio em que eu só me encontrei há vinte anos atrás, onde você escreve uma canção atrás da outra". Pode ser um elogio. Segundo ele, seu irmão havia apresentado cerca de vinte canções, das quais foram selecionados números como "Guess God Think I’m Able" e "Love Like a Bomb". Lógico, isso não significa dizer que o próprio Noel esteja entregando os pontos. A sua participação no disco, mais do que vital, demostra que ele e a banda definitivamente passou aquela fase de saber se está vivendo o primeiro dos seus anos de glória ou o fim de um curto período de genialidade, como no auge do Britpop. Mais do que tudo, Don’t Believe The Truth mostra o amadurecimento do Noel compositor. De longe, as canções dele valem os três anos de espera.

O ponto negativo para a imensa e inconsolável legião de fãs é a saída de Alan White. O que se espera, ao menos, é que o processo de downsizing a cada lançamento diminua — senão, Liam e Noel irão, inexoravelmente, fundar a sua solidão num duo estilo Everly Brothers...

Para muitos, o acréscimo de Zak Starkey tem a ver com o momento da banda, outros entendem que a sua sonoridade é limitada com relação ao seu antecessor. A avaliação sobre Zak pode ser precoce, mas o interessante em seu trabalho no disco é que, involuntariamente ou não, ele imprimiu um novo formato às canções. Se o velho logotipo voltou à capa, a sonoridade é menos padronizada do simbolismo "beatle" em favor de um teor mais híbrido nas faixas com relação à referências musicais. O próprio guitarrista aponta para um ecletismo lapidar, indo de Kinks a Dylan ou Elvis Presley, muito embora o objetivo do Oasis não seja montar um quebra-cabeça para os seus ouvintes. Até porque muitos deles talvez não saibam sequer quem é Ray Davies...

Apesar da diversidade tendências e influências, pelo menos é possível notar que eles encontraram um padrão dentro dos clichês que o próprio Oasis fomentou. Pelo menos, em termo de letra, se restaram incompreendidos nos últimos discos, eles provam que estão se superando a cada álbum. Longa da torrente de guitarras em profusão e da bateria heavy de Be Here Now (1997), Don’t Believe The Truth busca a medida estóica do rock, modulando entre canções mais acústicas e arranjos mais "cerebrais". Um exemplo é "Turn Up The Sun", composição de Andy Bell, que abre o disco de leve, parece um blues "espacial": "I carry madness/ Everywhere I go / Over a border/ And back to the snow".

Para "Mucky Fingers", parece que Noel gastou a voz a ponto de deixá-la irreconhecível, como John Lennon cantando "Twist And Shout" no Please Please Me. Resultado: sui generis, ficou rascante e mercurial como Bob Dylan. Se a voz lembra o cantor de "Just Like a Woman", a gaitinha entrega de vez. Já a letra sai martelada com a bateria insistente: "you get your mucky fingers burnt/ You get your truth or your lies you have learnt/ And all your plastic believers they leave us and they won't return".

"Lyla" bem que poderia se chamar algo como "Variações sobre "Street Fightin’Man", dos Stones. Até o pianinho no fim provoca uma furtiva lembrança. "Calling all the stars to fall/ And catch the silver sunlight in your hands/ Call for me to set me free/ Lift me up and take me where I stand. Já a moça da canção bem que poderia ser parente da musa inspiradora de "She’s a Rainbow". Não querendo usar a expressão clichê, a já a usando, é a típica faixa de "levantar estádio", como foram antes "The Hindu Times" ou "Go Let it Out. Em "Love Like a Bomb", uma espécie de valsa folk, a voz de Liam está diferente. Quem toca piano é Martin Duffy do Primal Scream.
Noel retorna em "The Importance of Being Idle", título que brinca com Oscar Wilde. A música varia tempos de fox-trote com bolero.

Obra-prima: um pequeno tratado sobre o ócio, de letra deliciosamente irônica: "me dê um tempo, todo homem tem limite, voc6e não consegue uma vida se seu coração não está nisso, não me importo, enquanto houver um leito sobre as estrelas que brilham, estarei bem". "The Meaning Of Soul", já conhecida dos que ouviram a apresentação do Oasis no Glastonbury em 2004, tenta ser um bluescore ou, nas palavras de Noel, "soa como Elvis cheio de crack. "Zak a tocou numa caixa de Weetos com duas colheres de madeira", diz o guitarrista. Para ele, seria Stooges tocando Elvis. Talvez seja Oasis mesmo. Descontando a furibunda harmonica no fim, inimaginável num disco do Oasis, até então.

