Tuesday, January 29, 2008

O Gênio da Sátira




Num 29 de janeiro de 1895, nascia Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (ídolo, MITO!), o Barão de Itararé – o gênio da sátira e patrono do humor em terras brasileiras.

Ainda no Sul, passou a se dedicar ao jornalismo. Com a experiência adquirida em sua terra, Aporelly (como costumava abreviar seu nome) se mudou para p Rio. Começou no Globo, depois passou para A Manhã, este que o inspirou a criar a antológica A Manha, “órgão de ataques...de riso e quinta-feirino", mas que, no entanto, só saía às sextas. A publicação, que marcou época na imprensa brasileira, durou até 1946, quando fechou, por problemas financeiros. Mas deixou a série de Almanhaques, que você deve ler. A edição de 1955 foi reeditada em 1989, porém infelizmente esgotou. Não sei por que raios ninguém reedita esse que é o evangelho do humor brasileiro. Nem que seja para se dar umas boas gargalhadas.

A fama do Barão veio com a provocação com que, com engenho e arte, ele dispensava á ditadura Vargas. Foi quando resolveu entrar para a nobreza, ridicularizando todo aquele que se atribuíam imaginários títulos heráldicos – algo que era comum naqueles tempos. Se investiu como Duque. Depois, renunciou ao ducado e se proclamou barão, a despeito da “inversão nobiliárquica”. Surgui assim o Barão de Itararé, o Brando. Também se dizia o Brigadeiro do Ar Condicionado, ou os incontestáveis títulos na Praça.

Como era esquerdista ferrenho, era constanstemente perseguido pela repressão política. Acabou sendo preso inúmeras vezes. Numa dessas, o delegado então perguntou:

- Sou Aporely, o senhor sabe por que está sendo preso?

- Sei sim, por não seguir os conselhos da minha mãe.

Ante a surpresa do homem, ele continuou:

- É a que mamãe sempre me dizia para não tomar cafezinho, não era bom para a saúde, ela sempre me dizia. Razão tinha ela, veja o senhor. Era exatamente isso que eu estava fazendo quando o seu pessoal entrou no café e me prendeu.

Deixou várias máximas (ou mínimas, como ele dizia):

Milagre de santo não faz casa.

De onde menos se espera, é daí que não sai nada.

Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.

Quem empresta, adeus...

Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.

Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

Quem só fala dos grandes, pequeno fica.

Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.

Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de . .
Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).

Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.

Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.

O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

Os juros são o perfume do capital.

Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.


Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.

Cobra é um animal careca com ondulação permanente.

Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.

A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

Pão, quanto mais quente, mais fresco.

A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.

A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.

Monday, January 28, 2008

Da série "Contos de Verão"

Bizzare Love Triangle
Gostava de provocar o amigo com essa história: abandonara a mulher e a trocara por uma boneca inflável



O Miranda se espantou:

— O quê? Mas você está maluco?

Guedes riu:

— Maluco nada. É isso aí, meu filho.

Ele foi dizendo: “não, isso é coisa de maluco, quem faz dessas coisas é maluco, é completamente maluco”. Impressionado, Guedes dava frouxos de riso. Gostava de provocar o amigo com essa história: abandonara a mulher, e a trocara por uma boneca inflável.

— Porra, mas boneca inflável, Guedes??? Isso é golpe baixo!

Ele ria, mais à medida em que se encharcava de cerveja. Dizia que aquela reação dele era normal, a princípio. Explicou que podia ter as mulheres que quisesse, que poderia fechar todos os cabarés da cidade com o salário que recebia como ascensorista da Assembléia, afilhado de deputado. Mas podia usar e abusar de uma boneca inflável.

— Eu não sabia que você era um desses, não imaginava que você chegasse a esse ponto tão vil, tão grosseiro, de se entregar com tanto cinismo a tamanho ato de fetichismo!

Guedes ria. Ria, como um vilão de filme mudo. Só faltava as olheiras de rolha queimada. E descrevia os detalhes da tal boneca, com frieza naturalista:

— Ela pode ter cabelos castanhos, louros, prateados, pode ter pele morena, escura, alva, pode ter uma língua pegajosa de três metros! Você pode fazer o que quiser com ela, olhos postiços, cílios postiços, pele cheirosa, com textura de pêssego, e unhas pintadas de vermelho, de vermelho, ouviste? Vermelho!

