Sunday, May 04, 2008
Furo de Reportagem de O Pato Macho
Depois da última partida realizada em Ivoti, o Grêmio ficou impressionado com o futebol do meia Banana. O diretor executivo Rodrigo Caetano entrou em contato com a diretoria do time amador e pediu prioridade para a contratação do meia. Entrevistado, Caetano destacou as qualidades do jogador: "O Banana tem um bom passe e o time vai precisar de jogadores desse quilate para a disputa do Campeonato Brasileiro, pois temos poucos meias de qualidade no grupo. O Celso (Roth) já me pediu reforços e estamos em busca de revelações do futebol nacional". A negociação não evoluiu e a reportagem procurou o presidente Paulo Odone: "Banana? Para quê? Já temos um no banco de reservas", garantiu o dirigente.
Friday, April 25, 2008
Thursday, April 24, 2008
Wednesday, April 09, 2008
Dancing With Mr. M (ick)
Faça como eu: passe numa liquor store, pegue uma garrafinha de uísque – pode ser qualquer marca - tome umas quatro cervejas antes (pra calibrar, mas não almoce, vá entornando de barriga vazia, só misture um aperitivo, bom, você sabe como é a manha) e vá assistir ao Shine A Light, dos Rolling Stones. De preferência, escolha uma sessão vesperal (a velha matinê), aquela básica, das 16 horas.
Me senti proustianamente o adolescente vagabundo dos seus 17 (nisso eu posso provar que não mudei), no tempo em que a gente lotava sessão de cinema para ver coisas como o Doors do Oliver Stone, em sessão da meia noite, no Vitória, lotada de freaks e junkies, como naquelas sessões aqui no ABC, com filmes tipo Gimme Shelter ou o Rock Remains The Same. Esqueça DVD. Isso não presta. Ver na telona é inexplicável (inefável), melhor, só ao vivo, e na primeira fila - e tem horas que você esquece que tá no cinema, esquece de tudo. Não existe mais audiência como antigamente prá cinema, já que gente como eu está em rápida (auto) extinção.
O que me chamou a atenção: o grau fundo de garrafa do óculos do Scorcese, esqueceram de colocar a bateria em She Was Hot, e aquela platéia parecia a do Viva a Noite. Tinha umas minas ali na primeira fila que nem sabiem quem era o Buddy Guy, quando ele apareceu no palco para tocar Champagne and Reefer.
Aquela parte do Keith de capote fumando bagaraio e cantando a media luz You Got The Silver, fantástico! Parecia um pau d’ água que cataram na rua (a voz detonada pelo goró e pela nicotina ainda agüenta o vibrato) para fazer uma participação especial E fantástico foi ver Far Away Eyes ao vivo (o refrão eu cantava junto a plenos pulmões, haha), ficou linda, linda, e o Mick arrancando um dó e um sol na guitarra, sempre que ele aparecia com o violão ou com a guitarra eu me empolgava. Some Girls ficou legal ao extremo - aliás, falando nisso, eles colocaram 4 desse (underrated)LP no show, excelente AO EXTREMO.
Quase pedi para o tio do projetor passar de novo Live With Me (e botar na pausa para eu ir no Nacional do Praia de Belas pegar um kit de Budweiser gelada para depois voltar à sessão), até agora eu não acredito que eu vi aquilo. E o Jack White com o Mick (Loving Cup, do Exile)ficou muito legal, o cara só pareceu meio assustado de dividir o primeiro plano do palco com o Jagger. Qualquer música do Exile ao vivo é 100%, e eles tocaram (com o Bobby Keys, outro remanescente das históricas sessões da Riviera Francesa) 4 do Some Girls, inclusive a citada Far Away Eyes), que matou a pau. O Scorsese pegou o mesmo lado irônico daquels entrevstas antigas dos Stones, quando o repórter designado ou vinha com as mesmas perguntas de sempre ou não sabia quem era o entrevistado (funcionou melhor no No Direction Home, mas...).
Dessa parte residem as partes mais engraçadas do filme:
Repórter: Qual é a pergunta que mais te fizeram para você nesses últimos anos?Keith: Essa que você acabou de fazer, rá, rá.
Repórter: o que você faria se não fosse o Mick Jagger?
Mick Jagger: Eu seria outra pessoa.
Ponto negativo do filme foi a participação nada especial de Bill Clinton – totalmente desnecessário. Mick, que é um gentil-homem(ao extremo), se submeteu a dar três beijinhos até a sexta geração da família do ex-presidente norte-americano, que ainda abre o show para eles. E não cantaram Shine a Light ao vivo...
Pontos positivos: músicas que apareceram ao vivo pela primeira vez ou que não eram tocadas no palco há muito tempo, e que ficaram melhores que as originais, como She Was Hot. E uma tecnologiia nas câmeras (IMAX), que faz closes de áudio. Se a câmera foca um riff do Keith ou um crash do Charlie, a palhetada ou som dos pratos também entram em primeiro plano.
Keith só não roubou toda a cena (Keith distribuindo palhetas como um pastor demoníaco fazendo uma eucaristia profana ou enfiado num capote como um presbítero de filme de faroeste fumando feito um pai de santo, enquanto o Ronnie fazia a slide de You Got The Silver) porque a Cristina Aguilera e a Lisa Fischer comandaram, cada uma à sua parte, o show. A segunda sacudindo os peitos em She Was Hot e a primeira dando e levando encoxadas do Mick, valeu o ingresso – e principalmente o úisque barato, tudo isso enquanto Deus abençoava os pântanos e as tardes vadias.
Tuesday, April 08, 2008
Sunday, April 06, 2008
Tuesday, April 01, 2008
De Primeira
Moléstia escala o time do Inter para as semifinais
Na reta final do Gauchão, doença misteriosa será responsável pelo desfalque de até cinco jogadores do Inter
"Aqui, até a virose é A", rá, rá, rá, disse Píffero
Saul Lisboa/Especial para o Pato Macho
A virose vai moldar o escrete colorado para a reta final do Campeonato Gaúcho. Uma doença rara, que só ataca jogadores quebradores de bola, atingiu os lados do Guaíba. Com ela, atletas da estirpe de Edinho e Wellington Monteiro estão afastados das quatro linhas de campos de futebol por tempo indeterminado e impedidos de jogar futebol por um ano. A doença é a a Brucutite A, e é transmitida pelo vírus Brucutus Cocitococus.
Sinistro
Outros quatro jogadores e um aspone, porém, apresentam os mesmos sintomas da virose e deverão ter a confirmação de seus exames ainda hoje. Além deles, o lateral Ramon e Maycon estão afastados e ficarão de fora da fase final do Gauchão. O caso mais grave é de Edinho, o mais atingido pela sinistra moléstia, e que pode vir a ser sacrificado nas próximas horas.
- Eles estão em observação e continuarão afastados por cerca de três meses. O tratamento é treinar passe e cruzamento dia e noite e realizar uma imunização racional, numa relax, numa tranquila, numa boa, como diria o Tim Maia, huehuehue - explicou o diretor médico do Internacional, Paulo Rabello.
Estádio foi vistoriado
Técnicos da equipe de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde estiveram ontem no Beira-Rio para fazer vistorias nas dependências do clube.
Foram analisadas as instalações do refeitório e do vestiário. A partir de amanhã, serão feitas visitas aos jogadores com os sintomas. Hoje, a Vigilância Sanitária fará uma coleta da água ingerida e utilizada pelos atletas.
- Por enquanto, está tudo dentro da normalidade. Depois juntaremos os dados para tentar encontrar o que causou a contaminação - afirmou a equipe de vigilância de alimentos da Secretaria Municipal de Saúde.
Como é do seu feitio, o presidente do Inter, Vitório Píffero, desdenhou os problemas efrentados por seu clube a partir de agora e ainda aproveitou para tocar uma flautinha nos azuis. Primeiro, falou que a Brucutite vai acabar com as dúvidas (certezas?) do treinador Abel Braga para montar um meio-campo racional, nas próximas rodadas. E depois, bonachão como sempre, ele disparou:
- Pelo menos, aqui, a visose é A. B é do outro lado da José de Alencar.
Com o raro e curioso surto, cujo foco seria em algum insidioso lugar no Rio Grande do Sul, atletas do Guarany de Bagé e do XV de Novembro de Campo Bom estão em alerta e podem ser isolados e colocados em quarentena nas próximas horas.
Monday, March 24, 2008
E por aqui querem tirar a cerveja nos estádios

Mas fica uma pergunta: Será que a cerveja fica choca depois de alguns chutes?

Homem se prepara para participar do campeonato de chutar barris de cerveja, em Hallaton, região central da Inglaterra. O jogo é disputado na divisa com a cidade de Medbourne na segunda-feira após a Páscoa. O participante deve tentar chutar o barril através de um rio que separa os municípios. Segundo as regras, o recipiente deve conter 1 galão de cerveja
Tuesday, March 18, 2008
Thursday, March 13, 2008
Pirulito & Sabonete
- E o Carrossel do Inter, que tomou três do Juventude?
