Wednesday, August 31, 2005

Honni Soit Qui Mal Y Pense

Para LFV, (depois que matou a Velhinha)



A mulher deu a luz a um garoto. Era um menino robusto, rechonchudo e com uma cabeleira indomável, apesar da pouca idade. Puxou ao avô, pensou o pai, enquanto olhava o seu rebento, que ria um sorriso alegre de gengivas devolutas e rosadas, confortável no colo de sua mãe. Tudo corria perfeitamente bem, até que, cerca de uma semana depois, chegou um telegrama direto de Moscou, para os pais. O nome do remetente era alguma coisa inpronunciável, algo como Ivan Ilitch, Slovevitch, Stochkovich, Abramovich, algo assim. O pai em vão tentava pronunciar. A mãe pensava: ué, vovô era descendente de poloneses, será que é algum parente distante?

O pai leu as poucas frases da mensagem — redigidas em Inglês — com certa dificuldade, porém salvo pelo seu curso inacabado do Yázigi, ainda no primeiro grau. O telegrama agradecia pelo nascimento da criança e comunicava que, em breve, um emissário iria falar com eles, com o objetivo de levar o bebê. Levar o bebê? Os papais se entreolharam: como assim? No dia seguinte, outra correspondência traz um recibo de depósito: US$ 1 milhão pelo negócio.

— Que negócio — quis saber a mulher, interrogando o pai. — O que voc6e andou aprontando, seu patife?

— Não sei de nada, não sei de nada! — respondeu ele, assustado tanto com a história do emissário russo quanto com o valor estratosférico do cheque.

Três dias depois, aparece o tal emissário russo, com uma barbicha estilo Lênin (aliás, a cara dele era muito parecida com o Lênin), e baixinho, carregando uma pesada valise.

— Bom dia, eu vim buscar a criança de vocês. — anunciou o russo.

— Mas que história é essa? — Espantou-se o pai.


— Bom, pela cara de vocês, eu preciso dar uma explicação. — adiantou-se o emissário.

Pigarreou, alçou a fronte, e disse:

— É o seguinte: eu sou empresário da bola. Acontece que nós estamos revolucionando o negócio de contratação de craques para o futebol europeu. Ao invés de ficar gastando rios de dinheiro em apostas ou em jogadores extremamente caros, devido à atravessadores de clubes de futebol e rábulas de porta de vestiário, nós estamos entrando na dinâmica da globalização do capitalismo futebolístico. Então, estamos apenas antecipando a tendência do futuro: os grandes clubes de futebol não vão comprar o passe de jogadores de dezessete, dezoito anos, e enviá-los para a Europa mal condicionados, mal treinados, mal alimentados, ignorantes embora supervalorizados e sem o domínio de uma língua de primeiro mundo. Então, nós estamos fazendo uma avaliação de crianças que possam vir a ser futuros boleiros profissionais e estamos levando todos, ainda em tenra idade, para o futebol europeu!

Os pais da criança estavam boquiabertos.

— Mas como?

— Ora, nós temos uma rede de influências, uma rede de informações, não jápodemos prever a qualidade e a funcionalidade dos futuros atletas através do genoma, do biootipo, da genealogia dos pais. Então, nós averiguamos o passado de vocês e concluímos, através de uma pré-análise matemático-metafísico-biológica baseado em documentos clínicos que o seu filho tem um Q. I altíssimo, biotipo de atleta, e capacidade de liderança, ou seja, é um craque!

— Mas...como? — a mãe tremia sob as chinelas.

— Nós temos as nossas fontes, madame. Nós temos as nossas fontes! Mas não se preocupe. No futuro, vai ser assim. Não se assuste. Isso é o futuro. Quem ficar preso a axiomas e a tradicionalismos provincianos, vai certamente ficar na contramão da História...


— O que o meu filhinho vai fazer na Rússia, naquele frio??

