Capitalismo Selvagem
Tragédia em um ato
Personagens: empregador e o candidato
Época - atemporal
ATO ÚNICO:
Cantidato: Bom dia, eu vim responder a uma proposta de oferta de emprego.
Empregador: Muito bem, sente-se.
Candidato: (se senta)
Empregador: (com firmeza) Muito bem, estou vendo que você é dependente, mora de favor e está desempregado há mais de sete meses. Qual é a sua renda?
Candidato: nove salários mínimos, senhor.
Empregador: Onde você mora? Bairro, etc?
Candidato: Moro na Boa Vista, mais precisamente na praça Província de Shiga, senhor.
Empregador: Muito bem. Você tem carro?
Candidato: (com um sorriso surpreso) Sim, dois. Um Jaguar e um Lambourghini branco.
Empregador: Casa ou apartamento?
Candidato: Cobertura, senhor.
Empregador: Qual é a sua formação, tem curso superior, qual?
Candidato: (boceja) Coimbra, Cambridge e Oxford, senhor. Ciências da Comunicação, Sociologia e Filosofia, respectivamente.
Empregador: Você viaja com frequência? se viaja, para onde costuma viajar?
Candidato: (com ar de desdém, polindo as unhas das mãos) Viajo pouco, senhor, mas no último verão, eu estiquei um passeio até minha mansão de 44 quartos em Vilefranche-Sur-Mer, na Riviera Francesa...
Empregador: (tira os olhos do currículo do candidato e, com a rabeta dos olhos, fixa a vista na cara dele) Espere aí, você está me fazendo de bobo, é?
Candidato: Mas foi o senhor quem começou!
(Cai o pano bem rápido)
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