- Como dizia o Machado: é melhor cair das nuvens do que cair de um quarto andar...
Monday, February 18, 2008
Onde nenhum presidente jamais foi


O presidente Lula não só viajou mais que Fernando Henrique Cardoso como também foi a lugares nunca dantes ido. Agora, foi a vez do dono do Aerolula visitar a estação Comandante Ferraz no continente Artártico. Sua primeira frase foi: "Companheira Marisa, aqui que é feita aquela cerveja que eu gosto tanto".
Em todos os lugares possíveis, Lula esteve. Onde não pôde ir mandou o astronauta.
Thursday, February 14, 2008
Friday, February 08, 2008
Você ainda vai ter um...
CAIXA DE ISOPOR DE 24 LITROS: R$ 15,00
DUAS CAIXAS DE CERVEJA CARLSBERG DE POSTO DE CASOLINA: R$ 45,00
CARTÃO CORPORATIVO DO GOVERNO NO BOLSO DURANTE O CARNAVAL: NÃO TEM PREÇO!
Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe o Erário!
Tuesday, January 29, 2008
O Gênio da Sátira
Num 29 de janeiro de 1895, nascia Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (ídolo, MITO!), o Barão de Itararé – o gênio da sátira e patrono do humor em terras brasileiras.
Ainda no Sul, passou a se dedicar ao jornalismo. Com a experiência adquirida em sua terra, Aporelly (como costumava abreviar seu nome) se mudou para p Rio. Começou no Globo, depois passou para A Manhã, este que o inspirou a criar a antológica A Manha, “órgão de ataques...de riso e quinta-feirino", mas que, no entanto, só saía às sextas. A publicação, que marcou época na imprensa brasileira, durou até 1946, quando fechou, por problemas financeiros. Mas deixou a série de Almanhaques, que você deve ler. A edição de 1955 foi reeditada em 1989, porém infelizmente esgotou. Não sei por que raios ninguém reedita esse que é o evangelho do humor brasileiro. Nem que seja para se dar umas boas gargalhadas.
A fama do Barão veio com a provocação com que, com engenho e arte, ele dispensava á ditadura Vargas. Foi quando resolveu entrar para a nobreza, ridicularizando todo aquele que se atribuíam imaginários títulos heráldicos – algo que era comum naqueles tempos. Se investiu como Duque. Depois, renunciou ao ducado e se proclamou barão, a despeito da “inversão nobiliárquica”. Surgui assim o Barão de Itararé, o Brando. Também se dizia o Brigadeiro do Ar Condicionado, ou os incontestáveis títulos na Praça.
Como era esquerdista ferrenho, era constanstemente perseguido pela repressão política. Acabou sendo preso inúmeras vezes. Numa dessas, o delegado então perguntou:
- Sou Aporely, o senhor sabe por que está sendo preso?
- Sei sim, por não seguir os conselhos da minha mãe.
Ante a surpresa do homem, ele continuou:
- É a que mamãe sempre me dizia para não tomar cafezinho, não era bom para a saúde, ela sempre me dizia. Razão tinha ela, veja o senhor. Era exatamente isso que eu estava fazendo quando o seu pessoal entrou no café e me prendeu.
Deixou várias máximas (ou mínimas, como ele dizia):
Milagre de santo não faz casa.
De onde menos se espera, é daí que não sai nada.
Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.
Quem empresta, adeus...
Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
Quem só fala dos grandes, pequeno fica.
Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de . .
Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).
Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.
Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
Os juros são o perfume do capital.
Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.
Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.
Cobra é um animal careca com ondulação permanente.
Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.
A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.
Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.
O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.
Mulher moderna calça as botas e bota as calças.
A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
Pão, quanto mais quente, mais fresco.
A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.
A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.
Monday, January 28, 2008
Da série "Contos de Verão"
Gostava de provocar o amigo com essa história: abandonara a mulher e a trocara por uma boneca inflável
O Miranda se espantou:
— O quê? Mas você está maluco?
Guedes riu:
— Maluco nada. É isso aí, meu filho.
Ele foi dizendo: “não, isso é coisa de maluco, quem faz dessas coisas é maluco, é completamente maluco”. Impressionado, Guedes dava frouxos de riso. Gostava de provocar o amigo com essa história: abandonara a mulher, e a trocara por uma boneca inflável.
— Porra, mas boneca inflável, Guedes??? Isso é golpe baixo!
Ele ria, mais à medida em que se encharcava de cerveja. Dizia que aquela reação dele era normal, a princípio. Explicou que podia ter as mulheres que quisesse, que poderia fechar todos os cabarés da cidade com o salário que recebia como ascensorista da Assembléia, afilhado de deputado. Mas podia usar e abusar de uma boneca inflável.
— Eu não sabia que você era um desses, não imaginava que você chegasse a esse ponto tão vil, tão grosseiro, de se entregar com tanto cinismo a tamanho ato de fetichismo!
Guedes ria. Ria, como um vilão de filme mudo. Só faltava as olheiras de rolha queimada. E descrevia os detalhes da tal boneca, com frieza naturalista:
— Ela pode ter cabelos castanhos, louros, prateados, pode ter pele morena, escura, alva, pode ter uma língua pegajosa de três metros! Você pode fazer o que quiser com ela, olhos postiços, cílios postiços, pele cheirosa, com textura de pêssego, e unhas pintadas de vermelho, de vermelho, ouviste? Vermelho!
Miranda resolveu não levar a sério. A certo ponto da discussão, decidiu concordar com tudo o que seu amigo dizia. Afinal, não se pode destratar um bêbado. E, afinal de contas, queria bem ao Guedes que, na verdade, não passava de um estafeta de deputado. Claro, tinha os seus arroubos de sapiência, mas no fundo, era um simples. Era aquele tipo de sujeito a quem ele tinha apreço, mas sabia de suas limitações. E achava que, naquele estado de embriaguez, ele poderia estar apenas vazando algum espírito de porco que, como ele entendia, todos tinham em seu íntimo. Porém, ficou estacado com a tal hipótese da mulher de plástico.
Ainda mais quando rompeu com a noiva. Foi um displante! Depois de dois anos, trocado por um mecânico, um braçal! Sua mamãe o consolava: “as mulheres de hoje não prestam! As mulheres de hoje não prestam para nada, não sabem nem esquentar água, só pensam em adultério!”. E repetia, com o olho rútilo e lábio trêmulo: “Adultério!”. Ele encheu a cara; disse: “porra, eu não mereço uma porra dessas, é injustiça, mas que porra, porra”. E pensava no seu pobre e cálido amigo estafeta da Assembléia. Apesar do nojo, do verdadeiro asco do naturalismo com que o cordial Guedes explicava os detalhes da boneca inflável, ele pensou consigo: “carambolas, eu vou arranjar uma boneca dessas”. Ligou para o amigo:
— Alô? — Era o Guedes, aparvalhado com a ligação em plena madrugada.
— Guedes — soluçava o desconcertado Miranda. — Desculpe estar ligando a estas horas, mas... como você falou da boneca...
— Que boneca?
— A inflável!
— Ah, o que tem ela?
— Não, eu queria saber onde consigo uma dessas...— respondeu, um tanto envergonhado.
— Porra (balbuciou, enquanto procurava o número do vendedor, em alguma página amarela de guia telefônico. Não do classificado do jornal)!
E deu o número.
Miranda pediu a encomenda por telefone. Queria total descrição. No fim do dia, apareceu o motoqueiro com a encomenda. Acostumado com esse tipo de entrega e adivinhando o que estava dentro daquela caixa, o moto-boy olhava para a cara tímida de Miranda, que assinava o papel da encomenda. O homem da motoca conhecia esse tipo de figura, é apenas mais um maluco. Largou um “há!”. Fechou o visor do capacete, deu de ombros, e foi embora.
Miranda leu todo o manual de instruções. Com dificuldade, abriu o pacote, desenrolou aquele espectro de gente. Encheu a boneca de ar, como se fosse um Gepeto pós-moderno. Ali estava ela, nuazinha, com a pele cheirosa e com textura de pêssego que seu amigo falara, seios generosos e bundinha arrebitada. Cabelinhos cacheados loiros, língua pegajosa, unhas vermelhas mas com um olhar meio paranóico. Sentiu vergonha daquilo. Meu Deus, não me reconheço, dizia de si para si. Precisou tomar um trago para se desanuviar da timidez de estar com a boneca inflável. Duas, três, quatro, enfim, várias doses depois, conversava com a boneca, revelava confidências! Dizia: aquela vagabunda da minha noiva não prestava mesmo! Aquela vagabunda! E o meu sogro era um filha da puta (sic). Então, a conversa ficou mais íntima. Ele elogiava os cabelos da boneca. Os olhos paranóicos dela.
