Sem maiores delongas, chega de intermediários, no dia 3 de outubro, vote 99: CECÍLIA MEIRELES NA CABEÇA.
Saturday, October 02, 2010
Boca de Urna
Bem amigos, já que o homem é um animal político, como diria a bicha estagirita do Aristóteles e que o pior analfabeto é o analfabeto político, como diria Pepino, o Breve, este humilde redator que, com efeito, não é nenhum filho de chocadeira, SIM, tem candidato para esta eleição e - pasmem - vai abrir o seu voto.
Sem maiores delongas, chega de intermediários, no dia 3 de outubro, vote 99: CECÍLIA MEIRELES NA CABEÇA.
Sem maiores delongas, chega de intermediários, no dia 3 de outubro, vote 99: CECÍLIA MEIRELES NA CABEÇA.
Uma fábula
Oi amgs
Era uma vez um jumento falante, orelhudo e ligeiramente cinza. Ele puxava pelas ruas uma carroça de carretos. Um dia, um homem viu o jumento rezingando:
"Ai de mim, ai de mim, mas que droga de vida que eu vivo, faça chuva ou faça sol, eu puxando carretos". O homem ficou surpreso, e perguntou:
"Meu amigo jumento, se você pode falar, por que você não se rebela, não fala que você está sendo explorado dessa maneira lamentável e lastimável, meu amigo jumento?".
O jumento respondeu: "meu amigo ser humano, se esse celerado do meu dono descobre que eu falo ele ainda vai me mandar gritar OLHA O CARRETOOOOO".
MORAL DA HISTÓRIA: Não tem moral nenhuma, vão dormir todos vocês
Saturday, September 25, 2010
500 REAIS
A Ponte de Azenha
Patrício, não me avexo de uma heresia;
mas era Deus que estava
no luzimento daquelas estrelas
Simões Lopes Neto
É aquela história que a minha vó já dizia: se você quer que alguém faça alguma coisa, por Tutatis, peça para quem tem bicho-carpinteiro, hypocrite lecteur, mon semblable, mon fere; para maturango, não peças nada - jamais. Escute.
Minha história é a seguinte. Meu chefe mandou me confiou um envelope pardo com R$ 500 para que eu depositasse na conta da empresa. Problema é que me pediram para comprar uma passagem para Itaqui, na Rodoviária. Tudo isso numa sexta-feira véspera de feriadão (era Semana Farroupilha).
Eu, como sempre, com panfletos, chaves, troco de todo o tipo nos bolsos, saí correndo, mala de garupa às costas e tudo (sempre que me vêem de mala de garupa, me perguntam se eu sou de Uruguaiana, não sei o porquê, mas azar)
Fui primeiro na Rodoviária. Uma fila enorme, muita gente. Comprei as passagens. Depois, tive que ir numa lotérica e, antes, parei numa lanchonete para beber algo. Bebi uma, duas, três cervejas. Já estava quase no clima do feriado.
Quando era quase quatro da tarde, eu entrei na agência. Revirei a mala, bolsos, e nada. Cadê os R$ 500? Olhava para os clientes para lá e para cá, alheios à minha confusão de idéias. E eu revirava de tudo o que é jeito os meus bolsos. Mala de garupa, Mala de garupa, bolsos, bolsos da jaqueta de brim. Nada.
Perdi os R$ 500. Só tinha o troco das passagens e mais um dinheiro que eu carregava sempre comigo. Tudo passou pelo meu pensamento lívido como aquele fim de tarde: todo o trajeto. Fila, Rodoviária, loja, ônibus, lotérica, Rodoviária, lotérica, fila. Onde eu esqueci aquilo, meu Deus?
Meu Deus. Certo é que, onde quer que fosse, eu havia perdido tudo para sempre. Era dinheiro, apenas dinheiro e nada mais do que dinheiro. Quem achou desapareceu na poeira do tempo, por mãos excusas e inocentes. Eu estava ficando pálido de desespero.
- Você está bem, meu filho? – Perguntou uma velhinha.
- Eu fiz besteira, minha senhora, fiz besteira, eu perdi dinheiro do meu chefe – balbuciei. Preferia antes que o diacho me levasse com suas botas, mas agora, o que vai ser de mim?
Fiquei com aquela sensação de quem quebrou algo e fica imaginando que, há poucos minutos antes, estava tudo bem na santa paz de Deus. Fiquei também pensando como a vida, num pequeno movimento, faz tudo cair por terra como um castelo de cartas. Não, eu também tinha parte nisso, e muita.
Eu fui displicente em guardar aquele valor (fiquei vagando em meus pensamentos). Eu fui negligente e irresponsávele não percebi que isso podia acontecer, mesmo sabendo que já fiz coisa do tipo antes. Me odiei por me permitir cometer novamente tamanho ato pueril, ainda mais guardando algo que alguém havia confiado em mim. Pior: quem vai acreditar que eu perdi? Vão achar que eu roubei & menti que perdi para ficar com os R$ 500...
Eu andava na rua à parte, eu não fazia parte da euforia da multidão. Pássaros psicodélicos de 150 kg voando, camundongos de chumbo e girafas coloridas viadutos vomitando carros, brigadianos disfarçados de cavaleiros da Távola vendendo cachorros-quentes para hippies imundos na rua, a Dama do Lago singrando as águas solitárias do Guaíba, as ondinas wagnerianas nuas a correr pelo Cais na cidade dourada da liberdade e as suas santas irmandades aguardando o Fim enquanto entrelaçavam seus cabelos dourados diante da Fonte do Porto sob o manto de esmeralda de um exército de gafanhotos que consumiam o bulício e a loucura da tarde enquanto o Guaíba ria pelos cotovelos e o vento uivava pelo alto dos edifícios de rocha pura e a Mboiotatá devorava olhos de luz pelo Largo da Conceição afora, etc.
Subi toda a Conceição enquanto via as pessoas felizes. Desci o Rosário até o Bonfim, cruzei com um bando de tropeiros que levava a sua cavalhada para o Acampamento Farroupilha, cruzei a João Pessoa e fui descendo a Azenha quando começoua chover forte. Em duas quadras, só minhas cuecas estavam ainda secas. A água havia entrado em meu Allstar furado. Toda a desgraça da minha vida aziaga chovia com aquela chuva sdobre mim. Não me sentia em lágrimas, tamanha era a choradeira que caía do Céu.
Iam me acusar de roubo! Ladrão! É exatamente isso o que eu sou, um ladrão barato, um batedor de carteiras do Polícia em Ação que se vende por nada e que põe toda a sua virtude fora por uma ninharia! Não, por Deus! Eu perdi o maldito dinheiro, meu Deus! Isso não! Não posso ser réu de juízo por algo que eu não fiz! Mas quem vai diabos vai acreditar em mim? Em quem eu posso confiar, agora? Onde eu vou conseguir dinheiro para repor isso, meu Deus?
Pensei em morrer ou me matar. Cheguei debaixo das palmeiras imperiais da Azenha e fiquei olhando a fúria das águas lamacentas quase a transbordar furiosamente em seu curso no Dilúvio...
