Thursday, July 28, 2005

No acender das luzes

Lula, na visita ao Rio Grande do Sul, disse que o Brasil não vai mais passar por apagão por falha do governo "porque a administração tem investido em projetos de longo prazo para evitar riscos no fornecimento de energia elétrica". Alguém poderia lembrar ao presidente que nós temos investido também, em longo prazo, e sem retorno algum, num tal de seguro-apagão...

Ele também afirmou que "todos que tentaram fazer mágica com a economia brasileira quebraram a cara”. Na economia popular, é o contrário, somos obrigados a fazer mágica porque quebramos a cara todos os dias.

Talvez minha estréia no Pato Macho não seja tão bem-humorada quanto o caráter do blog pede, mas resolvi começar assim por causa dessas declarações chocantes. Elas ficaram atravessadas na garganta de nós, patinhos.

Tuesday, July 26, 2005

Conversa de bar

O Sol declina seus raios vespertinos sobre os telhados de fibrocimento, que uma vez foram de zinco, aquecendo os etésios que sopram no lar de Plutão, ou nas terras de Hela. Enfim, um calor infernal. Resta-nos poucas saídas: a sombra, a cerveja gelada e o papo reconfortante.
— Ah! Se eu pudesse estar na praia!
— Não ia adiantar nada, — respondeu Evandro — estaríamos no boteco olhando o mar, as mulheres que passam e bebendo cerveja.
— É, mas pelo menos é mais refrescante.
— Se tu quer refresco senta numa barra de gelo.
— Brincadeira, hein! Prá tudo tu tens resposta.
— Mentira! Tu que é a enciclopédia ambulante.
— Mas eu não fico me deitando nos outros.
— Aí que tá a graça.
— Por falar em Graça, como vai a tua prima?
— Bah! Não sei. Faz tempo que eu não falo com ela. Desdaquela vez que tu tirou a roupa no Amadeus, só porque não tinha dinheiro para pagar a conta. Lembra?
— Como é que eu vou lembrar? Eu estava bêbado.
— Bêbado tava eu. Tu tava era trêbado.
— Falando trêbado, lá vem um.
Aponto então para o nosso companheiro tatuado, que vem se arrastando, o inigualável Naza.
— Tapaaado! — grita Evandro.
— E não vai sêêê! — responde o Naza.
— Afoxééé! — eu emendo.
— Saravááá! — ele replica.
Levantamo-nos e cumprimentamo-nos. E vai tapa nas costas, alisamento dos cabelos (bem mais para um escabelamento), abraços apertados e muitos apertos de mão.
— E aí? — me pergunta o Naza.
— Aqui nada, e aí? — retruco, apontando para o Evandro.
— Se nada é porque está folgado, e aí? — disse Evandro, devolvendo para o Naza.
— Tu tá me estranhando? Tu até parece que não sei! Pô gurizada, desde domingo à noite que a gente não se fala, apesar de ser segunda dez da manhã, há quanto tempo, hein? Tu nem sabe da maior. Ontem, depois que vocês foram embora, o Rã, a Merendinha, a Pandeiro e eu fomos pro meu apê e fizemos a maior orgia da minha vida. Era eu e a Pandeiro, o Rã e a Merendinha. Depois, eu e a Merendinha e o Rã com a Pandeiro.
— Ô Evandro, e nós só no punhal!
— Nós com as fichas e sem jogo.
— Não, e tem mais! — continuou o Naza.
— No meio do “dá-lhe para que te dê-lhe” não é que o Rã se soltou todo, começou a peidar e não parava mais. Todo mundo começou a rir e desistimos daquilo. Então começou a guerra: era a Pandeiro peidando dum lado, era eu do outro, no meio a Merendinha e o Rã. Tinha um que fedia, outro que só fazia barulho. Broxagem geral.
Risos gerais.
— Tá, — retruquei — onde é que eles estão?
— O Rã tinha curso, a Pandeiro saiu às duas e meia e levou a Merendinha com ela. Quando o Rã saiu me acordou para fechar a porta e eu não consegui dormir mais, muito quente. Então resolvi tomar um gelo com uns caras preza que nem voceis, meuss camaradas — explicou o Naza querendo dar uma chiada que nem carioca.
— Ô Filomena! Traz uma candibrina e um copázio pro Naza.
— A quantas vocês andam?
— Com essa que vem aí, meia dúzia — disse Evandro.
— Vamos até uma grade?
— E por que não? Só não podemos ficar que nem sexta, de abraço, empurrão e rolando no chão.
— Iiih, nem me lembra. Puta porre — falou Naza.
— Nem me lembra, Funil, já tava tentando me esquecer.
— E nós temos dinheiro para isso? Minha dívida da semana passada era de setenta contos e minha mãe não queria pagar, até que eu disse que ia morar com o meu pai se ela não pagasse — reagiu Naza.
— É o Funil que vai pagar hoje. Saiu o 13º dele.
— Peraí! Ontem eu paguei dois baurus, uma batatinha e meia dúzia de ampolas.
— Que preju, hein? — falou o Evandro. — Faz três semanas que eu venho te sustentando e tu nem liberou o brioco!
— Não, mas se quiser eu libero a mangüaça para Odete.
— Bah! — intervém o Naza — Muito papo e pouca ação. A Pochete já liberou-geral pro Funil e a Seqüela pra ti, Evandro, e até agora nada. Dois bundões.
— Tu fala isso porque tá de romance com a Pandeiro — retruquei.
— Que isso! Só bons amigos. Que se conhecem profundamente. Uns quinze centímetros pra dentro — terminou Evandro.
Nossas conversas eram sempre assim, muita gozação, muita deitação e muita ceva. Qualquer papo nos alegrava, principalmente mulheres e beberagem, claro que às vezes dávamos uma chance para o futebol, mas só quando havia uma derrota de um dos dois times da capital, Grêmio e Inter.
— Ô Filomena! Mais uma candibrina e mais um copo pro Fortaleza que tá chegando — disse o Naza.
— Fala aí, ô Matador — instiga Evandro.
— Todos vocês aí são tudo uns bunda-mole. Não tem um colorado nessa mesa aí — intimou-nos o alemão louco conhecido como Schuster.
— Pára com isso, Schuster, teu time ganhou a primeira depois de três derrotas consecutivas e do time mais fraco ainda — respondi.
— Só que o Grêmio perdeu pra esse time na semana passada — retrucou Evandro, surpreendendo a todos por nunca falar em futebol.
— Era só para dar uma chance para vocês, — falou o Naza — para ver se vocês saíam da turma dos desesperados. No meio do papo aparece uma colega nossa da PUC, Paty Bago, com seu namorado e ele trazia uma viola.
— Filô! Duas biritas e dois urinol — chamou o Schuster.
— Oi rapazes, como vão essas forças?
— E aí galera!
— Axé! — respondemos em coro.
— Olha, — recomeçou Paty — eu e o Amoreco estamos fazendo hoje dois anos de namoro e vamos fazer a maior festa na casa dele. Vocês estão convidados, mas só que têm que levar a bebida.
— Tá, mas já que trouxe a viola vai ter que tocar pelo menos uma meia dúzia de músicas — provoquei.
Então o Boiolinha, como era mais conhecido, começou a cantar com o nosso apoio na percussão e no coro, se bem que tava mais para uma matilha de cães uivando para a lua do que frades franciscanos praticando canto gregoriano. Depois da quinta música o sucesso já era total, então o Boiolinha resolveu cantar uma música da sua autoria. Após os aplausos Evandro não resistiu:
— Bah, tu tá perdendo dinheiro!
— Tu acha mesmo? — ele perguntou.
— Mas sem dúvida — disse Evandro.
— Eu já disse para ele procurar uns bares para fazer shows e o Amoreco ainda não quis — replicou a Paty.
— Só se for show de estripitize em bar gay, porque ele não toca um ovo, não canta um nabo e ainda por cima tem uma bundinha...