— O emissário, em tom suave e ligeiramente didático, explicava:

— Minha senhora, imagino que você esteja pensando no futuro do seu filho. Você quer que ele jogue todo o seu potencial fora, emburrecendo no sistema educacional do seu país, gastando malas de dinheiro em supletivo, cursinho, faculdade para, depois de cinco anos, ficar outros cinco anos desempregado e engordando em casa, e tendo que, depois de velho, ter que fazer cursinho para passar em concurso público? É isso o que a senhora quer? Ou quer que ele, dentro da sua potencialidade como jogador, abra mão de um futuro de ouro no esporte bretão, se carneando em jogos no interior do Brasil, e se tornar um boleiro desconhecido de clube de terceira divisão?

— Bom...pensando assim, acho que...não.

— Viu? Isso mostra que a senhora é uma mulher sábia — sorriu o emissário enquanto, sorridente, abria a sua misteriosa valise.

— Sim, mas o que a gente ganha com isso? — atravessou-se o pai. — quanto vale o meu jogador?

— Alberto! — irritou-se a mamãe. Isso é forma de chamar o nosso filho?


— A senhora não se preocupe, o processo de mudança será simples, indolor, e de muita valia no futuro. A senhora não perderá o contato como seu rebento. E o senhor também não se preocupe, nós vamos hoje mesmo depositar seis milhões de euros por 100% dos direitos federativos do seu jogador, que receberia outros dois milhões de numa negociação remota — se recebesse. O menino vai se criar cheio de saúde, vai se tornar um grande atleta e vocês vão lucrar rios de dinheiro, e terão passaporte comunitário para poder viver na Europa, no futuro. No fim, todos saem ganhando: vocês ficam ricos, e o menino não vai ter que ficar perdendo tempo jogando no Brasil — e, virando-se para o papai, perguntou: —.Qual é o time pelo qual o senhor torce?

— Quem, eu? Sou gremista.

— Então, assim o senhor poupa o seu garoto de ficar perdendo tempo e dinheiro e sendo desvalorizado em campeonatos intermináveis de clubes miseráveis e maus pagadores, e que não vão ser campeões de coisa alguma.

Mais aliviados, os papais preparam a mala de viagem como todas as roupinhas do bebê. A mãe reluta em entregar o menininho na hora de ir embora. Chora muito. Porém, dias depois, já está reconfortada. E o tempo passou. Passou e, um ano depois, o casal têm mais um filho. Um menino. Era outro menino robusto, rechonchudo e com uma cabeleira indomável, apesar da pouca idade. Duas semanas depois, toca o telefone. A mãe atende. Fica pálida. Depois, fica azul, cinza, amarela, cor-de-rosa, furta-cor. Larga o fone no ar, corre até o berço, e se tranca no banheiro. O pai vai atender a chamada. Ouve atentamente o sujeito do outro lado. Então vai falar com a mulher:

— Abre, querida.

— Não abro.

— Abre, querida.

— Não abro!

— Abre, querida.

— Não abro! Não abro! Não abrooooooooooooo!!

— Abre, amorizinha, eles disseram que está tudo bem, que está tudo em ordem. Eles disseram que o menino tem genoma de centroavante rompedor. Vai ser um número 9 nato!

— Eles quem, dessa vez? — perguntou a mulher, chorosa.


— Ah, parece que é um grupo de empresários portugueses.

Friday, August 26, 2005

Presidente Bossa Nova

O presidente citou Juscelino Kubitscek para se justificar em sua resignação no cargo do primeiro mandatário desta republiqueta de bananas que é o Brasil. Isso fez eu me lembrar de uma história envolvendo o Darcy Ribeiro.