Subi na ponte. Ningém podia me ver ou reconhecer, a chuva transformou a paisagem noturna em luzes de faróis e carros apressados correndo de volta para casa. Fiquei parado na mureta da Ponte da Azenha, ali onde os farroupilhas outrora invadiram a cidade, mas agora debaixo de uma chuva torrencial. O Dilúvio agora serpenteava hectolitros de lama, galhos de árvores, cadáveres de cachorros e estofados. Eu ia dar um salto ornamental para o fim do meu sofrimento.
Então bradei:
Pereça o dia em que nasci.
E a noite em que foi dito: uma criança masculina foi concebida! Que esse dia semude em trevas! Que Deus nas alturas não se incomode mais com ele! Que as trevas e a obscuridade se apoderem dele, que as nuvens o envolvam, que eclipses o apavorem, que a sombra o domine! Que esse dia não seja contado entre os dias do ano, nem seja lembrado entre os meses. E que seja estéril essa noite para todo o sempre, Amém.
Então eu me lembrei dela. Seus cabelos castanhos, sua pele ebúrnea, sua verruguinha na bochecha direita, sua voz pueril, do seu riso engraçado quando eu falo as minhas besteiras, doseu cálido olhar suave quando me olha, do seu Allstar branco, da sua adorável teimosia, do óculos dela colado com fita isolante Scotch, do seu sorriso que sempre me faz sorrir em minha alma profunda. Eu tenho que vê-la novamente, MAS ANTES TRNHO QUE acabar com todo esse drama tolo que eu me meti.
Um vira-latas (branco com as patas e o olho esquerdo carimbado de preto) me viu pendurado e, dado o insólito da situação, me fitou do rés-do chão da calçada abanando o rabo lentamente, com a cara pingando chuva.
Deus existe. Ele certamente estava naquele momento em que eu desci da ponte. Ele fez aquele vira-latas me sentir um tolo ali na ponte. Minha mala de garupa agora era um filete de pano encarcado no ombro.
Voltei para casa em fúria comigo mesmo: a culpa é minha, eu vou contar a verdade, e vou dizer que vou arrumar o dinheiro de volta, e com juros. Se isso aconteceu, foi para que eu aprendesse e não repetisse tamanha negligência nunca mais na minha vida. Ia, sei lá, arrumar um emprego de telemarketing nem que seja por dois malditos meses, para juntar a grana, depois assino a rascisão e dou baixa na carteira, ou, sei lá, continuo, azar. Havia uma solução. Sempre vai existir uma solução.
Cheguei em casa noite escura num estado de penúria. Meu pai me olhou sem me ver, e disse: “a janta está pronta”.
Entro no quarto escuro, tiro os tênis ensopados, abro as cortinas e acendo o abajur. Na minha escrivaninha, o envelope de papel pardo. Surpreso, abro o envelope. Lá estão os R$ 500.
Fiquei rindo como um tolo. Meu pai aparece de soslaio no marco da porta: “aconteceu alguma coisa?”.
- Graças a Deus não aconteceu nada - respondi.
Tuesday, September 21, 2010
TEATRO PATO MACHO
Capitalismo Selvagem
Tragédia em um ato
Personagens: empregador e o candidato
Época - atemporal
ATO ÚNICO:
Cantidato: Bom dia, eu vim responder a uma proposta de oferta de emprego.
Empregador: Muito bem, sente-se.
Candidato: (se senta)
Empregador: (com firmeza) Muito bem, estou vendo que você é dependente, mora de favor e está desempregado há mais de sete meses. Qual é a sua renda?
Candidato: nove salários mínimos, senhor.
Empregador: Onde você mora? Bairro, etc?
Candidato: Moro na Boa Vista, mais precisamente na praça Província de Shiga, senhor.
Empregador: Muito bem. Você tem carro?
Candidato: (com um sorriso surpreso) Sim, dois. Um Jaguar e um Lambourghini branco.
Empregador: Casa ou apartamento?
Candidato: Cobertura, senhor.
Empregador: Qual é a sua formação, tem curso superior, qual?
Candidato: (boceja) Coimbra, Cambridge e Oxford, senhor. Ciências da Comunicação, Sociologia e Filosofia, respectivamente.
Empregador: Você viaja com frequência? se viaja, para onde costuma viajar?
Candidato: (com ar de desdém, polindo as unhas das mãos) Viajo pouco, senhor, mas no último verão, eu estiquei um passeio até minha mansão de 44 quartos em Vilefranche-Sur-Mer, na Riviera Francesa...
Empregador: (tira os olhos do currículo do candidato e, com a rabeta dos olhos, fixa a vista na cara dele) Espere aí, você está me fazendo de bobo, é?
Candidato: Mas foi o senhor quem começou!
(Cai o pano bem rápido)
Tragédia em um ato
Personagens: empregador e o candidato
Época - atemporal
ATO ÚNICO:
Cantidato: Bom dia, eu vim responder a uma proposta de oferta de emprego.
Empregador: Muito bem, sente-se.
Candidato: (se senta)
Empregador: (com firmeza) Muito bem, estou vendo que você é dependente, mora de favor e está desempregado há mais de sete meses. Qual é a sua renda?
Candidato: nove salários mínimos, senhor.
Empregador: Onde você mora? Bairro, etc?
Candidato: Moro na Boa Vista, mais precisamente na praça Província de Shiga, senhor.
Empregador: Muito bem. Você tem carro?
Candidato: (com um sorriso surpreso) Sim, dois. Um Jaguar e um Lambourghini branco.
Empregador: Casa ou apartamento?
Candidato: Cobertura, senhor.
Empregador: Qual é a sua formação, tem curso superior, qual?
Candidato: (boceja) Coimbra, Cambridge e Oxford, senhor. Ciências da Comunicação, Sociologia e Filosofia, respectivamente.
Empregador: Você viaja com frequência? se viaja, para onde costuma viajar?
Candidato: (com ar de desdém, polindo as unhas das mãos) Viajo pouco, senhor, mas no último verão, eu estiquei um passeio até minha mansão de 44 quartos em Vilefranche-Sur-Mer, na Riviera Francesa...
Empregador: (tira os olhos do currículo do candidato e, com a rabeta dos olhos, fixa a vista na cara dele) Espere aí, você está me fazendo de bobo, é?
Candidato: Mas foi o senhor quem começou!
(Cai o pano bem rápido)
Saturday, September 18, 2010
Cidade Baixa Blues
Dinheiro não é tudo. Mas para sair com um amigo, de noite, sem grana, ou seja, sob o mecenato de um amigo, é complicado. Ainda mais se você souber que ele é um galanteador nato e, na verdade, não é bem amigo de verdade.
É aquele tipo de amigo que te procura para não sair sozinho, ou para não ficar sozinho num boteco da moda caso não ache nenhum parceiro no meio do pessoal. Claro que, sendo um galanteador nato e tenho grana, ele logo logo consegue puxar conversa com um trio de meninas que, com efeito, não estão ali a trabalho.
