Friday, February 10, 2012

O meu Best-Seller da Semana


A capa

Li um livro, chamado A Ausência Que Seremos, do Hector Abad, que saiu ano passado, pela Companhia das Letras.

O livro é fantástico. Metade história recente da Colômbia, metade autobiografia e metade a biografia do pai dele, médico sanitarista, metade um romance de formação do próprio autor e sua paixão pela sua família.

O Pai do Héctor, de mesmo nome, foi chamado o apóstolo dos Direitos Humanos na Colômbia, com projetos na área da saúde que mudaram a vida da população. Parte da história ele fala como o país foi sanguinariamente dividida, primeiro entre liberais e conservadores, depois pela Guerra Fria.

Por último, quando Deus e todo mundo abandonou parte do povo para que a turma do Narcotráfico tomasse conta de tudo. O Héctor Abad pai era tido como revolucionário e comunista, e foi morto por matadores de aluguel, em 1987. Na verdade, ele queria curar o povo com tratamento epidemológico e rede de esgotos, não com remédios e ele era contra apostura apostólica de como os médicos se postavam como fariseus curandeiros da população, ele dizia que a povo não estava doente, ela tinha fome. É um livro genial, e ao mesmo tempo, fala da relação dele com relação ao pai, que é quase como a Proust com relação à mãe dele.

O perfil do Abad pai é entremeado pela disensão entre o seu lado socialista ateu e a sua família, pai e filho, com a cultura mergulhada nos dogmas e no misticismo cristão, que mais se confundiam com a ´própria cultura e o atavismo familiar de ambos.

Numa entrevista à Folha, o escritor explica a questão: "pai era filho de seu tempo, de sua história. (...) Mesmo que você seja ateu, crescemos nessa cultura que domina e permeia tudo".

Héctor conta que seu pai mudou de atitude quando sua filha morreu com apenas 16 anos. Aquilo mudou a postura dele com relação ao mundo. Ele se tornou quase que suicidamente engajado em sua causa, e a partir dali, se tornou um militante da liberdade, dos Direitos Humanos e da liberdade de opinião tanto na Univsersidade onde trabalhava quanto na sociedade colombiana tacanha e narcotizada pela demagogia política e a violência crudelíssima, até sua escalada, no fim dos anos 80.

Fora isso, fica a doce imagem de um pai que, como exemplo, foi o maior pai do mundo. E mais: antes de ser um avatar, um mártir, uma personalidade, ele era um homem comum, frágil, agregador e amoroso com sua família.

A Ausência que Seremos é um livro lírico e trágico, mas lúcido e exemplar, uma das melhores leituras minhas dos últimos tempos. Comecei a ler anteontem e, depois de algumas páginas, não consegui largá-lo até a última linha, um dia depois.

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