Então, como estava escrito nos oráculos, se deu a conjunção. Miranda lambuzou-se da boneca. Ele experimentou um inefável prazer naquele corpinho macio e inerte. Ele se descobria ali um fogoso amante de uma mulher totalmente entregue aos seus ávidos desejos. Mas, no outro dia, acordou com uma ressaca incomensurável...
Olhava aquela boneca inerte. Meu Deus, eu sou um necrófago! Aliás, eu sou um necrófilo (não conseguia distinguir a diferença, de tão embriagado que ainda estava) de bonecas. Eu sou um doente (olhava-se no espelho, chocado com seu ímpeto). Um psicopata! Pensava em sua linda e compassiva noiva. Pensou na noiva. Glorinha. Glorinha! Meu Deus! Ela me abandonou! Por que, meu Deus? Por que me fizeste sofrer? E era um estuprador, um currador de bonecas! Se sentiu abjeto. Então viu que havia se transformado num necrófilo de boneca inflável! Teve um choque de realidade! Como pude? Como pude? Estava chocado consigo mesmo. E chorava. Chorava alto, chorava forte.
Mas, à medida em que o tempo passava, ele foi se acostumando com aquela boneca. Tanto que Miranda até entendia os pensamentos de sua amada. De repente, tudo se transformou naquilo: ele se acostumara totalmente àquele ser inerte, que o satisfazia a toda noite. Porém, nem tudo é para sempre. Certo dia, ávido de saciar sua lascívia, nosso herói forçou tanto a amante contra a ponta da cama que acabou furando-a. Furou a coitada da boneca. Ela saiu voando pelo teto do quarto, como se fosse uma cena de desenho da tevê. Foi parar em cima do armário. Perplexo, Miranda pensava: o que foi que eu fiz?? E agora?
E agora? Olhou pelo corpo da boneca, era um furinho no pescoço. O problema é que ele não sabia como consertá-la. Precisava de ajuda. Um borracheiro? Teria que levá-la a um borracheiro ou coisa parecida. Tinha um, de confiança, que arrumava os pneus do seu carro há mais de vinte anos, mas não tinha coragem de demonstrar que ele tinha uma boneca inflável.
Rodou quilômetros a fio, de estrada a estrada, a fim de encontrar um borracheiro distante, que pudesse entregar a boneca para consertá-la, mas sem deixar que a história se alastrasse. Imagine como é? Esse tipo de história sempre acaba vazando por aí, pode acabar virando coluna de site na Internet, tema de enquete! Achou um borracheiro num cafundó. Bateu a porta. Um velhinho atendeu. Era um velhinho. Não sabia por que motivo se sentiu aliviado em ver que o borracheiro era um velhinho, e que mancava com uma bengalinha, como o Mestre Yoda. Então, contou a sua triste história. O homem, do alto de sua sabedoria, sabia o que fazer, achou tudo normal, disse até que já ouviu falar de casos como o dele. E prometeu, com a mão posta sob uma Bíblia imaginária, que iria reparar o furo em dois dias, com sigilo.
Aliviado, Miranda voltou para casa feliz. Logo, logo, ele teria a sua amada boneca em seus braços, para todo o sempre. E sonhava. Sonhava com aquela pele de pêssego, aquela língua pegajosa, com aqueles olhinhos lindamente paranóicos e compassivos. O problema é que passou o prazo, e nada. Esperou. Talvez alguma coisa tenha acontecido, faltou matéria prima, talvez algum problema de agenda. Excesso de demanda de clientes. Mas passou seis, sete dias, uma semana. Duas semanas. A cada telefonema, o borracheiro de beira de estrada dizia que havia sempre algum problema. Miranda se inquietava. Não pode ser, não pode ser! Alguma coisa está acontecendo.
Irritado, Miranda foi atrás do homem de madrugada, em plena chuva. Chovia uma tempestade diluviana. Mesmo assim, ele se resignou. Foi até o cafundó: iria buscar a boneca de qualquer maneira. Desceu do carro, a chuva estava cada vez mais forte. Bateu a porta uma, duas, três vezes. Na quarta, de tanto bater a porta, eis que apareceu o velhinho borracheiro, de samba-canção cor-de-rosa, besuntado de suor, da carequinha às chinelas. Teve um pressentimento: aquele pulha estava usando a boneca! Aquele canalha! Filha duma puta! Não pensou duas vezes:
— Eu quero ela! Ela é minha! Ela é minha! Ela é minha!
Muito encabulado, e principalmente entendendo o desespero de seu cliente, o borracheiro foi buscá-la, no seu quarto. Lá do escuro, aparecia o espectro do homem carregando a sua amada amante. Bufando de raiva como um bode, Miranda agarrou a boneca inflável, escondeu-a sob a sua capa de chuva e retornou para o carro. Lá dentro, largou sua concubina de plástico no banco do carona. Dirigiu pela cidade por duas horas. Não trocaram palavras. Até que, numa sinaleira, teve um acesso de raiva! Um guarda-noturno o flagrou dando murros no volante.
— Fui traído por uma boneca! Traído por uma porra duma boneca!!! Fui corneado por uma merda duma boneca!
Entrou em casa, jogou a boneca no sofá. Atirou sua capa de chuva num outro canto. Começou a discutir furibundamente com a boneca inflável, que ouvia a tudo, fedendo a suor e ao Trés-Brut de Marchand do borracheiro.
Os vizinhos estranharam. O Miranda, logo ele, um tímido, discursava como um louco, de dentro do seu quarto-e-sala. A senhoria chamou a polícia. Aquela discussão iria terminar em sangue, coitada da pequena, esse homens são todos iguais! Muitos acordaram. Era uma discussão de uma pessoa só, com um tom de voz jamais ouvido antes. Isso sem falar do baixo calão. Logo o Miranda, um homem tão pacato, todos ouviam aquilo de longe, desconcertados. Logo, a polícia, chegou. Nem as sirenes conseguiram constrangem o aparvalhado Miranda, que tinha acessos, dentro do apartamento. Foram todos até a porta. O policial bateu uma, duas, três vezes. Mas o homem estava descontrolado. De repente, estava consumando algum assassinato. Todos estavam brancos, todos.
— Dá licença, madame, dá licença. — disse o policial, meio confuso com a situação, tomando distância no corredor, para arrombar a porta.
A porta abriu, com um grande estrondo. A cena era inacreditável. O coitado do Miranda, dando golpes mortais de faca de cozinha naquele fiapo de borracha com cabelos loiros e olhar paranóico, que fitava o teto do quarto-e-sala, como que sonhasse. Golpeava uma, golpeava duas, golpeava três, enfim, várias golpeadas com força, com um ódio iracundo, do pélago da sua raiva. Golpeava e chorava. Ninguém entendeu quando ele esfaqueava com raiva e chorando desesperadamente sobre aquela boneca murcha, aos berros surdos de “Cínica, cínica, cínica”.
Tuesday, January 15, 2008
Extra!
Britney Vai Virar Mulher-Bomba!
A cantora saiu com namorado usando seu vestido de casamento
Da Redação
Haja alcalóide na corrente sangüínea! Britney Spears contou a alguns amigos que vai comprar um poodle e se converter ao Islamismo, religião de seu namorado, o paparazzo Adnan Ghalib, segundo o site americano "Pop Crunch".
Em telefonema a um parente, a cantora pop contou que está muito apaixonada por Ghalib e que ele é a única pessoa que a entende. Ainda segundo ela, eles já estaria pensando em se casar, apesar de estarem juntos há cerca de duas semanas e de ele já ser casado com outra mulher.
Recentemente o casal foi flagrado em uma concessionária da marca "Mercedez-Benz". A cantora estava usando o mesmo vestido do seu casamento com o ex-marido, Kevin Federline, de quem se separou em 2006, e com quem tem dois filhos, Sean Preston, de dois anos, e Jayden James, de um.
Atualmente, ela pertence à religião Deu, é Amor.
Friday, January 11, 2008
FEBEAPÁ neles!
Uma história interessante dele envolve o Cartola: foi o Sérgio quem achou o nosso amigo Angenor, sumido de tudo e de todos, trabalhando de lavador de carros, e deu uma força para o autor de "Alvorada" retomar a carreira perdida. Outra é que o Ponte Preta ajudou o então paupérrimo Nelson Cavaquinho a mobiliar a casa dele. No antológico programa Ensaio, da TV Educativa (tem no You Tube, vale a pena vê-lo contando as histórias dos sambas!) o Nelson relembra o jornalista morto, quando falava da mobília: "quando eu olho para os meus móveis, eu me lembro do Sérgio Porto". Uma pena ter vivido tão pouco - morreu com 45 anos. quem passou os olhos nos três Febeapás fica imaginando o quanto ele não teria de material para destilar o seu sarcasmo sobre notas de jornal e as épicas bizarrices dos nossos políticos...
