Wednesday, June 15, 2011

Meme e Mímese

De acordo com a Wikipédia, meme é termo cunhado em 1976 por Richard Dawkins no livro O Gene Egoísta. Ele é, segundo o verbete, para a memória o equivalente ao gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros) e outros locais de armazenamento ou cérebros.

Cito esse conceito porque podemos entender a Memética é uma espécie de protociência (inspirada da genética) que analisa como uma unidade de informação é disseminada de forma exponencial.

Seria uma ciência moderna que estuda a dinâmica dos processos linguísticos e a sua cognição e reelaboração pelos receptores.

Chomsky dizia que a linguagem "errada" é fértil e tende à perpetuidade e a sua propagação (ou algo assim) e a recíproca seria verdadeira. Claro que ele se refere a isso como linguísta. A gramática é normativa e deve ser observada; a linguagem é dinâmica. Essa seria a diferença ífundamental, para que não se discuta a diferença de níveis de linguagem, língua formal e a gíria, o falado e o escrito.

Afinal, todos lembram que, no começo da Internet, havia uma forte resistência ao chamado "miguxês", que er aum misto de escrever com apuro (já que amaioria das pessoas se viu diante de um teclado sem ter noções de datilografia) ou criar um código particular, entronizada pelo uso contínuo da conversação virtual.

Glosando o mote do Chomsky, a afirmação dele pode ser alicerçada pela memética, que é uma protociência que analisa como signos ou linguagem escrita acaba sofrendo uma clivagem e uma mutação crítica (fazendo uso da intertextualidade como ironia ou deboche à clichês ou frases feitas, que, a rigor, são memes em potencial) e criativa dentro do meio virtual.

Isso se dá ou se daria misturando neologismos, níveis de linguagem diversos utilizados de maneira humorística ou até mesmo intertextualidade “empírica” onde boa parte dos receptores-emissores criam um código internético comum disseminada de maneira viral como unidades informativas, motivos condutores de informação que são processados, reprocessados e disseminados em escala exponencial pela rede afora.

Um exemplo é o uso da expressão TODOS CHORA em caixa alta e escrita sem a devida concordância. Ela foi disseminada viralmente causando um efeito de chiste e sendo imitado por centenas de usuários da internet que sequer conseguiriam conceber qual foi a origem desse meme. incluindo as suas possíveis variações ou inclusões em textos de internet. O erro, à guisa de chiste, é plenamente aceito, no ãmbito da imitação e da comicidade. Isso daria uma tese aristotélica sobre a mímese, por isso eu paro aqui.

Chomsky dizia que a linguagem "errada" é fértil e tende à perpetuidade e a sua propagação (ou algo assim) e a recíproca seria verdadeira.

Para a maioria das pessoas, "Meme" parece uma expressão vinculado à internet e a linguagem escrita e icônica da rede, mas é não é ou não seria.

"Nem só de pão viverá o homem". é um versículo do Evengelho de São Mateus mas...também é um meme, propagado como um provérbio, sendo este entronizado também pelo tempo e pela cultura ocidental. O próprio uso de intertexto pode remeter à memética. "A alegria é a prova dos nove a a tristeza o teu porto seguro". O verso de Torquato Neto em Geléia Geral se remete à uma expressão intertextualizada no poema, remetendo a outro poema - este, por sua vez, do poeta modernista Oswald de Andrade.

Por isso que essa tese é compreensível, embora o conceito pareça anacrônico. A memética, como ciência do vir a ser, apenas tenta instrumentalizar a geléia geral da linguagem humana num "novo" campo de estudo, como aconteceu com a semiologia, há um século atrás, com Pierce e saussire.

E afinal de contas, tudo cai nessa mesma geléia geral, já até o conceito de meme é um meme.

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