"Part of The Queue", puro Noel Gallagher. Outra novidade de Don’t Believe The Truth, de sonoridade inusitada. É quase um duelo entre violão e bateria, outra diferente de tudo o que poderia ser taxado como Oasis. "Keep The Dream Alive", no entanto, é tão familiar quanto possa parecer. Lembra algum lado B da banda, daqueles que realmente não soam como lado B. Liam soa como o velho Liam de sempre. "A Bell Will Ring", que segundo Noel soa tão parecida com a fase "Revolver "dos Beatles que seria até possível emendá-la com "Paperback Writer". Senão, no fim, pegue o mote e cante você mesmo de memória: "Dear sir or madam will you read my book it took me years to write, will you take a look?"...

"Guess God Think I’m Abel" pode parecer como um chiste, ou um enigma. Liam usa a m,etáfora para pagar o preço por ser o irmão mais novo: "You could be my enemy/ I guess there's still time/ I get round to loving you/ Is that such a crime?". Já "Let There Be Love" poderia ser "Champagne Supernova", mas não é: até a coda provoca uma lembrança. Poderia ser uma outra "Stop Your Criyng Your Heart Out". Soa como uma daquelas baladonas do John Lennon carreira solo. Mas é melhor sendo ela mesma, e é ótima para terminar um disco. Como aconteceu em 2002, as faixas do novo disco também vazaram indiscriminadamente pela Internet afora.

A diferença é que, se antes, os usuários do Napster tiveram os seus acessos bloqueados, hoje isso se faz sem maiores problemas e deliberadamente. Não são poucos os blogs e sites que espocam pela rede com faixas. O curioso nisso tudo é que o mesmo Noel Gallagher que, à época, disse que isso tirava a "magia das músicas", hoje pensa diferente. Quer lançar o próximo álbum na rede. Mesmo distante dos tempos gloriosos de Deninitively Maybe (1994) e What’s The Story Morning Glory (1995), o Oasis fez um trabalho com luz própria. Comparações à parte podem ficar à cargo dos puristas de plantão. O resto é o bom e velho rock, ou o que ainda resta vivo dele. Mas Noel disse que, se criasse a sua obra-prima, o Oasis terminaria: quem não deve acreditar na verdade?

Piadas na Argentina

— Brasil x Argentina é o Tango da Morte Anunciada ou o Samba do Criolo Doido?
— Maradona virou tiete de Ronaldinho Gaúcho. Será que isso significa que os nossos negros são melhores que os brancos deles?
— Se Pelé é Rei e Maradona é Deus, o que sobra para Ronaldinho, Ronaldo e Robinho?
— Eles falam em Dream Team da Seleção Brasileira. Mas nós estamos desfalcados. Já pensou se o Grafite começa a partida?
— Depois que tiver uns 3 x 0 para o Brasil vai ter argentino pedindo substituição no Brasil ou asilo esportivo.

Friday, May 27, 2005

A Pena da galhofa e a tinta da melancolia

Vocês conhecem o Eduardo Bueno, o Peninha? Pois ele está lançando o livro 'Grêmio - Nada pode ser maior', pela Ediouro Publicações, com uma noite de autógrafos. Será no dia 1º de junho, às 19h, na Saraiva Mega Store, do Praia de Belas Shopping Center (Avenida Praia de Belas, 1181 - 2º piso).

Em 2004, o também escritor e jornalista, Luís Fernando Verissimo, havia lançado o seu, pelo mesmo projeto da Ediouro (Camisa 12), intitulado ‘Internacional – Autobiografia de uma Paixão’.

Quem ainda não leu nenhum deles, recomendo ambos. Sobre as duas obras, para quem sabe do despeito recíproco entre gremistas e colorados e a eterna rivalidade da dupla Gre-Nal, é
impossível não traçar paralelos entre ambos.