Miranda resolveu não levar a sério. A certo ponto da discussão, decidiu concordar com tudo o que seu amigo dizia. Afinal, não se pode destratar um bêbado. E, afinal de contas, queria bem ao Guedes que, na verdade, não passava de um estafeta de deputado. Claro, tinha os seus arroubos de sapiência, mas no fundo, era um simples. Era aquele tipo de sujeito a quem ele tinha apreço, mas sabia de suas limitações. E achava que, naquele estado de embriaguez, ele poderia estar apenas vazando algum espírito de porco que, como ele entendia, todos tinham em seu íntimo. Porém, ficou estacado com a tal hipótese da mulher de plástico.

Ainda mais quando rompeu com a noiva. Foi um displante! Depois de dois anos, trocado por um mecânico, um braçal! Sua mamãe o consolava: “as mulheres de hoje não prestam! As mulheres de hoje não prestam para nada, não sabem nem esquentar água, só pensam em adultério!”. E repetia, com o olho rútilo e lábio trêmulo: “Adultério!”. Ele encheu a cara; disse: “porra, eu não mereço uma porra dessas, é injustiça, mas que porra, porra”. E pensava no seu pobre e cálido amigo estafeta da Assembléia. Apesar do nojo, do verdadeiro asco do naturalismo com que o cordial Guedes explicava os detalhes da boneca inflável, ele pensou consigo: “carambolas, eu vou arranjar uma boneca dessas”. Ligou para o amigo:

— Alô? — Era o Guedes, aparvalhado com a ligação em plena madrugada.

— Guedes — soluçava o desconcertado Miranda. — Desculpe estar ligando a estas horas, mas... como você falou da boneca...

— Que boneca?

— A inflável!

— Ah, o que tem ela?

— Não, eu queria saber onde consigo uma dessas...— respondeu, um tanto envergonhado.

— Porra (balbuciou, enquanto procurava o número do vendedor, em alguma página amarela de guia telefônico. Não do classificado do jornal)!

E deu o número.

Miranda pediu a encomenda por telefone. Queria total descrição. No fim do dia, apareceu o motoqueiro com a encomenda. Acostumado com esse tipo de entrega e adivinhando o que estava dentro daquela caixa, o moto-boy olhava para a cara tímida de Miranda, que assinava o papel da encomenda. O homem da motoca conhecia esse tipo de figura, é apenas mais um maluco. Largou um “há!”. Fechou o visor do capacete, deu de ombros, e foi embora.

Miranda leu todo o manual de instruções. Com dificuldade, abriu o pacote, desenrolou aquele espectro de gente. Encheu a boneca de ar, como se fosse um Gepeto pós-moderno. Ali estava ela, nuazinha, com a pele cheirosa e com textura de pêssego que seu amigo falara, seios generosos e bundinha arrebitada. Cabelinhos cacheados loiros, língua pegajosa, unhas vermelhas mas com um olhar meio paranóico. Sentiu vergonha daquilo. Meu Deus, não me reconheço, dizia de si para si. Precisou tomar um trago para se desanuviar da timidez de estar com a boneca inflável. Duas, três, quatro, enfim, várias doses depois, conversava com a boneca, revelava confidências! Dizia: aquela vagabunda da minha noiva não prestava mesmo! Aquela vagabunda! E o meu sogro era um filha da puta (sic). Então, a conversa ficou mais íntima. Ele elogiava os cabelos da boneca. Os olhos paranóicos dela.

Então, como estava escrito nos oráculos, se deu a conjunção. Miranda lambuzou-se da boneca. Ele experimentou um inefável prazer naquele corpinho macio e inerte. Ele se descobria ali um fogoso amante de uma mulher totalmente entregue aos seus ávidos desejos. Mas, no outro dia, acordou com uma ressaca incomensurável...

Olhava aquela boneca inerte. Meu Deus, eu sou um necrófago! Aliás, eu sou um necrófilo (não conseguia distinguir a diferença, de tão embriagado que ainda estava) de bonecas. Eu sou um doente (olhava-se no espelho, chocado com seu ímpeto). Um psicopata! Pensava em sua linda e compassiva noiva. Pensou na noiva. Glorinha. Glorinha! Meu Deus! Ela me abandonou! Por que, meu Deus? Por que me fizeste sofrer? E era um estuprador, um currador de bonecas! Se sentiu abjeto. Então viu que havia se transformado num necrófilo de boneca inflável! Teve um choque de realidade! Como pude? Como pude? Estava chocado consigo mesmo. E chorava. Chorava alto, chorava forte.