Aqui vão algumas das frases imortalizadas pelo criador do Samba do Crioulo Doido nas suas colunas em revistas e jornais como a Manchete, Tribuna da Imprensa, Diário Carioca e a Última Hora. Algumas já se incorporaram ao falar do brasileiro ("mais por fora que umbigo de vedete"):
"Ser imbecil é mais fácil".
"Mais monótono do que itinerário de elevador".
"Macrobiótica é um regime alimentar para quem tem 77 anos e quer chegar aos 78".
"Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói".
"Lavar a honra com sangue suja a roupa toda".
"Difícil dizer o que incomoda mais, se a inteligência ostensiva ou a burrice extravasante".
"Mania de grandeza é a desses suplementos literários que têm um aviso dizendo que é proibido vender separadamente".
"Se mosquito fosse malandro mordia antes e zunia depois".
"Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!".
"Esperanto é uma língua universal que não se fala em lugar nenhum".
"Quem dá aos pobres e empresta, adeus!".
"Levou um susto e ficou mais branco do que bunda de escandinavo".
"Ficou numa melancolia de pingüim no Piauí".
"Tirante mulher, a gente só deve recomendar o que experimentou e gostou".
"O terceiro sexo já está quase em segundo".
"Se a senhora está mesmo disposta a se despir de todos os seus preconceitos então porque não tira logo as calcinhas também?".
"Dono de cartório de protesto é uma espécie de cafetão da desgraça alheia".
"Minissaia é um traje que quando a mulher senta aparece o que a saia tinha obrigação de fazer sumir".
"Por mais eficaz que sejam os métodos novos de fazer criança, a turma jamais abandonara o antigo".
"A polícia prendendo bicheiros? Assim não é possível. Respeitemos ao menos as instituições".
"O rapaz era militar e Flamengo, portanto duplamente supersticioso".
"Quando o casal começou a dançar o chá-chá-chá Tia Zulmira disse que já conhecia aquilo, apesar de que, de pé, era a primeira vez que via".
"A dúvida dele não era a de que pudesse não ser um homem mas a de que talvez nem chegasse a ser um rato".
"Mais inútil do que um vice-presidente".
"Há sujeitos tão inábeis que sua ausência preenche uma lacuna".
"Pra não se sentir diminuído no meio dos amigos, confessou: "Não é pra me gabar não, mas eu também sou meio tarado!".
*"Era uma empregada tão perfeita que a patroa concordou em cozinhar para ela".
"Os valores morais são os únicos que conservaram os preços de antigamente".
"Ele tinha um medo terrível de se apaixonar pela esposa".
"Mais vale um filé no prato do que um boi no açougue".
"Quando estamos fora, o Brasil dói na alma; quando estamos dentro, dói na pele".
"Quando acabou aquele velório teve-se a impressão de que o morto ficou mais aliviado".
"Amor, dinheiro e lua, parando de crescer começam logo a diminuir".
"Nem todo rico tem carro, nem todo ronco é pigarro, nem toda tosse é catarro, nem toda mulher eu agarro".
"Coitado, freqüentou tantas noites de autógrafos que acabou alcoólatra".
"Se você não acredita que o reino do céu é aqui, repare então como os pobres de espírito se divertem".
"O cachorro abana o rabo quando quer agradar, a mulher, quando quer agrado".
"Mulher e livro, emprestou, volta estragado".
"O sol nasce para todos, a sombra pra quem é mais esperto".
"Era desses caras que cruzam cabra com periscópio pra ver se conseguem um bode expiatório".
"Televisão é uma máquina de fazer doidos"
"Homem que desmunheca e mulher que pisa duro não enganam nem no escuro".
"O melhor da televisão é o botão de desligar".
"Política tem esta desvantagem: de vez em quando o sujeito vai preso em nome da liberdade".
"Tirante mulher, a gente deve recomendar tudo aquilo que experimentou e gostou".
"Uma feijoada só é realmente completa quando tem ambulância de plantão".
Wednesday, December 12, 2007
Momentos inesquecíveis dos famosos II

"Segura a franga, capitão, o tarado tá te procurando ainda".
Monday, December 10, 2007
Monday, December 03, 2007
Sugestão para o Natal
Saturday, December 01, 2007
Momentos inesquecíveis dos famosos

Sean Connery já viveu tempos melhores no cinema. O eterno 007, tido pelo público feminino como um dos homens mais sexy do mundo, participou de Zardoz (1974) como Zed e tinha que usar essa roupinha ridícula. O filme é ficção científica que se passa em 2293 em que Zed é um matador no mundo eterno de Vortex, mas ele resolve se voltar contra seus inimigos. Acho que a Ulbra já passou esse filme na TV, mas nunca vi e acho que nem vou ver. Já peguei nojo do Zed sem camisa e de calcinha vermelha.
Thursday, November 29, 2007
Thursday, November 08, 2007
Pirulito & Sabonete
- O Lauro do Juventude jogou com a camisa 200 às costas...
- 200 anos no Juventude?
- Acho que 200 cruzamentos para o gol de cabeça do Da Silva.
Wednesday, October 31, 2007
Sua majestade, o balaio
Mais uma Feira do Livro surge na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Os seus trovadores tecem loas intermináveis como a mortalha de Penélope sobre o banho de cultura que o evento promove e coisa e tal. Já os seus detratores (são poucos) dizem que ela é como Carnaval na Sapucaí: quem viu uma, viu todas.
Se a edição mais recente – a 53ª – não acrescenta em quase nada o que sempre se viu nas versões anteriores, não se sabe ao certo.
O babado forte que surgiu na imprensa especializada (com o perdão do clichê) é a queda de braço entre livreiros e editoras – fato este que, por sua vez, teria inviabilizado a presença de alguns expositores nesta edição. Para os livreiros, as distribuidoras têm mais poder de barganha, enquanto eles têm somente uma pequena margem de lucro, por serem observados a manter um mínimo de desconto no varejo.
Para eles, o lucro é tão pequeno que não paga a conta de ter um estande na Alfândega. Pior: Ao que parece, como se não bastasse o fato de a Feira se tornar num megaevento suprapromocional que engloba tanta coisa que transcende ao mundo do livro, alguns exegetas profetizam a mutação da feste da literatura porto-alegrense num atacadão de editoras e distribuidoras, perdendo a sua “aura” bucólica, ou seja, o espírito original dos livros de ocasião. em resumo, o evento se tornou algo tão comercial e estandartizado que de feira ficou apenas o nome.
Um sintoma disso: a maioria das bancas, tirando as “temáticas" (infantis, universitárias, religiosas) expõe quase a mesma coisa – os livros da estação. Como se sabe, há um tempo para tudo sob o Sol, como diz o Eclesiastes, e a Feira não deixa por menos. Por aqui, agosto e setembro é tempo de botar os lançamentos no prelo, para desfilarem na Alfândega e subirem ao topo dos mais vendidos – mesmo que seja só por esta época. Até quem não tem o que lançar decide lançar alguma coisa (por que não?), para a sessão de autógrafos, que é o "grande momento".
Muitos dos outrora mais vendidos aqui na província em, alguma Feira do passado podem ser encontrados nos balaios, por menos da metade do preço pelo qual era disputados por leitores há dois, três anos atrás. Muito poucos têm a humilde virtude da perenidade, a ponto de sempre manterem boas vendas a cada ano, com ou sem sessão de autógrafos.
Falando em balaios, que são, a rigor, o pièce de resistance de qualquer Feira do Livro, mesmo defasados pela ausência de sebos notórios de Porto Alegre, como a Noigandres e a Ventura, sobrevivem. Isso a despeito da tentativa de muitas bancas em piorar a qualidade a cada ano. Houve época em que balaio era a alma do evento. Agora, é um Deus nos acuda, um espanta-leitor. É só para gastar aquele R$ 2 que sobrou do troco do lançamento de R$ 28 que você comprou porque leu uma resenha (ou release?) legal nos jornais.
Agora o jeito é se divertir e se refestelar com exemplares puídos do Nossos Clássicos, da AGIR (aqueles que têm todos a mesma capinha cinza) Círculo do Livro, edições famélicas de banca de revista, avulsos da Clássicos Jackson, Coleções Calouro (sempre se despedaçando em páginas soltas, o nosso patrono Antônio Hohlfeldt sabe do que eu estou falando) e Vaga-Lume (dos tempos de quinta série), Almanaque do Pensamento mais a literatua bubblegum: Harold Hobbins, J. M Simmel, Irvin isso, Ernest aquilo, e José de Alencar à mancheia. Não tem balaio que não tenha lá socado um exemplar de “O Tronco de Ipê” ou “Senhora”. Ontem mesmo eu achei “A Ilustre Casa de Ramires”, do Eça (caindo aos pedaços), “ Reinações de Narizinho” (idem), em todos os balaios, tinha um José de Alencar a R$ 3 – alguns a R$ 1, sinal que, de maneira velada, tem livreiro literalmente querendo se livrar dessa carga. E como não podia deixar de ser, achei “ Zélia, uma Paixão”, num balaio do Beco dos Livros. Balaio virou a nata da nata do refugo.