Tinha um chapa meu que um dia me achou na rua, e me pediu o Messenger. A gente trocou uma conversa ou duas e, dias depois, ele marcou uma balada ali na João Alfredo. Jantamos num restaurante ali perto e depois zarpamos para um bar em frente, que todos conhecem. Rolou conversa com umas minas, a gente achou uns conhecidos, o show começou e estava tudo bem.
Só que ao contrário dele, eu não tinha como oferecer cerveja para nenhuma delas. O cara achou mais um parceiro e como elas eram três, havia alguma relativa possibilidade de todos se darem bem.
Mas naturalmente eu me conheço e, nessas situações em que você fica na obriga, ou elas são lindas demais para você ou você é feio demais para elas, ou quase todas elas.
Fora que não havia como conversar com aquela música toda e eu, sem beber nada ou, por outra, simplesmente bebericando um copo de chope há pelo menos duas horas e meia para dar a entender que eu estava bebendo, eu sabia que a noite dependia de dinheiro. E eu era apenas um pajem de merda naquela noite triste.
A tendência era piorar, e foi o que aconteceu. O bar lotou, as meninas foram para outro canto do bar de tão entediadas, enquanto o meu amigo estava quase conseguindo um esquema com uma delas. Eu pensei rápido: é lógico, ele pega a mina, me deixa um troco para a consumação mínima e vai embora.
Numa progressão fulminante, ele apareceu. Disse: “bah, Marcelão, tu vai me desculpar, mas eu vou ter que sair. Aqui tá a grana da consumação”. Ele ainda estava lá dentro conversando com a garota quando eu discretamente peguei o porteiro e ganhei a rua. Devia ser ainda umas onze e vinte da noite.
Podia de repente esticar a noite, subir a República e tomar um engradado de Polar e depois voltar para casa para dormir o sono dos justos. Pior é que como convite surgiu no fim da tarde, pelo telefone, não pude colocar a minha melhor roupa. E não tinha dinheiro.
É aquele tipo de amigo que te procura para não sair sozinho, ou para não ficar sozinho num boteco da moda caso não ache nenhum parceiro no meio do pessoal. Claro que, sendo um galanteador nato e tenho grana, ele logo logo consegue puxar conversa com um trio de meninas que, com efeito, não estão ali a trabalho.
Tinha um chapa meu que um dia me achou na rua, e me pediu o Messenger. A gente trocou uma conversa ou duas e, dias depois, ele marcou uma balada ali na João Alfredo. Jantamos num restaurante ali perto e depois zarpamos para um bar em frente, que todos conhecem. Rolou conversa com umas minas, a gente achou uns conhecidos, o show começou e estava tudo bem.
Só que ao contrário dele, eu não tinha como oferecer cerveja para nenhuma delas. O cara achou mais um parceiro e como elas eram três, havia alguma relativa possibilidade de todos se darem bem.
Mas naturalmente eu me conheço e, nessas situações em que você fica na obriga, ou elas são lindas demais para você ou você é feio demais para elas, ou quase todas elas.
Fora que não havia como conversar com aquela música toda e eu, sem beber nada ou, por outra, simplesmente bebericando um copo de chope há pelo menos duas horas e meia para dar a entender que eu estava bebendo, eu sabia que a noite dependia de dinheiro. E eu era apenas um pajem de merda naquela noite triste.
A tendência era piorar, e foi o que aconteceu. O bar lotou, as meninas foram para outro canto do bar de tão entediadas, enquanto o meu amigo estava quase conseguindo um esquema com uma delas. Eu pensei rápido: é lógico, ele pega a mina, me deixa um troco para a consumação mínima e vai embora.
Numa progressão fulminante, ele apareceu. Disse: “bah, Marcelão, tu vai me desculpar, mas eu vou ter que sair. Aqui tá a grana da consumação”. Ele ainda estava lá dentro conversando com a garota quando eu discretamente peguei o porteiro e ganhei a rua. Devia ser ainda umas onze e vinte da noite.
Podia de repente esticar a noite, subir a República e tomar um engradado de Polar e depois voltar para casa para dormir o sono dos justos. Pior é que como convite surgiu no fim da tarde, pelo telefone, não pude colocar a minha melhor roupa. E não tinha dinheiro.
Wednesday, September 15, 2010
No MSN
Ela: oi
Eu: (estranhando um contato depois de cinco meses) oi
Ela: tudo bem?
Eu: saudades
Ela: tava doente,fui no médico e agora estou melhor
Ela: hoje foi um dia cheio, acordei, peguei o ônibus, fui para uma reunião de pauta com o pessoal da emissora, depois comi uma barrinha de cereal e tive que atravessar a cidade toda porque tinha que me reunir com a minha orientadora,discutir oanteprojeto, depois pegar uns livros na biblioteca, depois tive aeróbica, depois fui pagar algumas contas e depois ainda tive aula até as dez e quinze
Eu: (comovido)puxa, eu estava morrendo de saudades tuas
Ela: não tô entendendo o rumo dessa conversa
Eu só quis dizer que queria ter a oportunidade de dizer que eu estava morto de saudades...
Ela: sei lá
Ela: me esqueça
Ela: você fica me pressionando
Eu O.o
Ela: só queria saber se você estava bem
Ela: me esquece
Ela: agora vou dormir
Ela: estou cansada
Ela: sou uma pessoa muito ocupada
Eu: (estranhando um contato depois de cinco meses) oi
Ela: tudo bem?
Eu: saudades
Ela: tava doente,fui no médico e agora estou melhor
Ela: hoje foi um dia cheio, acordei, peguei o ônibus, fui para uma reunião de pauta com o pessoal da emissora, depois comi uma barrinha de cereal e tive que atravessar a cidade toda porque tinha que me reunir com a minha orientadora,discutir oanteprojeto, depois pegar uns livros na biblioteca, depois tive aeróbica, depois fui pagar algumas contas e depois ainda tive aula até as dez e quinze
Eu: (comovido)puxa, eu estava morrendo de saudades tuas
Ela: não tô entendendo o rumo dessa conversa
Eu só quis dizer que queria ter a oportunidade de dizer que eu estava morto de saudades...
Ela: sei lá
Ela: me esqueça
Ela: você fica me pressionando
Eu O.o
Ela: só queria saber se você estava bem
Ela: me esquece
Ela: agora vou dormir
Ela: estou cansada
Ela: sou uma pessoa muito ocupada
Friday, September 10, 2010
Sic Transit
Atendente psicótica do telemarketing do Itaú vamos fazer um Pic aqui em casa sua linda?
O senhor está interessado?
Então, o senhor está interessado?
Por que o senhor não está interessado?
O senhor tem que estar interessado, veja as vantagens (observem a função fática da linguagem)
Mas, afinal de contas, depois de toda a explicação do plano, o senhor não entende que isto será uma vantagem para o senhor?
Mas o senhor não acha que por apenas (não lembro o valor) debitado em sua conta, o senhor pode ter a chance de investir em algo que pode ser favorável para o senhor a sua família (que família)?
O senhor está interessado?
Então, o senhor está interessado?
Por que o senhor não está interessado?
