Friday, January 19, 2007

Craques em 90 minutos

Cocada, Etcheverry, Bujica, Fabiano Souza, Jurandir, Revétria, Basílio, o que esses jogadores de futebol têm em comum? A rigor, são aqueles boleiros chamados de craques de um jogo só. Sabe aquele atleta do seu time do coração que, ao contrário dos grandes nomes entronizados em trajetórias marcantes e em campanhas inesquecíveis, deixaram a sua marca registrada em uma única e escassa partida?

Antes que chovam e-mails à redação, eu vos adianto que naturalmente não me refiro àqueles que tenham resumido a sua gloriosa participação em determinado clube a apenas uma partida — os obscuros e meteóricos. Claro que esses existem (é claro, é claro). Mas me refiro também aos que, necessariamente, têm os seus nomes evocados em alguma mesa de bar ou numa roda de conversa nas arquibancadas da vida.

Essa idéia me veio à mente quando estava assistindo à série Jogos Para Sempre, da Sportv. No turbilhão de reprises do fim de ano, e sem ter muito o que ver na tevê, eu assisti a todas as reprises do emblemático Vasco X Flamengo de 1978, o jogo do gol de cabeça do Rondinelli. Ficou revocando em algum canto até que, olhando em comunidades de futebol na Internet, encontrei um tópico onde se discutia justamente isso. A lista é tão vasta quanto controversa - até porque vai desde gente obscura a grandes vultos da bola.

Como no citado jogo do Rondinelli, o Rei da Raça que, nos 41 minutos do segundo tempo deixou a sentinela da zaga rubro-negra para balançar as redes para matar o Leão em pleno Maracanã. Outro caso clássico é o Basílio, naquele Corínthians e Ponte, no Paulistão de 1977. Outro: o eterno Cocada, que em outro Vasco e Flamengo, entrou no lugar de Vivinho e, suplantando até os oráculos, e faria o gol do bi-carioca, em 1988, para ser expulso logo em seguida...

Um caso recente e menos célebre: o centroavante Souza (artilheiro de 2006 no Goiás, hoje no Flamengo), de apagada passagem pelo Inter de Porto Alegre. Virou ídolo de um jogo só ao fazer os dois gols (num total de três em sua campanha no clube gaúcho) da vitória sobre o XV de Novembro de Campo Bom, dando o Tetra ao colorado e virando até página de livro.

Pelo menos, nesses quatro casos, mesmo que a história dos três tivesse acabado ali, já haviam feito mais do que o suficiente.

Na comunidade Futebol Alternativo, do Orkut, apareceram muitos outros: os dois gols de Etcheverry contra a Seleção; Josimar e seu canhão, na Copa de 1986. Kanu, nas Olimpíadas de Atlanta; Sorato, na final de 1989 contra o São Paulo, Clayson Rato, que empatou Santa Cruz e Sport, e deu o título ao rubro-negro, em 2003; Aílton Boca-de-cinzeiro, na final do Brasileirão de 1996, defendendo o Grêmio; Fabiano Souza, que foi o spalla da goleada de 5X2 imposta pelo Inter no Grenal de 1997; Marcelinho, que estourou no Grêmio dos aspirantes para os titulares, impondo sonora goleada sobre o Serc Chapadão, em 2004 para sumir no São Caetano, um ano depois.

Há ainda os casos dos famosos carrascos do Brasil: o ponta-direita Ghiggia, o fratricida do Maracanazo e Paolo Rossi, o maldito facínora do estádio Sarriá, destruidor de uma geração de torcedores (deixa prá lá...). Ambos de triste lembrança.

Não poderia esquecer de Chico Spina. Quem se lembra dele, a não ser as testemunhas daquela semifinal do Brasileirão de 1979? O Inter ia jogar com o Vasco no Maracanã. Estava chovendo e o Valdomiro estava vinha de lesão de uma desgastante partida contra o Cruzeiro, em Minas: não tinha como jogar. Para piorar, o Falcão, que era o pièce de resistance daquele time, também se lesionou, justamente na semifinal. Aconteceu que o Inter ia entrar em campo com o Chico Spina (ex-Grêmio aspirantes e Cruzeiro de Porto Alegre) com a gloriosa 7 de Valdomiro e o Valdir Lima com a 5. A torcida murchou. Acabava ali o sonho do tri.

Mas eis que brilhou a estrela do Chico Spina, e em duas bolas enfiadas, ele matou o Leão (ele mesmo, eheh) e o Inter levou a vantagem para o Beira-Rio. Lá, o Inter conseguiu fazer 2 X1, mesmo com um frangaço do Benitez. Diz-se, à boca pequena, que havia batuque na história. Mas como (diz-se) o Vasco havia feito o mesmo, ficou o dito pelo não dito.

Outro caso clássico: o volante reserva do Grêmio, Jurandir, naquele Grenal de 1980 que foi escalado apenas para marcar o Falcão. Acredito que a maioria dos torcedores tricolores (principalmente nos da geração anos 90, que se lembram de Arce, Rivarola, Paulo Nunes, Carlos Miguel, Dinho e Goiano) nem sabem do que eu estou falando.

A história foi mais ou menos a seguinte: aconteceu que, naquele jogo, o Falcão simplesmente não viu a cor da bola, o Jurandir anulou o volante colorado, que sofria impiedosa e violenta marcação até para entrar e sair do túnel. O Jair e o Bereta reclamavam: “avança, alemão, toca a bola!!” E o Falcão: não consigo, o Jurandir não deixa! Aí o jogo ficou conhecido pelos antigos como o Grenal do Jurandir. Depois ele entrou em alguns jogos e nunca mais ouvi falar dele. Mas sempre que se fala do marcador gremista é para falar desse clássico. Alguém aí sabe que fim ele levou?