No caso do Luís Fernando, foi um ensaio onde ele pôs muito do elemento afetivo dele com o Inter, uma obra típica de um homem da índole e da idade do Verissimo. Uma crônica de saudades, mas também quase um necrológio. LFV faz uma narrativa proustiana: fala da confusão de nomes de sua avó e do lateral do Inter e do cheiro da grama dos Eucaliptos, e toda essa confusão de odores e de nomes é a sua recherche particular.

Tão proustiano quanto isso, está no ponto negativo onde ele é a prova da passagem do tempo. Mais que odores e nomes, é uma nostalgia maior que a paixão que brota das páginas do livro dele. Eu particularmente fiquei com a sensação de que o Inter é algo que passou para o Verissimo, o resto é um imenso e silencioso anti-clímax. Ele mesmo usa essa expressão: anti-clímax. Brinca que, s eo Ibnter ganhasse mais títulos, ele acabaria viciando demais. O Inter dele começou em 1946 e terminou em 1979, nos festejos do tri brasieiro. Um frio observador objetaria que o colorado não foi além disso depois daquele ano. Talvez a falta de ambição do clube (que não ganha títulos de expressão desde 1992, o que explica em parte a brevidade do ensaio) tenha afetado a paixão da sua autobiografia.

Já o Eduardo Bueno, que é um compilador de histórias nato, resolveu contra-atacar: quis fazer do livro uma cruzada um tanto sintomática, ainda mais pelo fato de que o clube dele está amargando uma doce e cálida segundona e, devido aos frouxos de riso de (quase) toda a crônica esportiva a respeito das peripécias do Grêmio nos últimos tempos, ele resolveu dar vazão ao seu estilo historiador gonzo e fazer um amálgama de grande reportagem entronizada à altura de mito. O que o intuitivo Peninha fez foi transformar todo o sentimento que os torcedores nutrem a respeito do Grêmio "copeiro", "cosmopolita", "peregrino", "viril", de "alma castelhana", enfim, todos os mitos fundadores do futebol gaúcho e fundiu tudo naquela tese furada, misturando alhos com bugalhos, usando naturalmente outros mitos, como o do cavalo no obelisco.

Mas se o Verissimo pôde fazer do seu livro uma espécie de acerto de contas com o Inter de suas memórias e saudades, o sintomático Eduardo Bueno resolveu fazer do seu volume uma blague, uma arrogante jihad contra tudo e contra todos. É a pena da galhofa do Peninha contra a tinta da melancolia do Verissimo. Nesse aspecto, ele foi mais autoral que o seu amigo tricolor. Tanto que muito da história do Inter cruza com a biografia do Luís Fernando, da avó que não jogava na lateral ao apelido de "mandarins" à patota do Aldo Dias Rosa, que tudo sabia, mas nada mandava e o antológico jantar com o Figueroa, regado à vinho tinto e à Pablo Neruda.

Sintomático porque o Peninha quis delimitar com perfeição a virtú gremista. Nada mais sintomático do que a primeira frase do livro: futebol-arte é coisa de veado. Parece que é preciso se posicionar sexualmente. Nesse caso, Mário Sérgio foi definido como "ex-bailarino". Futebol é feio, feíssimo, de muita retranca e bola quebrada numa partida ganha de um a zero embaixo da chuva (já nesse caso nunca o futebol gaúcho num foi tão macho quanto nos últimos tempos).
O Grêmio centauro, charrua, gaudério, etc, etc. O mito do Grêmio maragato, anti-imperial, farroupilha. Um Grêmio de literatura de cordel. O Grêmio é diferente porque é diferente, é Grêmio porque é o Grêmio, está na segundona porque é o Grêmio e a história não acabou porque só vai acabar como Grêmio no topo do mundo outra vez. Como se vê, e uma tese irrepreensível. O Eduardo Bueno, como marqueteiro e pseudo-cientista que é, fez justamente o jogo do leitor, entrou no pensamento da torcida, escreveu ali exatamente o que todos os gremistas pensam (e, de certa forma, o que o olhar estrangeiro também corrobora) . Se o Verissmo foi o cronista do Inter, Peninha foi o evangelista do Grêmio.