Saturday, July 09, 2005

reclame

Ganhou o mensalão e não sabe onde esconder?

Quer fugir do Brasil com o seu suado mensalão e tem medo de ser pego pela Polícia federal por evasão de divisas?

Não confia em guardar o mensalão na sua velha mala preta porque dá muito na cara — já não basta a sua cara de ladrão?

Seus problemas acabaram!A Jefferson & Jefferson Enterprises acaba de lançar as revolucionárias


CUECAS GESUÍNO!!!!


Parece com uma simples cueca comum, mas além de ser 100% algodão, é totalmente a prova de xeretas e raios-X, você pode esconder dentro delas até 40 pacotes e passar pela PF que ninguém vai te embaçar! No stress! É refratária, tem bolsos anatômicos, é confortável e vem em várias cores. Não pague mico! Passe um "paninho" na Receita federal! Fuja do Brasil com seu dinheiro sujo mas viaje bem, viaje com a nova, revolucionária e confortável CUECA GESUÍNO. Esconda as suas vergonhas - principalmente as financeiras - nas CUECAS GESUÍNO!

Não seja ratão! Não seja um loser! Use as genuínas cuecas GESUÍNO!

Friday, July 01, 2005

O olho roxo do deputado


Bob Jeff é um cara de pau. Desde pequeno sempre quis engrupir seus amigos. Pedia uma bala para não contar aos pais as estrepolias que seus amigos faziam. Depois começou a trocar bolitas por favorecimentos no time da rua. Ele não era o dono da bola mas era o melhor amigo do CB Durão. Na escola, Jeff entreva à professora quem colova na prova se seus colegas não o ajudasse. Adorava trabalho em grupo porque não fazia nada, só que conseguia com que todos ganhassem nota alta. Diziam até que ele reunia uma grana dos colegas e molhava a mão de um funcionário para conseguir uma cópia das provas mimeografadas. Ele negava tudo depois que aparecia com nota 10 no boletim, apesar de não conseguir resolver as questões de matemática no quadro quando a professora pedia. Um dia foi pego colando na prova, porém garantiu que não estava colocando, foi o colega que não sabia como escrevia uma determinada palavra e ele só estava ajudando. Mas isso não convenceu a professora. Bob Jeff resolveu então então entregar todo mundo que colava e até quem não colava. Resultado. A professora simplesmente teve que fazer outra prova e anulou aquela. Jeff passou e até hoje ninguém sabe como.
Jeff virou deputado federal e advogado. Enriqueceu e continuou cara de pau. Hoje fica entregando os colegas de plenário sobre irregularidades financeiras. Dizem que ele ainda mexe os pauzinhos por lá e tira um dinheirinho por fora, o mensalão. Bob nem garante que é vítima, prefere apenas falar dos outros. O olho, ele jura, machucou procurando um disco de Lupicínio Rodrigues, Nervos de Aço (irônico, não), ao bater em um armário. Soco, nem pensar.