Mas, à medida em que o tempo passava, ele foi se acostumando com aquela boneca. Tanto que Miranda até entendia os pensamentos de sua amada. De repente, tudo se transformou naquilo: ele se acostumara totalmente àquele ser inerte, que o satisfazia a toda noite. Porém, nem tudo é para sempre. Certo dia, ávido de saciar sua lascívia, nosso herói forçou tanto a amante contra a ponta da cama que acabou furando-a. Furou a coitada da boneca. Ela saiu voando pelo teto do quarto, como se fosse uma cena de desenho da tevê. Foi parar em cima do armário. Perplexo, Miranda pensava: o que foi que eu fiz?? E agora?

E agora? Olhou pelo corpo da boneca, era um furinho no pescoço. O problema é que ele não sabia como consertá-la. Precisava de ajuda. Um borracheiro? Teria que levá-la a um borracheiro ou coisa parecida. Tinha um, de confiança, que arrumava os pneus do seu carro há mais de vinte anos, mas não tinha coragem de demonstrar que ele tinha uma boneca inflável.

Rodou quilômetros a fio, de estrada a estrada, a fim de encontrar um borracheiro distante, que pudesse entregar a boneca para consertá-la, mas sem deixar que a história se alastrasse. Imagine como é? Esse tipo de história sempre acaba vazando por aí, pode acabar virando coluna de site na Internet, tema de enquete! Achou um borracheiro num cafundó. Bateu a porta. Um velhinho atendeu. Era um velhinho. Não sabia por que motivo se sentiu aliviado em ver que o borracheiro era um velhinho, e que mancava com uma bengalinha, como o Mestre Yoda. Então, contou a sua triste história. O homem, do alto de sua sabedoria, sabia o que fazer, achou tudo normal, disse até que já ouviu falar de casos como o dele. E prometeu, com a mão posta sob uma Bíblia imaginária, que iria reparar o furo em dois dias, com sigilo.

Aliviado, Miranda voltou para casa feliz. Logo, logo, ele teria a sua amada boneca em seus braços, para todo o sempre. E sonhava. Sonhava com aquela pele de pêssego, aquela língua pegajosa, com aqueles olhinhos lindamente paranóicos e compassivos. O problema é que passou o prazo, e nada. Esperou. Talvez alguma coisa tenha acontecido, faltou matéria prima, talvez algum problema de agenda. Excesso de demanda de clientes. Mas passou seis, sete dias, uma semana. Duas semanas. A cada telefonema, o borracheiro de beira de estrada dizia que havia sempre algum problema. Miranda se inquietava. Não pode ser, não pode ser! Alguma coisa está acontecendo.

Irritado, Miranda foi atrás do homem de madrugada, em plena chuva. Chovia uma tempestade diluviana. Mesmo assim, ele se resignou. Foi até o cafundó: iria buscar a boneca de qualquer maneira. Desceu do carro, a chuva estava cada vez mais forte. Bateu a porta uma, duas, três vezes. Na quarta, de tanto bater a porta, eis que apareceu o velhinho borracheiro, de samba-canção cor-de-rosa, besuntado de suor, da carequinha às chinelas. Teve um pressentimento: aquele pulha estava usando a boneca! Aquele canalha! Filha duma puta! Não pensou duas vezes:

— Eu quero ela! Ela é minha! Ela é minha! Ela é minha!

Muito encabulado, e principalmente entendendo o desespero de seu cliente, o borracheiro foi buscá-la, no seu quarto. Lá do escuro, aparecia o espectro do homem carregando a sua amada amante. Bufando de raiva como um bode, Miranda agarrou a boneca inflável, escondeu-a sob a sua capa de chuva e retornou para o carro. Lá dentro, largou sua concubina de plástico no banco do carona. Dirigiu pela cidade por duas horas. Não trocaram palavras. Até que, numa sinaleira, teve um acesso de raiva! Um guarda-noturno o flagrou dando murros no volante.

— Fui traído por uma boneca! Traído por uma porra duma boneca!!! Fui corneado por uma merda duma boneca!