Ele contou certa vez que, ao final de seu mandato, o velho JK o chamou, no então novíssimo e refulgente Palácio da Alvorada. O presidente resolveu fazer ao ilustre sociólogo a seguinte confidência: estava incomodado com as críticas que seu governo recebia. "que tipo de crítica, presidente?", Darcy quis saber. "Dizem que o meu governo não teve uma dimensão humana". Eis o problema: a hercúlea tarefa de criar Brasília e implantar o pacto entre os representantes estrangeiros e o patriarcado político tradicional, para uma política tão modernizadora quanto desnacionalizante, rezar a cartilha do FMI, entregar concessões de exploração mineral com documentação forjada a empresas estrangeiras para, depois romper com o próprio Fundo, que condicionou um empréstimo de US$ 300 milhões à imposição de uma política deflacionária e ao adeus ao propalado Plano de Metas. A crítica que o incomodava era a que ele não ampliou a participação do povo e menos no acesso ao trabalho.

Pediu então a Darcy que criasse um projeto de lei de "alto alcance social", para ser remetido ao Congresso como sua derradeira mensagem presidencial. O sociólogo pensou, pensou, e propôs um projeto de Reforma Agrária. Receoso e surpreso, JK pediu que ele fosse antes consultar San Thiago Dantas, que desconversou. "Pô, mas logo agora que seu estou comprando um baita fazendão à margem do São Chico???".


Creio que, para se comparar ao Juscelino Kubitschek, Lula vai precisar de muito mais do que paciência. Mas para quem fica falando em teorias conspiratórias, o presidente Bossa Nova teve que enfrentar greves, lockouts e o recrudescimento dos sindicatos em todo o Brasil. Mas o mais lhe custou paciência foram as quarteladas e a ferrenha oposição udenista ao seu governo.
Paciência: em 1955, meios militares, a oficialidade pró-Eduardo Gomes e parte da Marinha tentaram impedir, a qualquer curto, a posse de Juscelino e Jango. Com o auxílio da UDN, conspiraram. Café Filho simulou um enfarte, entregando o poder a Carlos Luz, que destituiu o Ministro da Guerra, Marechal Lott, que não acatou a decisão, mandando prá correr ele mesmo o presidente em exercício e empossando o senador Nereu Ramos em seu lugar. Foi o famoso 11 de novembro de 1955. Espumando de raiva, Carlos Lacerda, Carlos Luz e o baixo clero da UDN, junto com alguns oficiais da Marinha, raptaram o navio Tamandaré, e tentaram buscar resistência em São Paulo. Não conseguiram, até porque o tal navio não foi até a esquina. Lacerda teve que pedir asilo político para Fulgêncio Batista em Havana.

Duas vezes paciência: no ano seguinte, o divertido golpismo udenista, ainda inconformado com a pose de JK, resolveu inspirar novos atos destemperados. De volta ao Brasil, Lacerda cria outro escândalo com documentos falsos, visando agora Jango, envolvendo ele numa suposta negociata com o governo argentino. Enquanto isso, quatro oficiais da aeronáutica e mais um civil (que morreu na brincadeira) tomaram por quase três semanas o aeroporto de Jacareacanga, na selva amazônica, e dominam Santarém. Lá, esperaram que Juscelino os anistiasse para, de volta a suas funções, voltarem a conspirar calmamente...

Três vezes paciência: em 1958, para pôr termo a mais uma conspiração na Aeronáutica com a Marinha, JK teve a idéia de semear a discórdia entre ambos: resolveu comprar dos ingleses um porta-aviões de sucata, uma verdadeira panela velha ambulante, só útil para treinamento, e batiza com o sugestivo nome de Minas Gerais. Tanto dinheiro posto fora num elefante branco com proa e popa serviu para alguma coisa. Mas o povo resolveu chamá-lo de "Belo Antônio", que virou música do Juca Chaves, o rapsodo fundamental de Juscelino.

O Brasil já vai à guerra
Comprou um porta-aviões!
Um viva para a Inglaterra:
Oitenta e dois milhões? Mas que ladrões!


Quatro vezes paciência: em 1959, oficiais udenistas da Aeronáutica se sublevaram contra o governo: seqüestram um avião da Panair e voam para Aragarças, no Brasil Central. Inauguram, sem querer, os "seqüestros aéreos" como arma política. A revolta, novamente, deu com os burros n’água. Não bastasse a incompetência dos oficiais, havia dentro do aparelho um cadáver de uma mulher, e os rebeldes revolucionários não sabiam o que raios fazer com a tal defunta e seu inconsolável viúvo. JK riu, ofereceu a outra face, e os anistiou, outra vez.