Pelo menos, a despeito da rivalidade clubística de ambos, em matéria de bola na trave, Peninha e Verissimo se equipararam. Este declarou a morte do glorioso Cruzeirinho de Porto Alegre. Não, Luís Fernando, o Cruzeiro existe, e estava disputando a segundona Gaúcha. Ele também não tinha certeza se o Inter teria recebido a vaga para o Brasileiro de 1979 do Juventude ou do Esportivo. Foi do Esportivo, Verissimo.

Já o Peninha, além de toda a barra que ele forçou no livro, ele conseguiu inventar que Elis Regina, era supostamente namorada do meio-campista do Grêmio Gessi Lima, havia defendido "uma canção de Edu Lobo" em 1968, no mesmo ano do hepta tricolor. Prá começar, ela defendeu "Arrastão", sim, mas foi no Festival de 1965. E quando o Grêmio foi campeão em 1968, Gessi não estava mais no Olímpico. A história entre ele e Elis (compilada de A História dos Gre-Nais) ocorreu muito, muito antes, nos áureos tempos da ‘pimentinha’ no Clube do Guri. Peninha explica a forçada de barra: segundo ele, é a "história do meu Grêmio, do que ele significa para mim".

Pelo menos, o Peninha ganhou o Gre-Nal (ou Gre-Pal) dos livros num aspecto. Acho que ele conseguiu aprender alguma coisa sobre futebol. Ou não: torcedor torcedor mesmo não torce para o time, torce pelo clube. Aquela história de dedicar o livro aos "volantes de contenção" é estulice. O Peninha não diferencia um centromédio de um ponta-esquerda. Mas o livro dele é excelente. Vale cada um dos trinta contos. E a torcida do Internacional, que certamente não gostou muito da forma debochada com que ele se referiu ao arqui-rival, já sabem: podem reclamar pessoalmente com ele, 1º de junho, às 19h, na Saraiva Mega Store, do Praia de Belas Shopping Center...

Não gosto de cinema, porém...

Para quem não viu "A Vingança dos Sith", o ingresso vale o desempenho nde Ewan McGregor imitando os trejeitos do Alec Guiness do Episódio IV. Cavaleiro Jedi com sotaque britânico é o que há de anacrônico na série. Sem falar dos bombardeios intergaláticos no váculo. O curioso é comprarar as suas trilogias e perceber que existe uma diferença estética do que se pensava como ficção científica - um ambiente hospitalar nos interiores na primeira trilogia - para a estética barroca, apocalítica, quase rococó.

Mas vamos ao que interessa. "Star Wars" é mitologia pura. a despeito do que todos enxergam sobre efeitos especiais, a história remonta à mitos antigos. Como no ciclo arturiano do Graal, toda a história gira em torno do mundo da Távola redonda, e Artur não é o personagem principal sempre, mas é é o central. Como Anakin/Vader, a história começa com ele e termina com ele. Pura mitologia levada às telas numa roupagem tecnológica.É uma saga, isto é, a história de uma genealogia, com um fundo de tragédia, a degeneração do caráter de um homem escolhido como o maior, o escolhido, e a sua redenção pelo filho, através do Édipo, do complexo.

O filho mata o pai, e o pai morre porque o único que poderia matá-lo era o filho. Ele fez cumprir o destino (moira) que lhe erra fadado desde o começo.Além do mais, a história da primeira trilogia (a parte de Uma Nova Esperança) é adaptado de "A Fortaleza Escondida", de Akira Kurosawa, onde um guerreiro leva secretamente uma princesa por um território inimigo até o seu país.A catarse dos fãs de Star Wars é a catarse do espectador em desvendar as tragédias da saga, a anunciação do escolhido, a queda de anakin e a redenção pela vitória do filho sobre o pai."A Vingança dos Sith" é trágico. Anakin/Vader é trágico. O herói trágico é, segundo o Voltaire Schilling (que também escreveu sobre o tema embora acredito que não goste muito de Star Wars), uma figura radiante, um vencedor que está no esplendor da vida, usufruindo dos feitos das suas armas, envolto numa auréola de glória quando, repentinamente, vê-se vítima de uma alteração brusca do destino.