Entrou em casa, jogou a boneca no sofá. Atirou sua capa de chuva num outro canto. Começou a discutir furibundamente com a boneca inflável, que ouvia a tudo, fedendo a suor e ao Trés-Brut de Marchand do borracheiro.

Os vizinhos estranharam. O Miranda, logo ele, um tímido, discursava como um louco, de dentro do seu quarto-e-sala. A senhoria chamou a polícia. Aquela discussão iria terminar em sangue, coitada da pequena, esse homens são todos iguais! Muitos acordaram. Era uma discussão de uma pessoa só, com um tom de voz jamais ouvido antes. Isso sem falar do baixo calão. Logo o Miranda, um homem tão pacato, todos ouviam aquilo de longe, desconcertados. Logo, a polícia, chegou. Nem as sirenes conseguiram constrangem o aparvalhado Miranda, que tinha acessos, dentro do apartamento. Foram todos até a porta. O policial bateu uma, duas, três vezes. Mas o homem estava descontrolado. De repente, estava consumando algum assassinato. Todos estavam brancos, todos.

— Dá licença, madame, dá licença. — disse o policial, meio confuso com a situação, tomando distância no corredor, para arrombar a porta.

A porta abriu, com um grande estrondo. A cena era inacreditável. O coitado do Miranda, dando golpes mortais de faca de cozinha naquele fiapo de borracha com cabelos loiros e olhar paranóico, que fitava o teto do quarto-e-sala, como que sonhasse. Golpeava uma, golpeava duas, golpeava três, enfim, várias golpeadas com força, com um ódio iracundo, do pélago da sua raiva. Golpeava e chorava. Ninguém entendeu quando ele esfaqueava com raiva e chorando desesperadamente sobre aquela boneca murcha, aos berros surdos de “Cínica, cínica, cínica”.

Tuesday, January 15, 2008

Extra!

Fofoca
Britney Vai Virar Mulher-Bomba!

A cantora saiu com namorado usando seu vestido de casamento

Da Redação


Haja alcalóide na corrente sangüínea! Britney Spears contou a alguns amigos que vai comprar um poodle e se converter ao Islamismo, religião de seu namorado, o paparazzo Adnan Ghalib, segundo o site americano "Pop Crunch".

Em telefonema a um parente, a cantora pop contou que está muito apaixonada por Ghalib e que ele é a única pessoa que a entende. Ainda segundo ela, eles já estaria pensando em se casar, apesar de estarem juntos há cerca de duas semanas e de ele já ser casado com outra mulher.

Recentemente o casal foi flagrado em uma concessionária da marca "Mercedez-Benz". A cantora estava usando o mesmo vestido do seu casamento com o ex-marido, Kevin Federline, de quem se separou em 2006, e com quem tem dois filhos, Sean Preston, de dois anos, e Jayden James, de um.

Atualmente, ela pertence à religião Deu, é Amor.

Friday, January 11, 2008

FEBEAPÁ neles!

O Pato Macho (que, quando se faz de sério é para cair na gandaia) presta hoje uma singela homenagem ao inesquecível jornalista e compositor, Sérgio Porto, o Stanslaw Ponte Preta, criador das Certinhas do Lalau, da Tia Zulmira e dos impagáveis Febeapás (Festival de Besteira que Assola o País) e que nasceu há exatos 85 anos. Tava morrendo de rir lendo semana passada o Febeapá 2. A primeira parte é só gafes da imprensa e coisas estapafúrdias que os políticos e a ditadura faziam. Um deputado propondo um projeto de lei exigindo caixas de fósforo com duas cabeças, para economizar madeira. Ou quando a Censura proibiu a peça Ivã o Terrível, acusada de subversiva, por sua "alusão ao comunismo". O problema é que a história se passava 313 anos antes da Revolução Russa. Essa série de livros é fantástica para se ver o lado surealista da realidade do poder na política. E o estilo ferino, de uma velada diatribe, sutil como um florete, da sua crítica.

Uma história interessante dele envolve o Cartola: foi o Sérgio quem achou o nosso amigo Angenor, sumido de tudo e de todos, trabalhando de lavador de carros, e deu uma força para o autor de "Alvorada" retomar a carreira perdida. Outra é que o Ponte Preta ajudou o então paupérrimo Nelson Cavaquinho a mobiliar a casa dele. No antológico programa Ensaio, da TV Educativa (tem no You Tube, vale a pena vê-lo contando as histórias dos sambas!) o Nelson relembra o jornalista morto, quando falava da mobília: "quando eu olho para os meus móveis, eu me lembro do Sérgio Porto". Uma pena ter vivido tão pouco - morreu com 45 anos. quem passou os olhos nos três Febeapás fica imaginando o quanto ele não teria de material para destilar o seu sarcasmo sobre notas de jornal e as épicas bizarrices dos nossos políticos...