Em outro ofertão, encontrei um best-seller de um incensado jovem escritor, de estirpe televisiva, que há alguns anos lançou um livro de contos. Achei o exemplar a R$ 5. Outro mais vendido das feiras passadas eu achei por R$ 15. Vou esperar chegar a R$ 5, daqui a dois anos, também. Ah, aposto que se o ilustre leitor se apressar, eu aposto meu jogo de panelas do Diário Gaúcho que ainda pega o seu “Zélia Uma Paixão” lá no balaio. Corra!
Friday, October 26, 2007
Thursday, October 25, 2007
Dicas de Saúde com Mano Menezes
Dr. Mano Lucchese
Mano Menezes sabe, Mano Menezes diz. Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa. Portando, apesar da corrida diária do dia-a-dia, não podemos nos esquecer dos detalhes importantes da vida, como o cuidado com o corpo. E a pessoa mais indicada para explicar esses detalhes é o preclaro treinador do Grêmio, dr. Mano Menezes, que é a pessoa que mais entende de saúde na atualidade. A equipe do Pato Macho aproveitou a semana para beber da fonte desse sábio mestre. E com muita disposição e paciência, já que a gente não era da imprensa esportiva, ele nos deu algumas dicas importantes para você, leitor, manter-se em forma.
* Bebe muita água, seis a oito copos por dia. Beba pelo menos um litro e meio por dia.
* Consulte seu clínico ou geriatra antes de iniciar um programa de exercícios.
* Use as escadas.
* Leve o seu cão para passear.
* Varra o pátio.
* Exercite o seu cérebro.
* Conte de cem a zero, regressivamente, em voz alta, na velocidade que conseguir
*Preencha o seu tempo com atividades estimulantes prá você, pescar, por exemplo, é um esporte que pode ser iniciado em qualquer fase da vida.
* Passeie no supermercado. Procure exercitar-se identificando os produtos que já conhece pelo odor ou pela cor.
* No Verão, mude a sua mesa para a varanda ou para o pátio.
* Faça piqueniques.
* Faça unm curso de culinária. Aprenda a cozinhar, se ainda não sabe. Se até o Anonymus sabe, por que você não poderia?
* Faça jardinagem.
Wednesday, October 24, 2007
Zoofilia é coisa nossa

Monday, October 22, 2007
Bota na conta do Papa!
Vai subir ninguém!
Tropa de Elite virou mania nacional. Pior que isso, a maioria das falas caiu na boca do povo. Não há cristão que nao balbucie uma das pedras-de-toque do Baiano, do Capitão Nascimento, dos intrépidos "aspiras", Matias e Neto, do cômico sargento Fábio ou de outros personagens que compõem a fauna da película. Sem falar que onze entre dez nicks de MSN, "about me" do Orkut e nomes de blogs e flogs têm leitmotives do filme. Para ajudar, o Pato Macho selecionou as melhores frases de Tropa de Elite, para você soltar na balada, no cooper, no ônibus ou diante do espelho.
- Sabe voar, estudante? Agora vai aprender!
- Exército de Israel é fichinha.
- Tira a calça dele, traz a vassoura!
- Na cara não, pra não estragar o velório (antes de levar o tiro na cara).
- Eu sei que o Papa não tem culpa dos meus problemas, mas ele já tinha vindo ao Rio de Janeiro duas vezes, não dava para saber como a banda toca por aqui, é claro que politico nenhum quer ver o Papa baleado, se o papa quer ficar perto de uma favela o que você acha que o Governador vai fazer? Vai correr o risco de uma bala perdida acertar a cabeça da sua santidade? É claro que não!Vai ligar para o Bope!
- Olha que filha da puta...
- Quem, o traficante?
- Não, esse viado desse PM que fica vendendo arma.
- Dez, o senhor é o novo xerife.
- Desisto senhor!
- Quando eu vejo passeata pela paz, a vontade que dá é de descer a porrada em todo mundo.
- Pra mim, estratégia só funciona se a missão tiver sentido...
- O papo é reto comigo playboy!!!
- Você não abre a boca pra falar do meu trabalho nessa casa! QUEM MANDA AQUI SOU EU! Entendeu? QUEM MANDA NESSA PORRA AQUI SOU EU!
- Essa pica não é mais minha! Essa pica é do aspira!
- Missão dada é missão cumprida.
- Tô falando, vai dar merda isso, Carvalho.
- Tá com nojinho, Zero Dois?
- Quando farda preta sobe o morro, é para matar.
- Se o Fábio ficasse no Batalhão, o Coronel ia matar ele? Coitado, o cara não sabia que perto de mim o Coronel era uma moça!
- Vê se não estoura o tímpano do cara de novo.
- Sabe que que é comandante, é que foi sem querer.
- Tá sem bandoleira, amigo?
- Sim senhor!
- Numa altura dessa do campeonato o senhor tá sem bandolera, Vinte e Três? Então que dizer que se um amigo seu cai no chão baleado você vai fazer o quê? vai jogar a arma no chão?
- Não senhor.
- Vai enfiar no c*?
- Não senhor.
- Então bota a porra da bandolera. Porra! Vinte anos de anos de curso, porra!
- Estes são os soldados Tião e Paulo.
- À vontade!
- Senhor também pode ficar a vontade tem café, pão e mortadela...
- Eu quero saber o que significam esses quatro corpos encontrados aqui no Tabajara.
- A culpa não é minha, eu fiz tudo direitinho do jeito que o senhor pediu mas...Mande só aqueles filha da puta, coronel! Pego os corpos, e jogo lá Eles jogam aqui, eu jogo lá! Ele jogam aqui, é a guerra da carne!
- Esse Santana vai precisar de um carburador novo... Mas Santana não é carburador, é injeção eletrônica! Não é injeção não, é carburador! Santana é injeção eletrônica, tenho certeza! Então vem ver aqui, tenho certeza que isso aqui é um carburador! Pera aí, isso aqui é motor de belina! Venderam o motor do Santana e colocaram de Belina!
- Capitão, eu tô com um propblema aqui..
-E eu tô com pressa!
- Vou mandar colocar platina no seu nariz, tu tá a cheirando pra caralh*!
- Fatiô... Passô... Boooa Zero Meia... padrão! Também atirando com meu fuzil fica fácil, né...
- É nóis Baiano!
- Cê fecha com quem playboy? Fecha com quem?
- É nóis Baiano, é nóis!
- ONG de c*u é rola!
- Apresenta o saco para ele!!
- Me dá esse cabo de vassoura ai!
- Eu vou enfiar essa p*rra no seu c*.
- Tá bom doutor.. eu falo.. eu falo..
- Se tem uma coisa que rico com consciência social não entende, é que guerra é guerra.
Tatuador: Tem uma índia linda aqui oh, dá uma olhada!!
Neto: Que índia o caralho, é faca na caveira!
Tatuador: tá bom, irmão!!
- Na minha mão os corruptos se f*dem primeiro
- Quanto tempo vocês precisam para comer, xerife?
- Dez minutos é o suficiente, senhor.
- Dez minutos? O senhor. é um fanfarrão, xerife, um fanfarrão! Os senhores tem dez segundos. DEZ SEGUNDOS!
- Na polícia você três opções: ou voce se corrompe, se omite ou vai pra guerra!
- Vocês estão muito mal influenciado por jornalzinho e revista!
- Quantas crianças precisamos perder pro tráfico, só pro playboyzinho enrolar um baseado?
- No Bope tem guerreiros que matam guerrilheiros; - com a faca entre os dentes esfolam eles inteiros; - mata, esfola usando sempre o seu fuzil! No Bope tem guerreiros que acreditam no Brasil! Homem de preto, qual é sua missão? Entrar pela favela e deixar corpos no chão! Homem de preto o que que você faz? Eu faço coisas que assustam o satanás!
- O conceito de estratégia...
- Capitão, o zero cinco dormiu.
- Senhor cinco...tenha a bondade. Se o senhor vai segurar essa granada aqui. Se o senhor deixar essa ganada cair, todo o pelotão vai explodir, o senhor vai se explodir, vai explodir o meu pessoal e o senhor vai me explodir também, cinco. O senhor vai dormir agora, cinco?
- Não senhor.
- Vou retomar. O conceito de estratégia...
- Vamo prá onde, capitão?
- Vamo pra puta que pariu, segue o teu caminho!
- Sabe porque você é o 01?!Porque você vai ser o primeiro a sair!
