Sunday, October 07, 2007

A verdade por trás do Pato Macho

Eu sempre quis buscar a origem do Pato Macho, mas nunca o fiz. Sempre soube que era um jornal criado nos anos 70 e que teve Luis Fernando Verissimo, Ruy Carlos Ostermann e Tatata Pimentel como integrantes. Achei na Internet algumas notas e resolvi colocá-las aqui para esclarecer.



Em 1971, a casa de Luis Fernando Verissimo se transformou em sede de um jornal de nome e linha editorial não convencionais: “Pato Macho”. Lançado em 14 de abril, o semanário de formato standard tinha em suas páginas desenhos do pato-mascote e, no seu “conselho de redação”, Verissimo e amigos como Claudio Ferlauto e Coi Lopes de Almeida. Na cabeça destes “conselheiros”, estava a idéia de se fazer um jornal independente, crítico diante da situação política do país e que, através de textos e muitos cartuns, proporcionasse diversão para os leitores e os próprios redatores. Por causa das dificuldades econômicas inerentes a um jornal alternativo, o projeto naufragou menos de um ano depois de ser lançado, mas ainda hoje pode fazer rir e pensar quem veja os cartuns que publicava. Entre eles, vários de Verissimo.Tem uma entrevista com o Rogério Mendelski que falou sobre o assunto:

P - E o jornal Pato Macho ?
Rogério -
É de 1971, é do tempo em estava na sucursal do jornal o Estado de São Paulo. Nosso grupo era o José Antônio Pinheiro Machado, agora (em 2004) ele é o Anonymous Gourmet, o Luis Fernando Verissimo, o Ruy Carlos Ostermann. Nós fazíamos o jornal na casa do Luis Fernando Verissimo, mais exatamente na garagem dele. Era um grupo muito interessante. Eu tenho todos os exemplares em casa. Era uma época muito interessante, de censura muito forte.

P - E tu tens alguma história meio inusitada dessa época de Pato Macho?
Rogério -
Ah, tem várias. Mas na última edição, por exemplo, eu fiz uma reportagem sobre onde existia prostituição de primeiro nível em Porto Alegre. Onde as mulheres capturavam homens ricos. A matéria foi toda censurada. A Polícia Federal tinha uma censura prévia, nós tínhamos que levar o jornal até lá. Nesta edição, toda a página foi arrancada. Colocaram um anuncio no lugar. Eu tenho essa edição lá em casa. Eles achavam que aquela matéria não podia sair, era uma bobagem. A reportagem mostrava onde é que havia pontos de prostituição em Porto Alegre. Hoje em dia seria uma matéria de serviços. Havia um censor lá. Depois esse censor virou juiz de direito. Ele mandava o pessoal da Policia Federal, entravam lá com bilhetinhos dizendo: “Não pode sair isso, não pode sair aquilo”, nós éramos obrigados a dar aquilo que eles queriam. Até que um dia o dr. Breno Caldas se cansou e disse: “Ah, eu vou publicar isso daí. Vcs vão encher o saco de outro”. Foi aí que apreenderam o Correio do Povo e a Folha da Manhã na boca da máquina, numa madrugada muito emocionante para todos nós que fizemos a matéria. Era uma reportagem que tinha saído na Voz do Brasil. A Voz do Brasil tinha o espaço do Senado e da Câmara. Era uma denúncia de que havia censura. Um senador havia falado e tinha saído isso na Voz do Brasil. Acabou vindo um material, um release do Congresso Nacional, e o Correio do Povo publicou. A PF disse que não era para publicar. O dr. Breno recebeu o aviso. Mesmo assim ele disse: “ah, eu vou publicar, estou de saco cheio dessa censura de vocês”. E acabou publicando. Nós da Folha da Manhã publicamos também. Mas, na hora de rodar o jornal, nas oficinas, ali no próprio prédio da Caldas Junior, havia uns caminhões. A policia apreendeu os jornais, toda a edição do Correio e da Folha. Ainda queriam usar os caminhões da distribuição do jornal para levar os jornais para a sede da Policia Federal.Foi quando o dr Breno disse: “não, vocês levam. O jornal tá aqui, vocês apreenderam, vocês levam o jornal”. Eles foram ao cais do porto e requisitaram umas caçambas. Colocaram todos os milhares de exemplares da Folha da Manhã e do Correio do Povo e levaram para a sede do órgão na av. Paraná. A Folha da Tarde saiu depois, sem a publicação da matéria, senão iam apreender a Folha também. A FT publicou só uma notícia discreta de que os jornais tinham sido apreendidos.

P - E isso era que ano, para relembrarmos?
Rogério -
Isso era 1974/1975.



2 comments:

Marcelo said...

Eu tenho uam reportagem do Experiencia, de 96, sobre o Pato Macho. Tu jpa leste, Nildo

Marcelo said...

Retificando, por trás não é com o Pato MACHO, deve ser da concorrência!! Heheh