Um acontecimento sensacional, terrível, sufoca as suas alegrias, conduzindo-o à desgraça, arremessando-o ao mundo das sombras.Anakin é a tragédia da fraqueza., Ele cai em desgraça porque tem medo, e sabe disso. Tem medo de perder sua concubina (Padmé) e se entrega com resignação como vassalo do Imperador. "Para poder-se dizer que um espetáculo é uma tragédia é preciso que ele apresente certas características facilmente identificadas pelo público", diz Schilling. "Em primeiríssimo lugar, deve revelar a dignidade da queda. O herói é sempre uma figura reconhecidamente grande, importante, que consegue manter a integridade moral quando as coisas desandam ao seu redor". O seu halo trágico reside na magnitude da queda.

Ele cai de "um mundo de segurança e felicidade, que se vê ilusório, para as mais profundas das misérias". Anakin resigna-se em sua descida, e curiosamente, Vader nasce junto com a sua prole. O que emerge da luta quase parental entre Obi-wan e Anakin é o ser despedaçado que anaquila a sua personalidade recalcada pela figura sanguinolenta de Darth Vader, um bandoleiro do espaço, facínora, infanticida e poderosamente covarde.A tragédia não é o Fado, mas sim a falta de solução. Não há outra saída do que aqueladeterminada pelos acontecimentos que vão se descortinando frente ao herói. Anakin sabe que vai perder sua mulher, como perdeu a mãe, e Padmé era o equivalente emocional de sua figura parental. Perdê-la significaria o fim absoluto. Vader é a morte quase absoluta desse herói original, que não morre por completo porque, como disse Aristóteles na Poética, o personagem trágico não é nem demasiadamentebom, nem mau.

Tanto que a parcela do homem anterior que preexistiu à Vader é aquele que não pôde matar o próprio filho. Qui-Gon estava certo quando disse que Anakin iria trazer equilíbrio à Força porque de sua própria descendência nasceria aquele que seria capaz e tão somente capaz de vencê-lo. Não haveria o filho sem o pai.O Jedi, por sua vez, é o protótipo do homem estóico. Anakin era tinha o poder mas era passional demais. A mesma doutrina estóica explicava todo o dano que a paixão humana provocava e (seguindo o Voltaire) o desespero que acomete aqueles que se deixam guiar por elas ao não saberem impor limites ao ardores do coração, submetendo-o aos poderes da lógica.

O resto é ficção-científica.

Wednesday, May 04, 2005

Sinto falta do Obino

Este ano teríamos ouvidos estas pérolas se Obino ainda fosse o presidente:
– "Temos um Leão no buraco do amor", sobre a contratação de Hugo de León.
– "Temos o uniforme mais bonito do mundo e o melhor saite do Brasil".
– "O Escalona vai ajudar o Grêmio nesta escalada que é a segunda divisão", quando da contratação do lateral esquerdo chileno.
– "O Ânderson é um patrimônio do Grêmio, só vendemos com o consentimento do conselho", depois acontece o mesmo que aconteceu com o Luís Mário, o Marinho, o Adriano, o Fábio Baiano e outros que foram embora e o Grêmio não viu nem um tostão. Não falo no Ronaldinho porque era outro o presidente.
– "O nosso centroavante é o Nigéria (Somália) e não falamos mais nisso", na sua mania de trocar os nomes dos jogadores.
– "Vamos de Brigadianos para cima deles", ao confundir a dupla Pedro (Júnior) e Paulo (Ramos).

Wednesday, April 27, 2005

Troféu Maria Antonieta

Me lembro quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso disse que aposentado era vagabundo. Claro que ele não disse que aposentado era vagabundo, mas sim que, quem se aposentava sem motivo aparente, seria uma espécie de vagabundo. Não sei se foi isso bem o que ele quis dizer, claro, mas todo mundo entendeu que aposentadoria era coisa de vagabundo, era uma espécie de blague aos prontos da terceira idade. Foi um vagabundo carinhoso.

E as pessoas não entenderam o que o presidente quis dizer, em sua briosa e furibunda catilinária contra a vagabundagem. A frase, a despeito do seu real significado, ganhou merecidamente o troféu Maria Antonieta de declaração mais infeliz da década. Mas o que os idiotas da objetividade não entenderam foi que ele disse apenas isto: para quê se aposentar se você pode morrer trabalhando? Falou a voz da experiência. Afinal, ele era senador da República. Um senador pode morrer trabalhando dignamente — embora ganhando muito mal, como todos.