- O Papa já veio duas vezes ao Brasil, sabe da nossa situação e da violência que ocorre aqui. Porque não põe ele no Copacana Pallace?! Ai, fazem merda e chamam o BOPE!
- Quando policial morre ninguém faz passeata, só pra esses burguesinhos.
- É cem por cento, catorze?
- Caveira, meu capitão.
- Então senta o dedo nessa porra!
- Quer moleza? Mastiga água de cabeça pra baixo!
- Me traz aí a sementinha do mal, aqui (referindo-se fogueteiro) Me traz aí a sementinha do mal, aqui!
- Quem matô esse cara aqui?
- Foi um de vocês...
- Foi um de vocês o caralh*... Foi um de vocês é o caralh*... Foi você que matou ele, você que financia essa merda aqui...
- Onde você arrumou esse tênis?
- Eu ganhei.
- Ganhou não, perdeu.
- Tira essa roupa preta! Você não á caveira, você é moleque...MOLEQUE!
- É o equilibrio instável abalado pela menor das brisas e naquela noite ventou forte no Babilônia.
- Bota na conta do Papa!
- Corpo na praia é afogamento!
- Mas tinha perfuração de bala, senhor!
- Porra, aspira não fode! você é legista?
- Os senhores estão feridos?
- Não, senhor!
- Os senhores estão baleados?
- Não senhor.
- Então, agora vocês vão aprender a carregar corpos.
Friday, October 19, 2007
Mais do mesmo

Tuesday, October 16, 2007
As 50 piores capas de discos

Monday, October 15, 2007
Pela Estrada Afora
Jack Kerouac
“Em julho de 1947, tendo economizado uns cinqüenta dólares da minha velha pensão de veterano, eu estava pronto para ir à Costa Oeste”. Assim começa a louca viagem de Jack Kerouac no romance lapidar On The Road, a sua obra-prima que, este ano, completa cinqüenta anos de seu lançamento. Com o passar dos anos, se transformaria na glória e na danação de seu autor, que ao mesmo tempo em que via o livro se tornar na “bíblia da geração Beat”, se tornava numa sombra que quase eclipsou o resto de sua obra. Na história, Kerouac é Sal Paradise, um sujeito que havia passado por uma desgastante separação e que, por sua roda de amigos em Nova Iorque, travou conhecimento por um ex-delinqüente juvenil de Denver, Colorado, Dean Moriarty (na vida real, Neal Cassady), responsável pela mudança na vida do pálido e wertheriano Sal, que decidiu largar a sua vida blasé no Leste e desbravar o seu país pelas “estradas reais”, como se fossem vaqueiros urbanos modernos, porém montados em velhos chevrolets, a fim de descobrir a “verdadeira América”.
“Loucos para serem salvos” - Pense naquele seu amigo mais biruta e frenético, que gosta de boa música, festa e muita bebida (qualquer uma), se dá relativamente bem com as mulheres (mais de uma, de preferência), nunca tem dinheiro mas sempre descola um trago na madrugada, vive de bico, ri pelos cotovelos e apesar de ser o mais honesto cafajeste do mundo, tem a simpatia de todo mundo. Esse é Dean Moriarty. Para Kerouac, “ele era apenas um garotão tremendamente apaixonado pela vida e, mesmo sendo um vigarista, só trapaceava porque tinha uma vontade enorme de viver e se envolver com pessoas que, de outra forma, não lhe dariam a mínima atenção”.
No livro, Dean ( o “ santo vagabundo de mente reluzente”, como o protagonista o chamava) olhava Sal escrevendo à máquina, e dizia: “ Uau, cara! Tanta coisa para fazer, tanta coisa prá escrever!”. Moriarty queria alugar Paradise para que este o ensinasse o ofício da escrita; já Sal, como diz no livro, queria passar a vida sendo arrastado por pessoas que lhe ineressassem. Como Kerouac confidencia no conhecido trecho da obra: “para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca boceja e jamais falam chavões, mas queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício”.
Mesmo narrando suas inúmeras viagens leste-oeste pelas paragens americanas ou pelo México, Kerouac transforma Dean no personagem principal, o motivo condutor de toda a história e se transforma no evangelista do seu amigo maluco, um quixotesco messias. Jack percebe que, a despeito do seu sombrio pasado, Moriarty é um cara sensível, intuitivo e inteligente, e que serviria para ser o seu melhor personagem. Cassady/Moriarty foi quem provocou a sede mochileira de Sal e ele é o melhor pesudo-coadjuvante de todos os tempos. “ Todos os meus amigos estavam numa viagem baixo-astral, naquele pesadelo negativista de combater o sistema (...) enquanto Dean mergulhava nessa mesma sociedade, faminto de pão e amor, ele estava pouco se lixando de tudo isso”. Sem perceber, para Kerouac esse era o chamado. Era uma extrema lição de vida de um sujeito simplório e lúcido.
Três Semanas - No programa de Steve Allen, em 1957, Kerouac revelou que havia escrito On The Road em três semanas, depois de passar sete anos na estrada. De brincadeira, Allen replicou (o vídeo, antológico, pode ser conferido no You Tube) que, se passasse três semanas na estrada, levaria sete anos para escrever o livro.
Do que se pode depreeender, Jack queria reafirmar a sua tese de “ prosa espontânea”. Assim como havia escrito Os Subterrâneos “em três noites”, ele queria demonstrar que a sua técnica era quase como parar um texto em fluxo de consciência, isto é, como um enorme solo de sax, um improviso sob a violenta noite sombria, movido à benzedrina & outros estimulantes legais ou ilegais. Consta que o original de On The Road era tão experimental que foi recusado por diversas editoras. Esta recusa certamente passa pela revolução que o autor tentou empreender em transformar o livro num cavalo de batalha contra o academismo e a monotonia da literatura em favor de uma escrita livre, torrencial e intensa.
Assim nasceu, através do próprio Kerouac, a lenda que ele escreveu a história em três semanas, num rolo de telex. O texto final pode ter sido concebido desta forma, mas o certo é que muitas das magistrais descrições do ambiente norte-americano e de detalhes que passam por um perfeccionismo que foge ao perfil do escritor “ espontâneo”.
Jack também fazia anotações de tudo e de todos em cadernos de ele surrupiava quando trabalhava em pátios de manobras de estações de ferro. Tudo aquilo foi documentado no livro Diários de Kerouac, publicado em 2006. E, desde a conclusão do esboço, em 1951 até a sua publicação, em setembro de 1957, ele o reescreveu inúmeras vezes. O que parecia um parto espontâneo na verdade esconde uma obra-prima gravada com lavor de joalheiro. Porém, On The Road não é hermético; muito pelo contrário, a narrativa, cerebral e amplamente documental, traduz uma jovialidade contagiante e uma inefável objetividade jornalística cuja linguagem remonta à clássicos como Huckleberry Finn (Mark Twain) ou O Chamado Selvagem (Jack London).
Além disso, o livro é entremeado de cenas inesquecíveis – muitas hilárias - como a carona num caminhão de dinamite, outra, de pau de ararar com um bando de vagabundos, repartindo uma garrafa de vinho, ou quando Sal, empregado de vigilante, hasteia a bandeira americana dstraidamente de cabeça para baixo antes de dormir, Old Bull Lee (William Burroughs) se injetando de heroína e fazendo terapia de orgone (criada por Willihm Reich) num caixão, sem falar do diálogo em fluxo de consciência quando ele está prestes a morrer de fome e solidão em San Francisco. Sem falar das pedras de toque, onde o leitor tropeça a cada página, tais como “Não se pode ensinar novas melodias a um velho maestro”, ou “ Essa é a história da América, cada um faz o que pensa que deve fazer”.
Assim como preconizava, Kerouac viviu célere e breve como um fogo de artifício. Morreu triste e esquecido, em 1969, depois de transformar a sua vida em literatura. Como disse alguém, ele escreveu como um príncipe de sua época: feito ninguém fizera antes.
Friday, October 12, 2007
Pequena Serenata Diurna
Acordou atrasado. Vivia sempre atrasado. A sua vida era atrasada, mas sempre atrás dos ponteiros do relógio, com seus ponteiros como agulhas a costurar a mortalha inexpugnável do tempo. Meu Deus! Sete e vinte! Já era para eu estar na rua a uma hora destas! Pulou da cama como se fugisse da ira divina. Passou pente em seu cabelo indomável. Desceu as escadas, até a cozinha. Nada na geladeira, apenas o inefável e amigo bule de café frio que teve que tomar - mais por uma questão de sobrevivência. Ou isto ou comprometer o raciocínio - ainda mais devido ao porre da noite anterior.