O senhor tem que estar interessado, veja as vantagens (observem a função fática da linguagem)
Mas, afinal de contas, depois de toda a explicação do plano, o senhor não entende que isto será uma vantagem para o senhor?
Mas o senhor não acha que por apenas (não lembro o valor) debitado em sua conta, o senhor pode ter a chance de investir em algo que pode ser favorável para o senhor a sua família (que família)?
Wednesday, September 08, 2010
Meu Diário
Sonhei hoje que eu cheguei nos Céus e me atendeu o São Pedro com uma prancheta Umbro, estilo Joel Santana. São Pedro vai me fazer uma dinâmica de grupo. "É deixa ver, Marcelo, né, venha por aqui, tem mais sete candidatos". Ele dizendo: gentem, tenho 3 vagas aqui, uma para imadiato e duas de espera, no Purgatório. Eu esfreguei as mãos e pensei: "um purgatoriozinho já tá mais do que bom"
Certo momento, "Quem sabe de cor aí Romanos 8:35?". Aí vai aparecer um maldito beato e recita, na ponta da língua: "Quem vai nos separar do amor de Cristo?". Eu: "caralho". Outra, Lucas 19,10: "outro na salinha: "porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que havia se perdido". Bom, me fudi.
No fim, São Pedro disse: "os escolhidos a gente liga, tá legal, gente? Eu, perplexo: "porra, até aqui eu me fodo com essa merda". Aí fui para o Inferno de Dante.
Chego lá, um homem de barbas longas, vestes negras, e túnica,olhar sombrio e inquisidor e tez impassível me atende. Arrisco: "você é que o Dante?". Ele diz: "não, eu sou o Velho Barreiro". Aí eu ri: peraí, cara, isso é um sonho né? Tá na hora de acordar.
Certo momento, "Quem sabe de cor aí Romanos 8:35?". Aí vai aparecer um maldito beato e recita, na ponta da língua: "Quem vai nos separar do amor de Cristo?". Eu: "caralho". Outra, Lucas 19,10: "outro na salinha: "porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que havia se perdido". Bom, me fudi.
No fim, São Pedro disse: "os escolhidos a gente liga, tá legal, gente? Eu, perplexo: "porra, até aqui eu me fodo com essa merda". Aí fui para o Inferno de Dante.
Chego lá, um homem de barbas longas, vestes negras, e túnica,olhar sombrio e inquisidor e tez impassível me atende. Arrisco: "você é que o Dante?". Ele diz: "não, eu sou o Velho Barreiro". Aí eu ri: peraí, cara, isso é um sonho né? Tá na hora de acordar.
Tuesday, August 31, 2010
Eu & a Cyd Charisse

Cyd
Minha cadela Frida amanheceu doente, hoje. Ela estava estranha demais, a ponto de sequer me sorrir latindo com o rabo. Levei ela correndo no veterinário; na verdade, força de expressão, é uma veterinária. Uma morena de lábios provocantes e pernas longas, enfim, quase uma Cyd Charisse.
Ela tratou minha cadela com todo o amor e carinho. Ficou horas conversandocom ela, como se fosse capz de curar aquele pobre animal com sua voz doce e amigável. Depois, afagou a Frida, e explicou a ela (e a mim, mas à ela, principalmente) qual seria o procedimento a ser tomado. E eu fiquei ali segurando a Frida pela crina enquanto o soro corria veias afora. Depois, Cyd Charisse fez de tudo para que a vacina não fosse dolorosa: acariciava o pequeno dorso da minha pobre schnauzer,para que obicinhno entendesse que a aplicação era para o seu bem.
Em seguida, a Cyd liberou a Frida. Agora de tarde, ela quis saber como a Frida estava, e portanto me igou. Disse que ela estava bem, e então a Cyd recomendou várias coisas, naturalmente muitíssimo (como diria Augusto dos Anjos) preocupada para que a Frida convalecesse a contento e ficasse radiante e disposta novamente para correr e brincar, como é típico de um schnauzer.
Muito emocionado (estava meio emocionado por outras questões, essas que não tem nada a ver com o caso, enfim, eu me despedi), e desliguei. Mas mais tarde, ligeiramente perplexo, eu fiquei comparado o modus operandi da Cyd e a forma com que a gente é tratada por médicos em geral — em geral com uma íngreme frieza hospitalar para conosco e tal, daqueles tipo atendente do Beco dos Livros, que pergunta e responde sem ao menos olhar na nossa cara de espanto. Enfim. Depois de tudo isso, eu cheguei a uma conclusão conclusiva: da próxima vez que eu ficar doente, vou me consultar com a Cyd Charisse.
Tuesday, August 24, 2010
A morte e a morte de D. Vicente Scherer
Outro dia eu cometi um ato falho, estava falando dos desafetos do Nelson Rodrigues e,entre eles estavam o pensador católico Gustavo Corção, o fundador da AGIR Editora (e também pensador católico), Tristão de Atahíde e o Dom Hélder Câmara.
Não é o que eu iria dizer, ou por outra, ocorre que, ao citar D. Hélder, eu falei Dom Vicente Scherer. Ninguém sabia de quem eu estava falando, até que eu me dei conta que citava por engano o antigo Arcebispo de Porto Alegre (de 1947 até 1981) porque eu descobri que ele havia sido pároco na igreja São Geraldo (bairro operário da cidade), onde meus pais se casaram e este que voz escreve foi levado intrépida e galhardamente à pia batismal.
Mas depois me dei conta que o D. Vicente é uma figura hoje pouco lembrada (e pouco biografada), mas que, mesmo não sendo daqui (ele era de Bom Princípio), foi um dos mais ilustres e folclóricos personagens desta paisagem urbana. Claro que apenas peguei a deixa do meu execrável ato falho paraacrescentar um fato que tem mais a ver com o lado folclórico dele, e que muita gente acha que é lenda urbana.
A história é a seguinte. O Dom Vicente tinha um programa na Difusora toda terça, chamada A Voz do Pastor (ele assinava um artigo de fundo semanal com o mesmo nome na imprensa porto-alegrense, que seguiu no Correio do Povo mesmo depois da sua morte, em 1996, mas redigida obviamente pelo seu sucessor, e não por Dom Vicente in excelsis, vocês entenderam).
Como eu ia dizendo, o Dom Vicente falava nos microfones da Difusora toda semana e, de tanto ouvir a sua vóz fina e anasalada ("mistéeerios gozóooozos"), em pouco tempo, quase toda Porto Alegre sabia imitá-lo. Não era raro apareceram trotes de toda a espécie, sempre "protagonizados" pelo nosso "arcebispo" ao passo que a vítima, com efeito, temendo estar falando com o próprio Dom Vicente, ficava com medo de revidar. Ou não.
Ou não porque, certa feita, no fim dos anos 50, num domingo sonolento de sol, final de tarde, um pouco antes das seis, uma voz de mulher ligou para a então recém fundada rádio Guaíba.
— Pronto, boa tarde — disse a senhora — Eu sou a Madre Heloísa e estou ligando aqui da Cúria Metropolitana para informar, com grande tristeza, que o nosso querido arcebispo, Dom Vicente Scherer, acabou de falecer. Se por acaso os senhores desejarem mais detalhes, por obséquio, liguem para o Cônego Pedro Abelardo, número 5923.
