Friday, September 30, 2011

Edifícios gêmeos de Porto Alegre


O MARGS e os antigos Correios

Uma coisa que eu acho que só eu notei por aqui, em Porto Alegre: certamente que é uma especialidade arquitetônica, mas pelo menos na cidade, eu listei alguns edifícios que são (ou foram) gêmeos e dispostos lado a lado - naturalmente.

O primeiro exemplo, e que a maioria não deve perceber, o prédio confrontante ao edifício Tabajara, na esquina da Borges de Medeiros com a Riachuelo tem a mesma forma do seu gêmeo, principalmente pelo uso de pérgolas no arremate do terraço.

Outro exemplo conhecido são as construções que servem de porta de entrada da Vila do IAPI (no comneço da Brasiliano de Moraes), que já foi assunto de post por aqui.



IAPI

Outro que poucos devem ter notado: quem entra Porto Alegre afora pela Avenida Farrapos, passando a Sertório, vai encontrar o Hotel De Conto, na esquina da João Inácio. O edifício que está ao seu lado - idêntico- dá as boas vindas aos forasteiros que visitam a capital.


E o Theatro São Pedro? Muitos não sabem, mas ele tinha um irmão gêmeo, o antigo Tribunal de Justiça, que era a sua cara. A edificação foi destruída num misterioso incêndio, no começo dos naos 50, dando lugar a outro projeto, concebido pelo então jovem arquiteto Carlos Fayet com o velho Fernando Corona, que existe até os dias de hoje.



São Pedro e o antigo Tribunal de Justiça


Mas o caso mais clássico de edifícios "gêmeos" são os dois projetos da Delegacia Fiscal e dos Correios e Telegrafos, que foram concebidos como construções de entrada de uma Porto Alegre que se modernizava, a partir da década de 10 do século passado.

A idéia original era imaginar a Sepúlveda como a entrada da cidade, a partir da gare do Porto, todos sendo obras rigorosamente integradas.

Por incrível que pareça, o projeto previa a Sepúlveda subindo o morrinho do Centro até a altura da Duque de Caxias, tese maluca que foi deixada de lado, fazendo com que a avenida morresse de inanição na praça Barão do Rio Branco, na esquina da Sete de setembro, hoje pertencente à Praça da Alfândega.

As reformas do Projeto Monumenta na Alfândega, por sinal, têm o objetivo de destacar essa finalidade original da Sepúlveda, destacando a importância dos dois prédios, hoje respectivamente o MARGS e o Memorial do Rio Grande do Sul, na concepção estética do conjunto urbanístico da Porto Alegre de então.

Uma curiosidade é que o prédio do MARGS quase não viu a luz do dia. O projeto foi considerado gigantesco demais para o governo federal da época, até que um gaúcho, Rivadávia Correa, assumiu o ministério da Justiça, e acabou aceitando a planta de Germano Gundlach.

Junto com os Correios, eles representam o esplendor da arquitetura eclética que marcou Porto Alegre entre o começo do Século XX e o começo da Primeira Guerra Mundial.

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