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Martin Block, o pai dos DJ |
É
comum relacionar o trabalho do disk-jockey a um apresentador de
segmento musical jovem — mais precisamente associá-lo a partir do
nascimento de um gênero específico, o rock’n roll. No entanto nem
a expressão DJ nasceu com o rock e muito menos os programas de
música gravada surgiram nessa época. É importante destacar, nesse
caso, aquele que foi o primeiro disk-jockey da história, Martin
Block.
Martin
Block começou a carreira no rádio como office-boy na General
Eletric. No começo dos anos 30, ele se muda para Nova Iorque. Lá,
ele consegue um emprego como locutor, enquanto trabalhava como
radioamador em Nova Jersey. Em 1934, encontramos Block como
apresentador na WNEW. Enquanto apresentava um programa durante a
transmissão do julgamento do assassino de Charles Lindbergh Jr,
Block colocava música nos espaços vazios entre os boletins.
A ideia
de fazer um programa com discos viria logo depois, com o Make Believe
Ballroom. Como sugere o título, o programa consistia em imitar algo
que era comum no rádio norte-americano nos anos 30: transmissões de
big bands ao vivo. Com uso de sonoplastia, Block criava a ilusão de
uma transmissão de um baile com os maiores sucessos de swing da
época. Para isso, ele mesmo precisou arranjar os discos: a WNEW não
dispunha de uma discoteca. O tema de abertura do Make Believe era
“Sugar Blues”, mega-sucesso de Clyde McCoy, de 1931.
Contudo, o
departamento comercial da emissora advertiu a Martin que ninguém se
interessaria em patrocinar um programa de música gravada, ainda mais imitando um baile ao vivo (Chacrinha teria a mesma ideia original com a Boate do Chacrinha, na rádio Tamoio, nos anos 50). Ele mesmo
correu atrás de um anunciante, uma empresa que fabricava pílulas
para emagrecer. Em uma semana de programa, o retorno foi positivo o
suficiente para deixar os executivos da WNEW perplexos. Block também
inovava ao adotar um estilo peculiar de ler os reclames. Ao invés de
apregoar aos brados, como era comum na época, ele lia o texto com
voz sóbria, como se estivesse conversando com o ouvinte.
Anos
depois, o Make Believe Ballroom já tinha uma espécie de bolsa de
anunciantes do programa que, a essa altura, em 1941, já havia
consolidado o formato, e transmitido para todo o país. Nessa fase, o
Make Believe já apresentava atrações ao vivo, de Tommy Doorsey a
Count Basie. Na divisão do jazz, aos sábados, Martin criou o
"Saturday Night in Harlem", apenas com as estrelas do
bairro de Manhattan: Cab Calloway e Duke Ellington, entre outros.
Durante a Segunda Guerra, quando o sindicato dos músicos promoveu
uma paralisação e o mercado fonográfico retraiu-se em decorrência
dos esforços de guerra, Block sustentava o Balroom através de
discos que ele recebia da Inglaterra.
Joe Franklin, considerado o
criador do talk show, começou sua carreira nos anos 40 como
discotecário na WNEW, co-produzindo o Ballroom com Block. Ainda jovem, aos vinte e dois anos, ele era
uma espécie de “assessor de assuntos aleatórios”.
Posteriormente, Joe seguiria uma carreira no rádio e na televisão,
que se estenderia por décadas. Nos anos 50, o Make Believe possuía
duas edições: uma no fim da manhã e outra, no cair da tarde. Ao
mesmo tempo, produzia uma edição especial que era transmitida para
todo o mundo através da Voz da América. No auge do Ballroom, os
grandes nomes do jazz desfilavam pela então 1130 AM, “where the music
lingers on”: Dianah Shure, Glenn Miller, Artie Shaw, Rosemary
Clooney, Pattie Page, Bing Crosby, Tony Bennett no começo da
carreira.
Além
do Ballroom, nesta fase Martin Block apresentava também o Columbia
Record Shop, retransmitia o programa da WNEW na costa oeste pela
KFWB, produzia filmes curta-metragens para a MGM e ainda estrelava
outro, o Block Party. Como era prática comum com relação à
disck-jockeys (Alan Freed também não seria o pioneiro), muito antes
do escândalo da payola, ele possuía editoras musicais — a Martin
Block Music and Embee Music, assinava parcerias em canções de
sucesso, entre elas o tema do Balroom, creditada junto com Glenn
Miller.
Em
1955, Block foi para a ABC Radio, depois WABC, apresentar o Martin
Block Show, onde fazia a parada de sucessos, já fa fase do rock,
anunciando Fats Domino ou Elvis Presley. Enquanto William B. Williams
tomava seu posto no programa da WNEW, transformando o Ballroom na
resistência dos grandes cantores e compositores norte-americanos do
Tim Pan Alley e arredores, de Lena Horne a Frank Sinatra, quando este havia reencontrado o sucesso ao assinar com a Capitol. Nessa fase, Sinatra e o Ballroom cerravam fileiras em torno de um culto pelo swing e a canção americana.
No
entanto, quanto Block não via restrições com relação a tocar
rock, Williams politicamente se colocou contra o gênero. Mesmo
assim, quando a própria WNEW percebeu que o rock era algo
incontornável, mesmo a contragosto, o DJ foi obrigado a mudar sua
posição. Já no final dos anos 70, a emissora retornaria ao formato
adulto contemporâneo, revivendo o Ballroom (nos anos 80, com Steve
Allen no microfone), pouco antes de tornar-se definitivamente all
news. Martin Block morreu em setembro de 1967.
Referências:
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