Sunday, October 06, 2013

Leco Alves - Os Anjos Dizem Amém (1999)


O Leco Alves era meu primo. Sempre fomos muitos ligados, até porque a diferença de idade era de um pouco mais de um ano. Nos criamos em uma família muito musical, na qual um tio-avô, o Lelo (Telêmaco Machado), era um boêmio inveterado. Lelo passeava de bar em bar na noite porto-alegrense com sua viola a tiracolo. Em família, os tios Dinho (Carlos Alfredo), Cabeça (Renato) e Banana (José Roberto) sempre tocavam músicas em seu violão. As tias Neiva e Noedi eram as principais cantoras, mas todos cantavam e participavam fazendo percussão de alguma forma, fosse na geladeira, numa panela ou até mesmo transformando uma garrafa de Fanta em reco-reco. Foi nesse meio que o Leco aprendeu a gostar de música, assim como eu, mas foi quando ele entrou para o CLJ (Curso de Liderança Juvenil), na Igreja Sagrada Família, é que ele resolveu aprender a tocar violão.



No início, o Leco parecia o Juca Chaves cantando, com uma voz miúda e um tanto tímido. Mas as "apresentações" na igreja, durante a missa, foram liberando o Leco das travas musicais. Fez cursos de canto e em determinado dia decidiu que seria músico. Sempre teve o apoio da família, principalmente dos pais, Neíta e Adair, seu primeiro público. Aos poucos, nas reuniões de família, desbancou os tios e acabou incentivando que outros primos tocassem violão. 


De uma hora para outra, Leco começou a cantar em bares, fazer apresentações em teatros, tocar nas rádios e, quando se deu conta, Porto Alegre ficou pequena para seu talento crescente. O Rio de Janeiro foi a cidade escolhida por ele para alcançar a fama. Ao chegar à Cidade Maravilhosa foi logo comparado a Nei Matogrosso pelo seu timbre de voz, repertório e até por seus trejeitos no palco. Mas quis o destino que ele não completasse a trilha que tinha planejado. Em uma tempestade de verão que assolou o Rio em Janeiro de 1998, Leco faleceu quando uma árvore caiu sobre o orelhão onde telefonava para avisar que chegaria tarde ao show marcado em Niterói, já que as barcas não estavam funcionando por causa da tormenta. Abaixo, segue um resumo da carreira, que retirei do Blog do Gringgo.


DISCO 1
01. Eu e meu violão (Leco Alves)
02. Os anjos dizem amém (Leco Alves)
03. Você passou (Leco Alves)
04. Coração com muros / Quién fuera (Silvio Rodrigues, versão: Leco Alves)
05. Beaucoup plus (Leco Alves, versão: Crika Amorim)
06. The best (Leco Alves)
07. Tudo em "p" (Jorge Nóbrega e Ângelo Delatre)
08. Sou Rio (Leco Alves)
09. Um gato (Adriana Calcanhoto)
10. Platinum blonde (Jussi Campello)
11. Objeto baby (Eduardo Dusek)
12. Sem camisa (Eduardo Dusek e Luis Carlos Góes)
13. Gás lacrimogênio (Cláudio Goldmann)
14. Serventês (Arthur de Faria, Peire Cardenal e Augusto de Campos), com Cida Moreira
15. Balada por Monk (Antonio Villeroy)
16. Frevo mulher (Zé Ramalho)


DISCO 2
01. Pacto (Leco Alves)
02. Copacabana (Jusi Campello)
03. De frente pro mar (Leco Alves)
04. Saudades de mim (Leco Alves)
05. Feito um picolé no sol (Nico Nicolayewsky)
06. O vento do desejo (Leco Alves)
07. Os dias (Leco Alves)
08. Delicadinho (Leco Alves)
09. Menino Deus (Caetano Veloso)
10. Máscara (Leco Alves), com Ju Cassou
11. Quando eu me apaixonar (Leco Alves)
12. Quando você não me procura (Leco Alves e João Pinheiro), com Ju Cassou
13. Façamos amor também (Cole Porter, versão: Carlos Renó), com Ju Cassou
14. O último dia (Celso Fonseca e Billy Brandão)



Convidadas: Cida Moreira e Ju Cassou
Participações: Marcelo Delacroix, Frank Solari, Simone Rasslan, Giovanni Berti, Rogério Piva, Arthur de Faria e Nico Nicolayewsky.

Compositor. Cantor. Instrumentista. Dono de um raro registro vocal de contratenor, iniciou sua carreira artística em 1986, cantando no bar Opinião (Porto Alegre, RS). No ano seguinte, apresentou-se no Teatro Mágico e no Orange Bar (Porto Alegre, RS). Ainda em 1987, apresentou-se, como convidado de Adriana Calcanhoto, Muni e Luciana Costa, no show "Enquanto seu lobo não vem", na reabertura do bar Porto de Elis (Porto Alegre, RS). Em 1989, realizou o show "Porque o sol dava nos trilhos", no Teatro de Câmara de Porto Alegre, que o colocou entre as Revelações do Ano. Apresentou, também no bar Porto de Elis, o show voz e violão "Alguém cantando". Em 1990, realizou, também no Porto de Elis, o show "Caetanear o que há de bom", interpretando músicas de Caetano Veloso. Apresentou-se, ainda, com "Primavera de pragas" no Teatro de Câmara de Porto Alegre, além de ter atuado nos projetos "Encontros insólitos" e "Compor canta Porto Alegre". Em 1992, foi contemplado na categoria de Melhor Cantor com o Prêmio Açorianos de Música, espécie de Prêmio Sharp gaúcho, conferido pela Secretaria Municipal da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre, por seu show "Paixões a granel", realizado no Teatro Renascença, em que interpretou canções de cabaré. Ainda nesse ano, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde apresentou seu show "Passos de ilusão", realizado na casa noturna People, marcando sua estréia na cidade. Nessa época, começou sua carreira de compositor. Em 1993, esteve em Porto Alegre participando do projeto "Fim de tarde", realizado na Sala Radamés Gnatalli, do Auditório Araújo Vianna, além de apresentar-se no Publicitá Café. De volta ao Rio de Janeiro, continuou seu circuito de shows em casas noturnas como Mistura Fina, Le Streghe e Au Bar (RJ), entre outras, tendo voltado a Porto Alegre, em 1995, para apresentar o show "Dez punhais". Engajado em movimentos contra a discriminação dos portadores do vírus da Aids, atuava com sua música em eventos promovidos por entidades que lutam contra a doença. Faleceu em 1998, pouco antes de completar 32 anos de idade, vítima de um acidente provocado pela queda de uma árvore que desabou sobre ele em um dia de temporal no Rio de Janeiro, quando se dirigia para uma apresentação no Bay Market, em Niterói (RJ). Em 1999, ocorreu o lançamento póstumo de seu CD duplo "Os anjos dizem amém", trabalho que reuniu músicas próprias e de outros compositores, gravadas em estúdios de Porto Alegre e do Rio de Janeiro, assim como gravações ao vivo de shows realizados em casas de espetáculos cariocas. O lançamento do disco foi realizado na Casa de Cultura Laura Alvim (RJ).

3 comments:

João Pinheiro said...

Meu querido e saudoso amigo, fazia um feijão preto como ninguém, meu parceiro em "Quando você não me procura" e ele até me ensinou a fazer a barba direito! Para sempre será o nosso "a festa que anda"!

Unknown said...

Adoraria ter o cd físico

Luis Freitas said...

Talentoso, triste fatalidade. O conheci tardiamente através de Marcelo Delacroix