E vocês, meus quatro leitores, se lembra de mais algum craque de um jogo só?

Tuesday, January 09, 2007

As águas não vão rolar

Gauchão
GPS vai controlar a 'turma do funil'
Preparador físico Flávio Trevisan usa tecnologia de última geração na pré-temporada do Grêmio, em Bento Gonçalves



A alta tecnologia vai ajudar o Grêmio a manter os seus pupilos longe de boates, cervejarias, cabarés, lupanares e demais bas-fonds do interior da Capital. O treinador Mano Menezes aprovou a utilização de receptores e transmissores do GPS (Global Positioning System) em seus atletas. O revolucionário sistema de posicionamento via satélite permite aferir todos os movimentos de seus jogadores fora das quatro linhas.

É o mesmo princípio utilizado no rastreamento dos automóveis. Com os aparelhos adapatados, agora será possível se alguém resolveu pular o muro para tomar um goró na Nilo, curtir um pagodezinho na Lima e Silva, ou então experimentar um fast-food na Farrapos.

A cada segunda, cada um tem avaliada sua resposta ao aparelho. Os dados servem de parâmetro para que se avalie o rendimento dos jogadores dentro de campo. O treinador gremista entende que o GPS pode revelar dados importantes sobre o estado 'anímico'de seus intrépidos comandados: "tem muito jogador por aí que tem bola no corpo mas gasta tudo na gafieira", diz Mano menezes, não querendo generalizar, e já generalizando. "Depois, eles não rendem nada em campo e passam por pernas de pau", analisa.

Para não constranger o já apavorado grupo, o trabalho será realizado via amostragem, como exame anti-doping. Após cada partida no Olímpico, dois jogadores terão seus deslocamentos monitorados através de um equipamento instalado numa das cabines do estádio. Cada trecho percorrido é registrado através de um movimento do mouse do computador.

Um dos descontentes com a nova medida adotada pela direção gremista é o recém-contratado coentroavante Tuta. segundo ele, não dá nada sair à noite porque, afinal de contas, é uma cultura institucionalizada e respeitada em, grandes centros, como o Rio de Janeiro. "Lá é uma beleza, já é prainha de manhã, uma siesta depois do almoço e uma baladinha na noite, o que há de mal nisso?", protesta. Para o camisa 9 tricolor, a medida é exagerada:

- Afinal de contas, sair não quer dizer que eu vá encher a cara. Vocês, jornalistas, sabem muito bem que tem muita gente fina por aí que adora uma tele-entrega, revela.

O trabalho vai ser intenso a partir da semana que vem, quando a delegação retornará para Porto Alegre. Resta apenas saber em que parte do corpo dos jogadores o aparelho de GPS será instalado.

Tuesday, January 02, 2007

Eureca

Futebol
Arqueólogos descobrem ruínas de antigo estádio no Litoral
Elefante branco sucateado dos tempos do faraó Sessim vai sediar o primeiro jogo do Gauchão


ANSA - Escavações realizadas num sítio arqueológico de Ciderira, localizada a 70 quilômetros de Porto Alegre, provocaram surpesa em todo mundo: pesquisadores que procuravam possíveis fósseis da Idade da Pedra Lascada acabaram encontrando um incrível estádio de futebol em ruínas.

De acordo com os especialistas, o chamado "balipódromo" Sessinzão é datado de 1996 a.C e foi erguido durante a Terceira Dinastia Sessinzaica, no reinado do faraó Elói Braz Sessim, antigo tirano da região que, há doze anos, torrou $ 3 milhões num monumento ao desperdício do dinheiro público. Depois da inauguração, o estádio, para 15 mil pessoas, foi jogado às traças e o prefeito Sessim cassado e condenado por corrupção.

Mas quem está entusiasmado coma patética descoberta é o intrépido presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto. Segundo ele, apesar do estado deplorável da homérica construção, ele anunciou que ela será utilizada para sediar pelo menos oito jogos da dupla Gre-Nal no Gauchão 2007.

Mas o fato extraordinário é que Beto Pires, atual prefeito da simpática cidade litorânea vai meter mais R$ 700 mil para ressucitar o gigantesco elefante branco. Até agora, só a licitação para reforma da infra-estrutura e dos espaços internos do estádio atingiu R$ 344.943,26. Como se fosse pouco, o Ministério do Esporte entrará com R$ 200 mil e a Fundergs, com R$ 120 mil.

Apesar de todos os gastos, ele está otimista:


- De Cidreira, surgirão novos expoentes do esporte, aos moldes da ginasta Daiane dos Santos e do craque Ronaldinho Gaúcho - diz Beto pretende ainda neste semestre contatar clubes europeus para transformar o Sessinzão em 'indústria de craques', explica.

O melhor de tudo é que, a duas semanas do jogo de estréia do campeonato, o Sessinzão sequer tem gramado. Apenas metade da área foi plantada. A outra é solo lunar. Além disso, as janelas dos vestiários estão sem vidros, os banheiros ainda não têm vasos sanitários e as cabines de imprensa estão em condições precárias. Do lado externo, muito lixo e restos de tijolos e pedras dão ao velho balipódromo dos tempos do faraó um ar de filme épico de Cecil B. de Mile.