Atônito e sob o impacto de receber aquela hercúlea bomba no colo, o redator de plantão foi confirmar o trágico sinistro (perdoem o pleonasmo. ou não). Atendeu o tal Cônego Pedro Abelardo, muito consternado:
— Sim, é vrdade — respondeu o clérigo. — Estamos muito consternados com tamanha infausta. Ele prostrou o seu deradeiro suspiro...
Num átimo de minutos, a Guaíba irrompia o éter com uma edição extraordinária do Corrspondente Renner (saudoso, diga-se de passagem) enquanto os sinos da Cetedral dobravam (a rigor, eram seis da tarde e eles sempre tocam às seis da tarde — ou não).
Uma hora depois, descobriu-se que era um trote, e que o Dom Vicente estava vivão. O então chefe da redação da emissora, Flávio Alcaraz Gomes, e o diretor da Guaíba, Arlindo Pasqualini irromperam do seu dia de folga para acompanharam o desenrolar dos acontecimentos quando ficaram também duplamente surpreeendidos com a tremenda bariga deflagrada pelo Correspondente.
Pasqualini queria triturar o pobre redator que caiu na pegadinha (embora tenha recebido confirmação embora fria, de qualquer forma, indesculpável, mas eram outros tempos românticos e floridos e dourados & isso hoje não acontece mais não é mesmo gnt). Como ia sobrar — e devia sobrar — para alguém, esse alguém foi o repórter.
Nesse meio tempo, durante a noite de domingo e a segunda inteira, a central de telefones da Guaíba foi infestada por trotes de gente ligando para tirar sarro da barrigada da emissora e, com efeito, imitando o jeito de falar de Dom Vicente...
Mas nosso herói não levou aquilo a sério como Pasqualini, que tinha a credibilidade do jornalismo da rádio a zelar. mas como um valor mais alto se "alevanta", como diria Camões, o nosso arcebispo soube da demissão do redator e, numa sublime missão de paz, decidiu ligar para a Guaíba para falar com o "capitão". Scherer queria que eles voltassem atrás, o perdoassem, em nome dos céus, e o reintegrassem à redação.
Dom Vicente liga para a Guaíba. Alguém atende. Ele fala:
— Alóooo, aqui quem fala é o Dom Vicéénte Scherer, eu queria rogaáar ao doutoóóór Pasqualini para que ele voltasse atrás e...
— Ora, vá à merda!
E desligou.
No dia segunte, surpresa: o Dom Vicente apareceu pessoalmente na sede da Caldas Júnior, para tratar do caso. Da entrada até a porta da Guaíba, no segundo andar, foi uma procissão de beija mãos e de "louvado seja Nosso senhor Jesus" até que Pasqualini o recepciona. Os dois se abraçam, o diretor beija a mão de Dom Vicente, que sorri para Pasqualini e dispara:
— Quer dizer que além de me matarem vocééés me ressusitam e ainda me mandam à merda, não é?
Não é o que eu iria dizer, ou por outra, ocorre que, ao citar D. Hélder, eu falei Dom Vicente Scherer. Ninguém sabia de quem eu estava falando, até que eu me dei conta que citava por engano o antigo Arcebispo de Porto Alegre (de 1947 até 1981) porque eu descobri que ele havia sido pároco na igreja São Geraldo (bairro operário da cidade), onde meus pais se casaram e este que voz escreve foi levado intrépida e galhardamente à pia batismal.
Mas depois me dei conta que o D. Vicente é uma figura hoje pouco lembrada (e pouco biografada), mas que, mesmo não sendo daqui (ele era de Bom Princípio), foi um dos mais ilustres e folclóricos personagens desta paisagem urbana. Claro que apenas peguei a deixa do meu execrável ato falho paraacrescentar um fato que tem mais a ver com o lado folclórico dele, e que muita gente acha que é lenda urbana.
A história é a seguinte. O Dom Vicente tinha um programa na Difusora toda terça, chamada A Voz do Pastor (ele assinava um artigo de fundo semanal com o mesmo nome na imprensa porto-alegrense, que seguiu no Correio do Povo mesmo depois da sua morte, em 1996, mas redigida obviamente pelo seu sucessor, e não por Dom Vicente in excelsis, vocês entenderam).
Como eu ia dizendo, o Dom Vicente falava nos microfones da Difusora toda semana e, de tanto ouvir a sua vóz fina e anasalada ("mistéeerios gozóooozos"), em pouco tempo, quase toda Porto Alegre sabia imitá-lo. Não era raro apareceram trotes de toda a espécie, sempre "protagonizados" pelo nosso "arcebispo" ao passo que a vítima, com efeito, temendo estar falando com o próprio Dom Vicente, ficava com medo de revidar. Ou não.
Ou não porque, certa feita, no fim dos anos 50, num domingo sonolento de sol, final de tarde, um pouco antes das seis, uma voz de mulher ligou para a então recém fundada rádio Guaíba.
— Pronto, boa tarde — disse a senhora — Eu sou a Madre Heloísa e estou ligando aqui da Cúria Metropolitana para informar, com grande tristeza, que o nosso querido arcebispo, Dom Vicente Scherer, acabou de falecer. Se por acaso os senhores desejarem mais detalhes, por obséquio, liguem para o Cônego Pedro Abelardo, número 5923.
Atônito e sob o impacto de receber aquela hercúlea bomba no colo, o redator de plantão foi confirmar o trágico sinistro (perdoem o pleonasmo. ou não). Atendeu o tal Cônego Pedro Abelardo, muito consternado:
— Sim, é vrdade — respondeu o clérigo. — Estamos muito consternados com tamanha infausta. Ele prostrou o seu deradeiro suspiro...
Num átimo de minutos, a Guaíba irrompia o éter com uma edição extraordinária do Corrspondente Renner (saudoso, diga-se de passagem) enquanto os sinos da Cetedral dobravam (a rigor, eram seis da tarde e eles sempre tocam às seis da tarde — ou não).
Uma hora depois, descobriu-se que era um trote, e que o Dom Vicente estava vivão. O então chefe da redação da emissora, Flávio Alcaraz Gomes, e o diretor da Guaíba, Arlindo Pasqualini irromperam do seu dia de folga para acompanharam o desenrolar dos acontecimentos quando ficaram também duplamente surpreeendidos com a tremenda bariga deflagrada pelo Correspondente.
Pasqualini queria triturar o pobre redator que caiu na pegadinha (embora tenha recebido confirmação embora fria, de qualquer forma, indesculpável, mas eram outros tempos românticos e floridos e dourados & isso hoje não acontece mais não é mesmo gnt). Como ia sobrar — e devia sobrar — para alguém, esse alguém foi o repórter.
Nesse meio tempo, durante a noite de domingo e a segunda inteira, a central de telefones da Guaíba foi infestada por trotes de gente ligando para tirar sarro da barrigada da emissora e, com efeito, imitando o jeito de falar de Dom Vicente...