Aqui vão algumas das frases imortalizadas pelo criador do Samba do Crioulo Doido nas suas colunas em revistas e jornais como a Manchete, Tribuna da Imprensa, Diário Carioca e a Última Hora. Algumas já se incorporaram ao falar do brasileiro ("mais por fora que umbigo de vedete"):


"Ser imbecil é mais fácil".

"Mais monótono do que itinerário de elevador".

"Macrobiótica é um regime alimentar para quem tem 77 anos e quer chegar aos 78".

"Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói".

"Lavar a honra com sangue suja a roupa toda".

"Difícil dizer o que incomoda mais, se a inteligência ostensiva ou a burrice extravasante".

"Mania de grandeza é a desses suplementos literários que têm um aviso dizendo que é proibido vender separadamente".

"Se mosquito fosse malandro mordia antes e zunia depois".

"Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!".

"Esperanto é uma língua universal que não se fala em lugar nenhum".

"Quem dá aos pobres e empresta, adeus!".

"Levou um susto e ficou mais branco do que bunda de escandinavo".

"Ficou numa melancolia de pingüim no Piauí".

"Tirante mulher, a gente só deve recomendar o que experimentou e gostou".

"O terceiro sexo já está quase em segundo".

"Se a senhora está mesmo disposta a se despir de todos os seus preconceitos então porque não tira logo as calcinhas também?".

"Dono de cartório de protesto é uma espécie de cafetão da desgraça alheia".

"Minissaia é um traje que quando a mulher senta aparece o que a saia tinha obrigação de fazer sumir".


"Por mais eficaz que sejam os métodos novos de fazer criança, a turma jamais abandonara o antigo".

"A polícia prendendo bicheiros? Assim não é possível. Respeitemos ao menos as instituições".


"O rapaz era militar e Flamengo, portanto duplamente supersticioso".

"Quando o casal começou a dançar o chá-chá-chá Tia Zulmira disse que já conhecia aquilo, apesar de que, de pé, era a primeira vez que via".

"A dúvida dele não era a de que pudesse não ser um homem mas a de que talvez nem chegasse a ser um rato".

"Mais inútil do que um vice-presidente".

"Há sujeitos tão inábeis que sua ausência preenche uma lacuna".

"Pra não se sentir diminuído no meio dos amigos, confessou: "Não é pra me gabar não, mas eu também sou meio tarado!".

*"Era uma empregada tão perfeita que a patroa concordou em cozinhar para ela".

"Os valores morais são os únicos que conservaram os preços de antigamente".

"Ele tinha um medo terrível de se apaixonar pela esposa".

"Mais vale um filé no prato do que um boi no açougue".

"Quando estamos fora, o Brasil dói na alma; quando estamos dentro, dói na pele".

"Quando acabou aquele velório teve-se a impressão de que o morto ficou mais aliviado".

"Amor, dinheiro e lua, parando de crescer começam logo a diminuir".

"Nem todo rico tem carro, nem todo ronco é pigarro, nem toda tosse é catarro, nem toda mulher eu agarro".

"Coitado, freqüentou tantas noites de autógrafos que acabou alcoólatra".

"Se você não acredita que o reino do céu é aqui, repare então como os pobres de espírito se divertem".

"O cachorro abana o rabo quando quer agradar, a mulher, quando quer agrado".

"Mulher e livro, emprestou, volta estragado".

"O sol nasce para todos, a sombra pra quem é mais esperto".

"Era desses caras que cruzam cabra com periscópio pra ver se conseguem um bode expiatório".

"Televisão é uma máquina de fazer doidos"

"Homem que desmunheca e mulher que pisa duro não enganam nem no escuro".

"O melhor da televisão é o botão de desligar".

"Política tem esta desvantagem: de vez em quando o sujeito vai preso em nome da liberdade".

"Tirante mulher, a gente deve recomendar tudo aquilo que experimentou e gostou".

"Uma feijoada só é realmente completa quando tem ambulância de plantão".