Friday, December 24, 2010
Eça e o Milagre
O bruxo de Póvoa de Varzim
Dia de Natal eu me lembro de uma história de um de meus escritores preferidos, o velho Eça de Queirós.
Creio que é de um conto (ou um trecho de um livro?), que acho que o Carlos Reverbel (ou o Flávio Alcaraz Gomes?) citava no Correio do Povo lá nos tempos de antigamente.
Enfim: diz que o rico Obed, com seus gados morrendo e as vinhas morrendo, mandou servos atrás de um certo Rabi da Galiléia que fazia milagres.
Não o encontraram.
Um certo Publius Septimus, o poderoso centurião romano, estava com a filha pequena com uma febre muito alta, à morte. Pronto despachou legionários em busca do mesmo Rabi. Não o acharam.
Pois, entre Enganiu e Cesarea, um menino miserável e insalubremente pobre e moribundo empertigava-se num catre, suplicando à sua mamãe que lhe trouxesse Jesus, que (diziam) ama os pequeninos, para que ele pudesse então ser curado.
A mãe, em desespero e entre soluços, apenas pôde susurrar: 'Ó meu filho, como posso te deixar? Longas são as estradas da Galiléia e curta a piedade dos homens. Ninguém atenderia ao meu recado e me apontaria a morada do doce Rabi. Ó meu filho, talvez Jesus morresse... (já dispinéica em seu desalento, a prantear o filho) Nem mesmo os ricos e fortes o encontram. O céu o trouxe, o céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes...'.
A criança murmurou: 'Mãe, eu queria ver Jesus...'. E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança: 'Aqui estou'.
Feliz Natal.
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