Não, não. Não esqueceu a chave, mas o lapso de pensamento quase o fez rolar as escadas. Ato reflexo, pega a mochila e na outra cena, já está descendo a rua, em direção à parada. Sete e trinta e cinco. O professor não vai ser tolerante desta vez - ainda mais porque, neste semestre, o diretor deu ordem expressa de que não há mais tolerância para atrasos. Esqueci o caderno! Mas que droga! Droga! Agora não dá mais para voltar. Droga, droga, droga, mil vezes droga! Enquanto ruminava estes pensamentos, São Pedro já faz cair uma bruta tempestade. Nosso herói se resigna e aperta o passo.
Dribla as lufadas de vento, até avistar a parada. Antes que atravessasse a via, um circular lhe entornou toda a lama da rua em sua calça. Nosso herói ri: dos males, o menor. Na verdade, ri para não chorar. Uma insuspeita ressaca lhe lateja a cabeça, como um flashback ao engrossar a massa de sangue com a correria em direção à parada. Transtornado e pensando em sua cama quentinha e em por que ele resolveu misturar duas marcas de cerveja mesmo sabendo que aquilo sempre lhe dá seqüelas (droga!), corre para o abrigo, tentando calcular que horas já deviam ser. Pergunta a uma senhora de capa amarela e maquiagem borrada.
- São sete e quarenta e dois - responde a mulher, sem tirar o olho dos ônibus que passavam.
Num calafrio, tenta secar o cabelo, em vão. Passam os carros, nenhuma linha é a que o levaria ao colégio. Suspira. A chuva aumenta. Boceja. Se esqueceu de tapar a boca com a mão. Uma velhinha o reprova, com boquinha de nojo. Passa outro ônibus. Não é o dele. Suspira de novo. Começa a ter cacoetes. Fica com raiva do cacoete. Resolve olhar para a direção contrária, escorrendo a vista sobre os rostos silenciosos da parada. Eis que, no meio de tanta gente, avista um rosto muito familiar: era uma ex-colega do ano anterior, linda e esbelta como uma Ursula Andress. Aliás, ela era quase a própria Ursula Andress. Bom, nem tanto, mas lembrava vagamente a Ursula Andress.
Aí ele se lembrou de que não havia esquecido ela desde a última vez em que a viu (na verdade, desde a primeira vez que a viu), mas desde que saiu de casa até aquele momento, a única coisa que passava pela cabeça de nosso herói era a prova de matemática. Sim, a prova de matemática. Ele havia tirado dois zeros em apenas um bimestre, a professora era simpática, entendia a sua dificuldade com os números e ele até tentava se aplicar, mas quanto mais estudava, mais zeros à esquerda em seu boletim. Porém, depois de tê-la encontrado naquela chuvosa situação, ele não conseguiria nem sequer se lembrar se quatorze era número primo (quatorze é ou não é um número primo?).
Sete e quarenta e sete. A parada cheia de gente, os ônibus escasseavam, talvez presos em alguma garagem, por causa da chuva, que já fazia aparecer ao longe os primeiros botes de salva-vidas pela avenida. O zelador do prédio em frente tinha homéricos chiliques com a água. Agitava o rodo com as mãos: "não agüento mais chuva! Não agüento mais chuva!". Um senhor de capa amarela, ao lado, secava a careca com o jornal. Suspirou, como que vencido: "eu também não agüento mais chuva!". Eis que, não mais que de repente, um ônibus aparece ao longe! Todos esticam a vista para enxergar o prefixo. "É o 53!", berrou a velhinha. Outro pé-rapado bradou, do fundo: "Viva!".
Todos se abraçavam, emocionados. Só faltavam fazer a "ola". Quando o carro chegou, foi uma correria instantânea para tudo quanto é poste, para escapar do banho dos pára-lamas. Entrementes, nosso herói lambia com a vista a paisagem de capas e guarda-chuvas que formava fila para entrar no Ipiranga-PUC, procurando a sósia da Ursula Andress. Abaixo de piparotes, entrou na fila bem atrás da jovem! Era uma questão de instantes.
De repente, ele foi tomado de uma determinação quase espartana. E partiu para a marcação cerrada, como um center-half argentino. A fila ia entrando. Na ponta dos pés, para não pisar em ninguém, lá está ele. A menina com os olhos de Vênus pára na roleta. Procura a carteirinha de vale-transporte. Vira e mexe, e nada de carterinha. Nisso, o nosso galã da linha 53, Ipiranga-PUC alça a fronte, impávido e confiante como o Duque de Mântua:
- Olá, bom dia, deixa que EU pago.
Ele pagou a passagem dela, enquanto a Ursula Andress passava pelo cobrador. Ela agradeceu, tímida e fixando o olhar no rapaz, antes de passar corredor adentro. As pessoas passavam, passavam, passavam pela roleta. Ele tentava achar nos bolsos o troco do dia anterior. A chuva fazia desenhos frios nas janelas, não se enxergava patavina lá fora. Já em pânico, vê sua dulcinéia procurando lugar no fim do ônibus. Olha para ela, olha para os bolsos. Um centavo, outro centavo. O carro lotava, lá atrás. Ia enchendo, ia enchendo; o rapaz já tinha deixado um time de futebol passar na sua frente, e nada de achar o dinheiro! Tudo acontecia numa progressão fulminante. Outros entravam. E ele já não enxergava mais a sua amada, perdida em alguma janela do fim do ônibus.
- Passagem!
Então se lembrou que havia se esquecido: só tinha o rico dinheirinho contado para a SUA miserável passagem. Aquela malvada desgracida da Ursula já estava perdida entre os passageiros que iam entrando, e estava de graça com um sujeito, lá na frente. O rapaz, é claro, teve um branco enorme. Caiu das nuvens. E o carro ia arrancar. O cobrador insistiu, seco:
- E aí, guri? Te liga. Acorda! O ônibus vai arrancar, pô. Vai pagar ou não?
Entre confuso e constrangido, nosso herói não teve escolha:
- Quem, eu? E-eu desço aqui...
Responda, rápido!
a) Mas haja photoshop, henhô, Batista?
b) Putz, a Playboy está piorando a cada ensaio...cadê a berenice dela?
c) Meu Deus, essa mulherzinha não tem bunda! É uma tábua de passar!!
d) O ensaio da Ana Paula tava bem melhor!
e) Hum, isso me lembrou de comprar gilete no super para raspar o sovaco.
f) Mas que maravilha que é a inclusão digital, não é, minha gente?
Wednesday, October 10, 2007
Tinga vai para Hollywood
A meca do cinema mundial volta e meia resolve fazer filmes de séries televisivas antigas, para reforçar o caixa dos grandes estúdios. Desta vez não é diferente. Segundo o site Omelete, a Universal Pictures deu o sinal verde para a produção da comédia Land of the Lost, adaptação para os cinemas da série O Elo Perdido que terá Will Ferrell como protagonista. Ferrell já estava vinculado ao projeto desde 2005. Um dos ajustes que a Universal pediu para autorizar a produção foi diminuir o orçamento de 125 milhões para 100 milhões de dólares - ainda assim, uma ótima verba, que caberá ao diretor Brad Silberling (Desventuras em Série) colocar na tela. A história acompanha um fracassado paleontólogo, seu assistente e um guia de turismo machão transportados até a Era dos Dinossauros. Transmitida brevemente de 1974 a 1977 nos Estados Unidos, a série marcou época por colocar uma tradicional família dos EUA na pré-histórica situação (por que diabos o filme não vai aproveitar essa premissa?). As filmagens começam em março.
O craque gaúcho Tinga assinou contrato com o estúdio americano para viver o papel de Tchaka. Dizem que nem vai precisar de maquiagem.

Tuesday, October 09, 2007
Joga Cocito!
Que joga bonito, o quê?
Como a gente sabe que futebol não é esporte de fresco, e que futebol-arte é coisa de gente de voz fina, essa coisa de homenagear atleta bonzinho é pura perda de tempo, e não leva a nada. Pois sendo assim, segurem-se: vem aí o impagável Joga Cocito - O Novo Reality Destruction Show concebido pela comunidade Futebol Alternativo no Orkut e que já ganhou a Internet.
Visando resgatar esse tipo de jogador que parece em extinção graças à proliferação de tipos Muito Habilidosos Tipo Joga Bonito e Sei lá quem + 10, estamos aqui, dando o Pontapé Inicial (e acredite, serão muitos) nesse Game onde o protagonista vai ser a cotovelada, o carrinho, a banda, a cama de gato, o dedo no olho, a areia nas ventas,o encontrão, a pisada entre outros, e é claro, o futebol, que é a razão de tudo isso.
