Friday, April 01, 2011

Maneca e a fuga de Brizola


Jango e Brizola

Uma das lendas mais curiosas em torno do Golpe de 64 (ou a Redentora, como a batizou o Stanslaw Ponte Preta) é sobre a famosa fuga do ex-governador Leonel Brizola para o Uruguai.

A lenda diz que ele teria escapado dos militares fantasiado de mulher, mas a história contada pelo piloto particular do intrépido cunhado de João Goulart, Maneca Leães, é bem ilustrativa e digna de um esquete do Moscou Contra 007.

A história foi assim: ele e o Jango chegaram em Porto Alegre de Brasília dia 2 de abril de madrugada. O Brizola tentou convencer o Jango à resistir, mas quando viu que estava falando com um cara que se achava psicologicamente deposto, largou.

Ele queria que o Jango pusesse ele como Ministro da Justiça. Largou o presidente e foi para a prefeitura discursar, queria convocar a população e o III Exército e não conseguiu nada.

Aí ele ficou um mês e meio clandestino no RS até se exilar. Antes ele mandou a Neusa e os filhos para o Uruguai. Em Montevideu ela contatou o piloto do Jango. O cara largou a família também lá e foi para São Borja com um teco-teco.

Enquanto isso, o Brizola conseguiu uma farde da Brigada do ex-chefe da Casa Miltar dele, o Átilo Escobar, enquanto estava escondido num quartinho na casa de uma senhora (parente de outro ordenança do tempo do Piratini), no Duquesa, em plena Rua da Praia.

Ele se escondeu num cobertor embaixo do "puta merda" (aquela alça que fica em cima do porta-luvas) do Fusca dela e lá foram eles 100 quilômetros até Pinhal. Isso era 15 de maio de 64.

O piloto do Jango voou de São Borja até até Punta Del Este, enquanto os dois iam para a praia de Fusca. A missão do piloto era ir de Punta até Pinhal, pela beira do mar. Ou seja, subir quase todo o estado pela costa. Não havia um ponto de encontro específico e o Cesna não tinha instrumento de navegação.

O cara foi na base do relógio de pulso voando baixo emplena escuridão, só vendo a espuma das ondas pelo caminho. O relógio porque ele só sabia queo Brizola ia estar a duas horas e meia do ponto de onde ele partiu.

Se ele chegasse cedo ou tarde, podia ser cedo ou tarde demais.

Se algo desse errado, o Átio Escobar seria o plano 2, e teria a missão de atravessar a fronteira com um comboio da Brigada Militar e o Brizola fardado de soldado e de capacete enfiado na cabeça...


Aí então ele reotrnou com o Brizola, que o tempo todo achava que a FAB ia interceptá-los. Pousaram em Sarandi Grande, e depois foram para o Punta. O piloto disse para a mulher, depois: "resolvi o problema do gado do doutor Jango".

Só que não foi preciso. Já que o céu era de brigadeiro, o piloto, voando baixo para não ser percebido, fez o trajeto no RS no limite da plataforma continental. quando deu duas horaae meia ele se aproximou e viu um carro e um jipe, achou estranho mas resolveu pousar, e viu um BM sem capcete, era o Brizola, era umas oito da manhã.

Esse piloto, o Maneca Leães, depois seria quem traria o mesmo Brizola do exílio em 79, do Paraguai para São Borja. Não pôde trazer Jango, que morreu de infarto no exílio, três anos antes. Aliás, o único presidente brasileiro que morreu exilado.

3 comments:

Júlia História said...

Tri massa,...mas poxa..revolução não dá, né?

Marcelo said...

Mudei o texto Júlia *-*

pilgerowski said...

O Edifício Duquesa não fica na Rua da Praia, mas sim no passeio Inverno da escadaria da Borges, a do Viaduto Otávio Rocha.