Mas nosso herói não levou aquilo a sério como Pasqualini, que tinha a credibilidade do jornalismo da rádio a zelar. mas como um valor mais alto se "alevanta", como diria Camões, o nosso arcebispo soube da demissão do redator e, numa sublime missão de paz, decidiu ligar para a Guaíba para falar com o "capitão". Scherer queria que eles voltassem atrás, o perdoassem, em nome dos céus, e o reintegrassem à redação.
Dom Vicente liga para a Guaíba. Alguém atende. Ele fala:
— Alóooo, aqui quem fala é o Dom Vicéénte Scherer, eu queria rogaáar ao doutoóóór Pasqualini para que ele voltasse atrás e...
— Ora, vá à merda!
E desligou.
No dia segunte, surpresa: o Dom Vicente apareceu pessoalmente na sede da Caldas Júnior, para tratar do caso. Da entrada até a porta da Guaíba, no segundo andar, foi uma procissão de beija mãos e de "louvado seja Nosso senhor Jesus" até que Pasqualini o recepciona. Os dois se abraçam, o diretor beija a mão de Dom Vicente, que sorri para Pasqualini e dispara:
— Quer dizer que além de me matarem vocééés me ressusitam e ainda me mandam à merda, não é?
Friday, August 20, 2010
Uma taça e um sonho
Meu amigo Parsifal me mandou isso, ontem. Ele é colorado fanático, e tem mais ou menos a minha idade.
Ele me disse: "cara, me lembro quando o Inter foi campeão do Supercampeonato de 2002. Era o primeiro título desde, sei lá, acho que 1998",disse. Aí me falou que saiu com a camisa do clube na rua e ouviu de dois gremistas, na rua (minto, na fila da Biblioteca da PUCRS, ele disse). "Só porque ganharam esse campeonatinho tiraram a camisa do armário".
Quase se botou no autor do gracejo. Mas se segurou. Depois foi o drama do Brasileiro daquele ano, e falou daquele São Caetano e Inter, na última rodada: o Inter precisava de 3 pontos para a vaga na Libertadores e levou 5 em São Caetano do Sul.
O cara adoeceu, tava com o complexo de Vira-Latas incubado. Depois, a duras penas, veio aquele jogo contra o Boca, em 2004. Um desastre em Buenos Aires, a ilusão da reação no jogo de volta. Goleiro do Inter sofreu um gol sintomático, de clube que tem sapo enterrado. Bola bate nas costas dele e entra. Azar de perdedor. Me disse que sempre que saía na rua, um gremista amigo dele inticava: "ão ao ao, só ganha gauchão!".
disse que a saída do jogo era um misto de orgulho por disputar uma parelha numa partida de caráter internacional e de frustração. Ele disse que sacudiu um amigo na frente do Celeiro de Ases, sentpu no meio-fio e chorou lágrimas de esquicho.
"Porra, cara, essa é a nossa diferença deles! Quando a gente tava em baixa, eles aproveitaram e chegaram no topo. Quando eles estão em baixa, o nosso time não sabe aproveitar! É o time do quase mesmo, droga!". E as lágrimas caíam para os lados, como um filme mudo. Era a imagem do palhaço da ópera.
Veio 2005 e e Campeonato Roubrasileiro. E a anulação dos jogos. "pora, mas como pode?", ele dizia, crispado de espanto. Fim do ano, ele, putíssimo, berava: "porra, cara, roubam a gente daquela maneira e essa direção de merda fica comemorando os 30 anos de 75. mas o que é isso? Prêmio de consolação era uma Libertadores. Mas era tanta injustiça que o limão ia virar limonada.
Ia porque o Inter era favorito e perdeu o Gauchão mais ganho de todos os tempos e em casa. Veio a Libertadores e o resto todos sabem. Mas, como dizia o Sinatra, o melhor ainda estava para vir.
Problema era o complexo de vira-latas — diz ele mas, como qualquer torcedor, ele entende que até é uma hipótese plausível. O xis da questão era entender como o clube conseguiu superar o doloroso estigma de ser o time "do quase" e de viver do passado só para elaborar tudo como um ciclo que acabou. É um problema de muitos times, independente da torcida. Nelson Rodrigues tecia inúmeras tesas sobre isso, principalmente quando ninguém imaginava que fosse possível colocar o futebol no divã. O sapo era psicológico.
Mas o engraçado foi ver o cara ontem. Tava todo de vermelho, com uma lata de cerveja, e vivendo numa espécie de transe, de mundo paralelo. Parecia que tinha visto a face de Deus na sarça de fogo e havia descido do monte com as tábuas da Lei. E a sua cabeleira tinha um quê de bíblico, de Moisés de Cecil B. de Mille.
Ele nem acredita. Ninguém acredita, mas tanto faz. só sei que largou o psiquiatra. E o Internacional definitivamente também. É aquela coisa; se a história tem um fim, ela tem que terminar com uma taça e uma volta olímpica. a explicação que fique para os deuses do futebol. "Se a bola bate nas costas do goleiro hoje, ela sai prá escanteio", ri o meu amigo Parsifal. Ele bebia a cerveja com uma sede brutal e ria pelos cotovelos feito um fauno,feito a Laranja Irritante. A cerveja saía pelo nariz dele.
Ah, ele disse que achou o cara que tirava onde dele. O Parsifal olhou para o sujeito de alto a baixo, bateu no distintivo da camiseta e bradou: "ão, ao, ao, só ganha gauchão!!!!!".
Thursday, August 19, 2010
Tuesday, August 17, 2010
Saturday, August 14, 2010
O pinguim do Marcelo

O nosso principal redator é torcedor de um grande time da Capital gaúcha ao mesmo tempo que torce para o crescente alvianil da zona norte, o São José. E sempre que vai para o estádio do Passo D'Areia, o Marcelo tem que fazer paradas estratégicas no decorrer do percurso em bares e similares para poder reabastecer-se. O nível etílico dos integrantes da Redação do Pato Macho é similar ao do álcool farmacêutico, por volta do 96% do volume. Quando o Marcelo faz esse percurso, se exagera na dose, uma coisa bastante comum, costuma a sumir por uns dias. Já aconteceu dele aceitar convite de um padre que estava tomando um pouco de vinho numa cantina e o Marcelo parar no seminário de Viamão para um retiro espiritual. Quando passou o efeito do álcool, o escriba pato-machense se deu conta que vestia um manto marrom com uma corda à cintura e sandálias de couro.
Noutra ocasião, o nosso redator acordou sendo lambido pelas águas achocolatadas do mar tramandaiense. Assim, encontrei o nobre escrivinhador de mão dada com um pinguim w perguntei:
- Ô, Marcelo, o que tu faz com esse galináceo antárctico?