Que comece o combate! Ou melhor, A votação para o maior facínora em chuteiras do Brasileirão 2007! Lembrando sempre que o campeão vai Levar o Troféu Canelada de Ouro, além de papel de figurante num filme de artes marciais. O vice vai ganhar a medalha De Rossi, por serviços prestados (?) ao valoroso esporte bretão. O futebol apresentado é rigorosamente liliputiano, mas candidatos já são muitos. Faltando apenas oito rodadas, os principais representantes do "fair play" de gente grande são:
Jogadores que fazem mais faltas
1-Edinho (Int) 24 J 78 Faltas
2-Charles(Cru) 22 J 76 Faltas
3-Pierre (Pa) 24 J 76 Faltas
4-Bilu (Amg) 23 J 73 Faltas
5-Andre Santos (Fig) 24 J 72 Faltas
Jogadores com mais Amarelos
1-Radames (Nau) 16 J 10 Amarelos
2-Jan Carlos (Apr) 17 J 10 Amarelos
3-Valdivia (Pal) 17 J 10 Amarelos
4-Toninho (Nau) 20 J 10 Amarelos
5-Juninho (Bot) 22 J 10 Amarelos
Jogadores com mais vermelhos
1-Acosta (Nau) 23 J 3 Vermelhos
2-Adailton(San) 23 J 3 Vermelhos
3-Souza (Fla) 12 J 2 Vermelhos
4-Berg (Ame) 13 J 2 Vermelhos
5-Ruy (Fig) 17 J 2 Vermelhos
Edinho firma na liderança do mais faltoso. Mas e agora, quem poderá-detê-lo e suplantar a sua vigorosa marca alcançada? Portanto, não percam os próximos capítulos de JOGA COCITO!
Sunday, October 07, 2007
A verdade por trás do Pato Macho

Em 1971, a casa de Luis Fernando Verissimo se transformou em sede de um jornal de nome e linha editorial não convencionais: “Pato Macho”. Lançado em 14 de abril, o semanário de formato standard tinha em suas páginas desenhos do pato-mascote e, no seu “conselho de redação”, Verissimo e amigos como Claudio Ferlauto e Coi Lopes de Almeida. Na cabeça destes “conselheiros”, estava a idéia de se fazer um jornal independente, crítico diante da situação política do país e que, através de textos e muitos cartuns, proporcionasse diversão para os leitores e os próprios redatores. Por causa das dificuldades econômicas inerentes a um jornal alternativo, o projeto naufragou menos de um ano depois de ser lançado, mas ainda hoje pode fazer rir e pensar quem veja os cartuns que publicava. Entre eles, vários de Verissimo.

P - E o jornal Pato Macho ?
Rogério - É de 1971, é do tempo em estava na sucursal do jornal o Estado de São Paulo. Nosso grupo era o José Antônio Pinheiro Machado, agora (em 2004) ele é o Anonymous Gourmet, o Luis Fernando Verissimo, o Ruy Carlos Ostermann. Nós fazíamos o jornal na casa do Luis Fernando Verissimo, mais exatamente na garagem dele. Era um grupo muito interessante. Eu tenho todos os exemplares em casa. Era uma época muito interessante, de censura muito forte.
P - E tu tens alguma história meio inusitada dessa época de Pato Macho?
Rogério - Ah, tem várias. Mas na última edição, por exemplo, eu fiz uma reportagem sobre onde existia prostituição de primeiro nível em Porto Alegre. Onde as mulheres capturavam homens ricos. A matéria foi toda censurada. A Polícia Federal tinha uma censura prévia, nós tínhamos que levar o jornal até lá. Nesta edição, toda a página foi arrancada. Colocaram um anuncio no lugar. Eu tenho essa edição lá em casa. Eles achavam que aquela matéria não podia sair, era uma bobagem. A reportagem mostrava onde é que havia pontos de prostituição em Porto Alegre. Hoje em dia seria uma matéria de serviços. Havia um censor lá. Depois esse censor virou juiz de direito. Ele mandava o pessoal da Policia Federal, entravam lá com bilhetinhos dizendo: “Não pode sair isso, não pode sair aquilo”, nós éramos obrigados a dar aquilo que eles queriam. Até que um dia o dr. Breno Caldas se cansou e disse: “Ah, eu vou publicar isso daí. Vcs vão encher o saco de outro”. Foi aí que apreenderam o Correio do Povo e a Folha da Manhã na boca da máquina, numa madrugada muito emocionante para todos nós que fizemos a matéria. Era uma reportagem que tinha saído na Voz do Brasil. A Voz do Brasil tinha o espaço do Senado e da Câmara. Era uma denúncia de que havia censura. Um senador havia falado e tinha saído isso na Voz do Brasil. Acabou vindo um material, um release do Congresso Nacional, e o Correio do Povo publicou. A PF disse que não era para publicar. O dr. Breno recebeu o aviso. Mesmo assim ele disse: “ah, eu vou publicar, estou de saco cheio dessa censura de vocês”. E acabou publicando. Nós da Folha da Manhã publicamos também. Mas, na hora de rodar o jornal, nas oficinas, ali no próprio prédio da Caldas Junior, havia uns caminhões. A policia apreendeu os jornais, toda a edição do Correio e da Folha. Ainda queriam usar os caminhões da distribuição do jornal para levar os jornais para a sede da Policia Federal.Foi quando o dr Breno disse: “não, vocês levam. O jornal tá aqui, vocês apreenderam, vocês levam o jornal”. Eles foram ao cais do porto e requisitaram umas caçambas. Colocaram todos os milhares de exemplares da Folha da Manhã e do Correio do Povo e levaram para a sede do órgão na av. Paraná. A Folha da Tarde saiu depois, sem a publicação da matéria, senão iam apreender a Folha também. A FT publicou só uma notícia discreta de que os jornais tinham sido apreendidos.
Rogério - Isso era 1974/1975.
Thursday, October 04, 2007
Vudu no Palacinho
"Tem que espetar alfinetes para ela sentir dor", sugere o desconhecido.
"Eu quero que ela morra!", grita o vice.
"Mas não precisa. Se ela tiver um mal-súbito, tu assumes por um tempo", diz o outro.
"Eu quero é ser o governador. Eu quero vender o Banrisul, a CEEE, a CRM, a Corsan e todas as estatais que ainda temos", afirma Feijó.
Horas antes, no Gabinete da Governadora, no Palácio Piratini, Yeda Crusius conversa com Luiz Fernando Záquia.
"Precisamos aumentar os impostos para poder pagar os servidores. O que podemos fazer de diferente, Záquia?".
"Olha, governadora, nós vamos acabar repetindo o que os outros governos fizeram. Aumentar para 18% o ICMS e passar os outros para 30%, que nem fez o Germano", disse o colorado.
"Mas eu tenho que fazer melhor. Eu sou a primeira mulher no governo e tenho que entrar para a história como uma boa governante e não como a primeira mulher no governo. Vamos pensar, vamos discutir, temos que achar uma solução. Me chama o Aod aí", determinou Yeda.
Num canto da sala, o marido de Yeda tenta falar. "Bem, eu tenho uma sugestão".
"CALA A BOCA, IMBECIL! Eu não preciso das tuas sugestõezinhas. A última que tu me deste eu acabei ministra. Tu só abre a boca para dizer besteira. Vê se me esquece!", espinafrou a governadora.
De volta ao Palacinho, o desconhecido sugere: "Quem sabe tu corta a língua da jararaca?"
"Pode ser, mas quero que ela sufoque com o sangue. Vou fazer isso mais tarde, quando ela tiver dormindo. Quem sabe ela morra afogada", completou Feijó.
"Bem, faz com jeito para eu não parecer suspeito. Afinal, sou eu quem dorme com ela", disse o desconhecido.
Tuesday, October 02, 2007
E o Obino tinha razão!
Site do Grêmio é o melhor entre os times de futebol
O site de Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense foi eleito o melhor entre os times da primeira divisão do futebol brasileiro pela revista Monet, da Editora Globo. A publicação destacou a página tricolor no que diz respeito a conteúdo, design, atualização e navegabilidade. Para chegar a essa conclusão, a equipe do veículo passou três semanas navegando pelos sites dos principais times do país e dando nota de 1 a 10 nos respectivos critérios. A Grêmio.Net ficou com média 9,125. A página já havia conquistado, por vários anos seguintes, o prêmio iBest de Melhor Site do Estado.
Deu no site da Coletiva.net. Agora só falta a Quatro Rodas fazer testes-drive com os ônibus dos clubes de futebol e o Trovão Azul ser eleito o melhor do Brasil.
Monday, October 01, 2007
Nem chuva pára a Fórmula 1

Foto do Grande Prêmio do Japão durante as voltas que tinha o Pacecar na pista. Raikkonen ainda está atrás dos líderes, mas Massa parou nos boxes para trocar os pneus.
Piada pronta
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, "demitiu", em decreto publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial do Distrito Federal, "o gerúndio de todos os órgãos do Governo Federal".
O gerúndio é uma forma nominal do verbo, invariável, terminada em "ndo", normalmente usada para expressar sentido de continuidade, por exemplo, estamos "providenciando".
De acordo com o decreto de Arruda, o uso do "gerúndio para desculpa de ineficiência" está proibido a partir desta segunda nos órgãos do governo.
Redação Terra