Claro que eu não me preocupei com essa potoca. Afinal quando FH proferiu esta libelo ao trabalho, eu eu era um pobre e imberbe estagiário gauche na vida, vivendo numa maré de mijo inominável e interminável: desempregado, na rua da amargura, vivendo de despejo em despejo, descornado, sem dinheiro e com o meu time caindo pelas tabelas. Logo, não iria me preocupar com essa polêmica: afinal, havia muito ainda o que correr de vaga em vaga até conseguir — quem sabe um dia — um emprego estável, uma vida digna com uma mulher bela, simpática, afável, caseira, com filhos ao colo e — é claro — um troféu no armário.

O tempo passou, e o presidente hoje é outro. Esta semana, ele resolveu também concorrer ao Troféu Maria Antonieta. Disse: "o brasileiro não levanta o traseiro do banco ou da cadeira para buscar um banco mais barato". O presidente está certo! Esta é uma pátria de vagabundos! Não querem achar o banco mais barato, querem se aposentar antes do tempo. Vocês não têm, vergonha, seus vagabundos! As armas, cidadões! O que importa não é o que o País pode fazer por nós,mas sim o que nós podemos fazer pelo País! Quem for brasileiro que me siga! Eu continuo desempregado, na rua da amargura, vivendo de despejo em despejo, sem dinheiro, descornado — embora o meu time tenha se classificado para a segunda fase da Emídio Perondi, atrás do Guarani.

Mas não tem problema, não! O Lula tá certo! Tem mais é que tirar o traseiro do banco! Onde já se viu, bando de vagabundo! Eu não tenho dinheiro, mau cartão foi cancelado, estou devendo uma frota de táxi em dinheiro para cobrir o buraco da conta corrente, mas se ninguém quer mudar o Brasil, eu quero! Fora Banrisul! Bank Of Boston, aqui vou eu!

Tuesday, April 12, 2005

Diferenças entre os continentes

Na América, mais precisamente no Brasil, se comemora o nascimento do filho do Luciano Huck e da Angélica, além da gravidez da Cicarelli, que parece estar esperando o Mc Donalds, o irmão do Ronald, ambos filhos do Ronalducho. E na Europa só se ouve falar em mortes. Primeiro foi o Papa que abotuou, depois o "Príncipe Encantado" de Mônaco, que papou uma atriz belíssima de Hollyhood, a Grace Kelly, e o pai dela, quer dizer, mordeu o bolso do velho Kelly e conseguiu um dote de milhares de dólares para salvar o principado. Como já dizia Mel Brooks: "It's good to be The King". E tem o outro príncipe, que não morreu, mas era como se tivesse morrido. O tal Charles casou com a mulher mais feia da Inglaterra, depois da esposa do Nigel Mansel segundo Nélson Piquet, que nem a Rainha quis comparecer ao casamento. E para completar, Charles resolveu ir para a Escócia para poder usar saias. Acho que o marido é ela!!

Friday, April 08, 2005

PPP* I: O bêbado da Caixa

(* Pérolas da Publicidade e Propaganda)

Sensacional o comercial da caixa. Sério. Quer coisa melhor do que um coroa que se transforma que nem a Mulher-Maravilha e ainda por cima, numa típica atitude cachaceira enxerga dois gerentes e ainda estende a mão pra cumprimentar o errado?

Fala séééééééééério.

Thursday, April 07, 2005

Michael Jackson, o papa

Dizem em bocas miúdas em LA que Michael Jackson viajará para Roma nos próximos dias. Além de assistir ao enterro de João Paulo II, o astro pop quer participar das eleições para ser candidato a papa. Ele já tem até o slogan da campanha: "Deixar vir a mim os pequeninos". Será o Papa das crianças e o primeiro papa transgênico do mundo.

Outros papáveis:
Lula – é candidato mas não é católico, segundo o cardeal.
Miss Graziele BBB – É papável e apalpável. O BBB significa Bunda Bela e Boa.
Rubinho – É candidato mas deve chegar em segundo.
Humberto Gessinger – Tive que colocar o nome dele por exigência do Rafael Sirangelo. Ele que explique.
Dado Dolabela – Esse já é papa, papa todas as atrizes da globo.
Rafael Rossatto (Ex-BoB) – Ele quer papar todas mas ainda é aprendiz.