- Não sei bem, encontrei o bicho na avenida Beira-Mar, em Tramandaí no domingo de tarde. Nem sei como fui parar lá, mas se não me engano, estava tomando uma candibrina com um índio charrua no sábado à tarde, ou guarani, não lembro direito, e ele precisava que eu ajudasse a erguer uma paliçada ali perto de Santa Terezinha ou Imbé. Chegando lá ele me deu um cauim para tomar e comecei a ver elefante cor-de-rosa voando. E saí caminhando em direção ao mar para ver se a água gelada curava aquela viagem. Encontrei o Bob Esponja e o Patrick caçando água-viva e o Lula Molusco tocando flauta. Saí caminhando pela beira da praia e atravessei o rio Tramandaí a nado. Adormeci na areia e acordei na manhã do domingo com o sol rachando na minha cara. Vi o pinguim parado ali, me olhando. Como eu achei que ainda o cauim estava fazendo efeito, peguei o bicho pela mão e fui pedir carona na ponte de Tramandaí. Cheguei agora à pouco e não sei o que fazer com o bicho.
- Tchê, mas leva o pinguim pro zoológico! - disse embasbacado com a história que o redator do melhor jornal do sul do Brasil acabara de contar.
Passou uns dias e nada do Marcelo aparecer na redação do Pato Macho.
No outro domingo, ao passar de carro pela avenida Assis Brasil, encontro o Marcelo de mão dada com a ave do polo sul.
- Pô, Marcelo, não levaste o bicho pro zoológico?
- Levei, tchê. Ele gostou muito. Agora tô levando ele para ver um jogo do grande Zequinha. Acho que ele vai gostar.
Friday, August 13, 2010
Pirulito & Sabonete
— Cadê a neve, que a previsão do tempo prometeu?
— Neve, porra? Cadê o aquecimento global??
Wednesday, August 11, 2010
Vários Alemães
Depois que inventaram megastores, feiras de livros (como a Feira do Livro de Porto Alegre) se tornaram coisas tão arcaicas & superestimadas como, por exemplo beber chimarrão (podem achar a coisa mais tr00 cevar mate mas é algo ostensivamente paleolítico). Feira doLivro de Porto Alegre é ou para beber cerveja ou para cruzar. Digo isso porque a maioria delas possui um espaço para leitura que a maioria das bibliotecas do Brasil (que não tem bibliotecas) não tem. ALIÁS, eu já li vários livros nessas megastores. Se o senhor ou a senhora não têm o que fazer & também não têm dinheiro, bote a fatiota & vá ler um livro numa poltrona de megastore. E além do mais, se querem saber,essas super livrarias não foram feitas para vender livros, também, foram para encher de gente sem dinheiro & desocupada folheando revistas, já que ninguém mais compra revista mesmo, e quem compra é doente. Aceitem (entrementes, falaram que a Feira do Livro de Porto Alegre vai acabar. Pelo naipe de patronáveis, é bom que acabe o quanto antes mas enfim isso fica para um próximo post).
Enfim, não era isso o que eu ia dizer aqui. O problema é que existem livros interessantes, a ponto de fazer a gente lê-los. O preço é que ferra tudo. Por exemplo. Sexta eu tava folheando na Edipuc o livro Varig - Eterna Pioneira, do Joelmir Beting. Quase levei (BRINKS não tinha dinheiro nem para o ônibus de volta). E as fotos (mais de 400) são fantásticas. Como eu ia falar com um compadre lá na Universidade e ele ia demorar uma hora para chegar lá, eu simplesmente pedi licença ao pessoal & li o livro lá mesmo. Agora o bom do livro são as fotos. Sempre que eu passo na Edipucrs eu folheio o livro, vejo o Salgado Filho nos 'tempos mais primórdios'. Nada mais bizarro do que ver o Salgado Filho antes de levar o nome, e aquela vista maluca da Igreja São João reluzindo de nova ao fundo...
Divertido mesmo ver aquelas histórias dos primeiros pilotos com voos para Quaraí. Parece com aqueles relatos dos livros do Exupéry. Um dizia que quando o blend de carvão sumia, era porque eles estavam passando São Jerônimo e a Serra, rumo à Campanha. O piloto dizendo que todos eles devem ter um bom fato. Ou se eles sobrevoassem em rasante nas reses em determinado trecho e elas não se assustassem, era porque elas estavam acostumadas e logo, estavam na rota certa. Ah, o empirismo.
Ou quando a cidade parou quando a Varig (que era chamada de Vários Alemães Iludindo Gaúchos rsrs) comprou o primeiro Constellation e criou a rota para Nova Iorque. Depois a era dos jatos nos anos 60, as grandes rotas ao Oriente O auge foi quando eles pegaram as rotas da Panair, na época da Revolução, ali era o APSE, foi quando surgiu aquela campanha publicitária que até hoje a gente vê no You Tube, do tucano de Ray-ban e do jingle de fim-de-ano, nostalgia pura.
Aliás, eu sou do tempo do caviar da Primeira Classe. Meu pai aparecia em casa de viagem com aquela maletinha bege da Varig com aquela comida de plástico ruim de doer dentro. Óbvio que ele não comia aquele rango de terceira, ele não ia na Primeira Classe, ele não era funcionário estatal, bem feito.
Tem a história de que, quando ela faliu, em 2006, provou do mesmo veneno que destilou na Panair. Depois que a Panair foi tirada do ar pelo Governo Militar, a Varig virou praticamente uma estatal por mais de duas décadas, quando foi o auge, em detrimento da falecida. Mais ou menos o que aconteceu com relação à Globo, os Diários Associados, na mesma época. Como dizia Groucho Marx, tudo o que é sólido se espatifa no ar.
O livro é Varig, Eterna Pioneira, do Gianfranco & do Joelmir Beting, Edipucrs. O preço eu fico devendo, mas tá caro, mais de R$ 200 por aí (olha o preço, mesmo que tenha que custar isso mesmo). Azar. Afinal de contas, isso aqui não é resenha de livro, e não é para comprar, é para ir em qualquer megastore e ler de graça, mesmo. Mas na Edipucrs eu garanto que o cafezinho é de graça.
PS: Engraçado é que a Varig era azul, branca e preta, foi fundada por alemães e começou a decair ali por 2004. Engraçado, não é mesmo? Se você não achou engraçado, então você é gremista.
PS: GINGLE é de **der ¬¬
Tuesday, August 10, 2010
Desculpas Esfarrapadas
Se você não quer se submeter ao humor alheio ou a situações constrangedoras/desagradáveis/de risco ou não está em dia com a Funai (ou quer saber A VERDADE POR TRÁS DOS FATOS), eis aqui um valioso guia de desculpas esfarrapadas.
