Friday, January 20, 2012

Dr. Sarmento e o Frade-de-Pedra


A Faculdade de Direito da UFRGS

Um elemento que era típico das cidades no tempo em que o trânsito era composto basicamente de muares, equinos e demais mamíferos hipomorfos, da ordem dos ungulados, eram os frades de pedra.


Pois eles ficavam sempre em esquinas ou em frente à estabelecimentos de toda a ordem, com a única e exclusive finalidade de servir de local de ammaração dos animais de transporte aqui epigrafados.


Hoje as ruas são dos carros, ônibus, motos e demais veículos de três ou quatro rodas. Porém, como quase que um atavismo dos tempos de outrora, pelo menos aqui, em Porto Alegre, alguns ainda resistem.

Um deles se encontra em frente ao lago da Redenção. Mas outro, que fica diante do histórico prédio da Faculdade de Engenharia da UFRGS, ainda pode servir de amarração a qualquer bípede ou quadrúpede.

Muitos que ali passam provavelmente não sabem do que se trata aquele objeto que parece um monumento fálico de pedra ou argamassa armada. É um frade-de-pedra.

Fiz todo esse preâmbulo porque sempre que eu passo ali na frente da Praça Argentina e vejo ele (o frade), me lembro de uma história que, de tão antiga, eu não saberia dizer se é real ou apenas uma anedóta atribuída a uma determinada pessoa - no caso, ou o Doutor e Deputado Armando Câmara, ou o Patrono da Faculdade de Medicina da nossa valorisa Federal, dr. Sarmento Leite.

Costa que, a priscas eras, algum carroceiro, ao transitar pelo antigo caminho da Azenha, que ia do Centro até os lados da antiga Cascata (hoje a Avenida João Pessoa), resolveu deixar seu jumento pastando nos campso verdejantes que ora existiam diante da (então) Faculdade Livre de Direito.

O pobre homem amarrara o muar num frade-de-pedra, e deixou o animal ali, solerte, a devorar lenta e pastosamente a paisagem. Eis que, nos esgar de buscar mais relva, o bicho acabou se desvencilhando das amarras, e foi pastando, pastando, pastando - porém, entre distraída e pachorramente, marchou a passo miúdo rumo à entrada do prédio da Faculdade de Direito (ou de Medicina, que foi construído contiguamente àquele e existe até hoje, junto com este).

E lá foi o jumento, pastando rumo à entrada do prédio. Eis que, ao descer as escadas, um deles, Câmara ou Sarmento Leite, ao deparar-se com aquela cena plástica, do burrico defronte á faculdade, entre perplexo e pálido de espanto, sem tirar os olhos do animal, bradou:

- Bedel, bedel! Tite já este animal daqui, senão daqui a cinco anos ele veste toga e cola grau!

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