- Sofri uma pequena luxação e não pude sair de casa
- Tô com problemas na ciática, sem chance
- Não foi o quer você havia me dito
- Minha glicose está alta demais
- Minha glicose está baixa demais
- Minha glicose (coloque aqui qualquer coisa relativa á sua glicose)
- Eu apertei a campainha e ninguém atendeu, não vi nenhuma luz acesa e fui embora
- Eu fiz tudinho coimo a senhora mandou, ficou perfeito, mas esqueci em casa
- Meu irmão tem Down e comeu o meu trabalho, professora
- Eu não te esqueci
- Eu não te esqueci, eu estou passando por problemas pessoais
- Eu andei fora de Internet
- Minha Internet é 500k
- Não tenho Internet
- Eu posso, eu sou homem
- E eu por acaso sou guardião do meu irmão (essa foi a primeira, tá na Bíblia)
- Me esqueça, eu sou uma merda
- Eu não sinto por você o que você sente por mim
- Tive que pegar minha avó no Aeroporto
- Lá na loja funcionou
- Já tava tudo assim quando eu entrei em casa
- Eu não posso, eu sou evangélico
- Eu não posso, eu sou adotada
- Eu não sou assim, eu tava bêbado
- Achei que era para a sexta que vem
- Sofri uma pequena luxação e não pude sair de casa
- Tô com problemas na ciática, sem chance
- Não foi o quer você havia me dito
- Minha glicose está alta demais
- Minha glicose está baixa demais
- Minha glicose (coloque aqui qualquer coisa relativa á sua glicose)
- Eu apertei a campainha e ninguém atendeu, não vi nenhuma luz acesa e fui embora
- Eu fiz tudinho coimo a senhora mandou, ficou perfeito, mas esqueci em casa
- Meu irmão tem Down e comeu o meu trabalho, professora
- Eu não te esqueci
- Eu não te esqueci, eu estou passando por problemas pessoais
- Eu andei fora de Internet
- Minha Internet é 500k
- Não tenho Internet
- Eu posso, eu sou homem
- E eu por acaso sou guardião do meu irmão (essa foi a primeira, tá na Bíblia)
- Me esqueça, eu sou uma merda
- Eu não sinto por você o que você sente por mim
- Tive que pegar minha avó no Aeroporto
- Lá na loja funcionou
- Já tava tudo assim quando eu entrei em casa
- Eu não posso, eu sou evangélico
- Eu não posso, eu sou adotada
- Eu não sou assim, eu tava bêbado
- Achei que era para a sexta que vem
Aviso aos Navegantes
Essa foto,como vocês pode ver muito bom, é da redação do Pato Macho depois da Copa do Mundo. Pessoal saiu para comprar um fardinho de cerveja e cigarros & não voltou mais. Como já se passou um mês & a vida não pára, tiveram que me chamar da Pinel, lá dos altos da avenida Santana para o mundo, a fim de tirar a camisa de força deste escriba que vos fala, onde ele se encontrava amordaçado, taciturno & ermo de pensamentos em suas planícies de tédio desde fevereiro do ano passado, para retomar o projeto do Pato Macho de escovar a contrapelo às iniquidades da sociedade mundana do Rio Grande intelectualóide, pequeno burguês, limitado, contido, ignorante, colonizado, patrulheiro, agonizante, dogmático, meio século de atraso, etc.
A verdade por trás dos fatos (& vice-versa): nosso editor-chefe (vulgo Nildo Foster Kane) anda muito ocupado cuidando de sua cadeia de jornais aqui no O SUL É MEU PAÍS NOT & sendo muito bem subvencionado para tanto, o que fez com que o Pato Macho, este devezenquandário seminal do jornalismo sul-riograndense, ficasse ACÉFALO. Até que — eis que, com seu melhor & mais insígne (& único) repórter (oi) decidisse dar um GOLPE DE ESTADO no jornal. Agora é a linha dura & quem não marchar direito vai preso pro quartel, fik dik.
Aproveitando que tudo estava nesse clima de fim de festa, às moscas (nem às moscas, porque nem elas tinham o que fazer aqui, afinal, cinco posts em um ano é pior que lanterna do Brasileirão NOT), este que vos fala (eu) instaurei uma personalíssima & sanguinolenta DITADURA no jornal. Agora este escriba, ante o estado das coisas, decidiu concentrar todo o poder deste jornal: Sou o EDITOR, o secretário de redação, o repórter, o contínuo, porteiro, o folhetinista, o tio do cafezinho, o copidesque, o tiozinho da taxação, o editorialista, o colunista social, o foca, o rábula de porta de vestiário de clube de futebol, office-boy, enfim, O ESTADO SOU EU.
Mas enquanto os remédios controlados não acabarem & eu não tiver que voltar para as catacumbas macias & alcolchoadas da avenida Santana, é a vida que segue. & como diria aquele cartola de futebol tri engraçado, vamos mudar não mudando mas, se as coisas parecerem surreais por aqui, culpe os remédios controlados e chame a Pinel q
Thursday, May 06, 2010
O Menino Prodígio
Era um desses meninos modelos. Desses, é modo de dizer, pois nunca existiu outro igual. O seu primeiro choque com o mundo foi com o próprio pai. Estava um dia brincando com um trenzinho, fazendo barulho, enquanto o pai lia. De repente, o pai gritou: “Pára comisso, menino”. Ele parou, olhou para o pai e disse: “Talvez, meu pai, um outro menino da minha idade perguntasse por que o senhor dá essa ordem, eu não, obedeço e pronto”.
Outra feita, subiu numa escada-de-mão para tirar mangas de uma mangueira. A escada escorregou no tronco da érvore mlhada e lá veio ele ao chão, num tombo perigoso. Ficou caído,todo machucado, enquanto a mãe se aproximava, chorando e gritando. Levantou-se e disse: “minha mãe, espero que isso me sirva de lição”.
Às visitas, ele se apresentava rapidamente sempre que sua mãe o chamava.
Para não embaraçá-las, dizia logo: “realmente estou muito crescido, não estou? Agora posso retirar-me para brincar láfora e não perturbar a conversa das senhoras”.
Certa vez saía de casa para ir ao cinema. Sua mãe ajeitou-lhe o laço do sapato. Ele disse, olhando a expressão do rosto dela: “realmente a gente tem um filho, cria-o com tanto carinho e logo ele tem atitudes e vontades próprias. Isso é muito triste, a senhora não acha?”.
Quando falavam qualquer coisa de mais sérioou picante na frente dele, ele se levantava, pedia licança para se retirar: “os senhores sabem; eu ainda não tenho idade para ouvir certas coisas."
Quando o pai lhe dava dinheiro para comprar livros ou divertir-se, comentava invariavelmente: “na minha idade o senhor já ganhava vida sozinho".
Se surpreeendia com a mãe trabalhando fora de hora, não se esquecia de dizer: “Oh, a senhora trabalha como uma escrava para sustentar-me e a verdade é que eu nunca vou reconhecer isso".
Quando se esquecia e discutia um problema, voltava logo a si e ordenava-se: “Bem, e agora crio que a senhora não quer ouvir mais nenhuma palavra sobre esse assunto".
Se errava, dizia ao pai: “na verdade, não sei o que está acontecendo com os meninos da minha idade. No seu tempo não era assim".
Ou então: “realmente já não tenho idade para fazer isso".
Ou ainda: “nunca serei nada na vida se continuar assim".
Quando entrou para a faculdade disse aopai: “o senhor nunca teve as oportunidades que está me dando”. Quando teve o seu primeiro amor falou a ambos, pai e mãe: “acho que estou numa idade crítica".
Quis casar cedo, mas reconheceu-o diante da progenitora: “sim senhora, depois de todos os sacrifícios que a senhora fez por mim".
Era um cínico ou era um sábio.
Millôr Fernandes. In: Lições de um Ignorante, 1963.
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