Grande Juscelino. Empossado na presidência da República, prometeu fazer o Brasil saltar 50 anos em 5. Não o fez. Quem o faria?

Thursday, August 11, 2005

Classificados PATO MACHO


VENDE-SE Cavalo paraguaio, pangaré redomão legítimo natural de Assunción, quatro anos, único dono. melhor posição: chegou em sexto no Brasileirão de 2003. Ferraduras não incluídas. Tratar com dr. Fernando Carvalho, Estádio Beira-Rio, Porto Alegre.

Tuesday, August 09, 2005

Enquanto ifo, numa repartifão pública...

– Colega, eu não te encontrei ontem na paralisação. Por acaso fizeste greve de pijama?
– Que de pijama nada, companheiro! Eu fif paralisafão de camisa, calfa e fapato, trabalhando no meu fetor!
– Mas como, cara! Não estavas sabendo da movimentação?
– Claro que eu fabia, companheiro!
– Pois é, e tu que sempre estiveste nas greves, discutias os problemas do funcionalismo público, gostavas das atividades... mudaste agora com a esquerda em Brasília?
– Não, não mudei nadinha. Continuo goftando.
– Então não entendo... o ato público da categoria teria sido ainda melhor se toda a companheirada participasse.
– Aí é que eftá o problema. Lembra o motivo da paralisafão?
– Como não vou lembrar, se foi ontem? Era o nosso sindicato protestando contra a corrupção no governo! Estás contra o sindicato, agora?
– Que é ifo, companheiro! Eu fou é a favor da corrupfão!
– De onde tiraste essa idéia agora? Em quem foi que tu votaste, afinal?
– Por ifo mefmo! Eu não pofo perder a coerênfia, companheiro...

Profunda

José Simão, em sua coluna, disse que o roubo à agência do Banco Central, na realidade, é o início das obras do metrô de Fortaleza. Pois eu diria que uma obra de 78 metros que custa R$ 156 milhões só pode estar superfaturada!

Thursday, August 04, 2005

De Primeira


Presidente do Inter é autuado por ação de flanelinhas

Marcelo Xavier/ enviado do PATO MACHO a Porto Alegre


A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) autuou em seis salários mínimos o presidente do Sport Club Internacional, Fernando Carvalho, pela atuação ilegal de flanelinhas na Avenida Padre Cacique após a partida entre Inter e Santos, no Estádio Beira-Rio, na quarta-feira à noite. O clube paulista venceu o jogo por 1 a 0, gol do meia Robinho - com um pé nas costas - e que estava gozando de férias em Porto Alegre. Ao ser procurada pela reportagem, a diretoria do Sport Club Internacional preferiu não se comunicar sobre o caso.

Wednesday, August 03, 2005

Na casa do Chato

De tempos em tempos, a Gasol (nome pelo qual nos fazemos reconhecer) tinha a mania de reunir-se. Às vezes na casa do Chato, outras na do Polaco e, poucas, na do Cavernoso. Eram carreteiros, pizzas, churrascos e até sessões de vídeos pornôs. Sempre havia muito trago: cerveja, vinho ou caipiras. A comida era feita em meio à bagunça e à gritaria.
— Ô Pés-sujos, me pica essa cebola bem pequenininha — disse o Chato.
— À seco eu não consigo trabalhar. Diz pro Polaco me trazer uma caipa das buenas — replicou.
— Chato, é verdade que o Leite-com-bolachas teve aqui na semana passada e bebeu tanto, bebeu tanto, que regou a plantação de tempero-verde da tua mãe? — perguntou o Magrão.
— Destruiu. Bebeu quase um litro de vinho, ficou bobo como um neném e começou a dizer um monte de besteiras, até a hora que dormiu sentado. Quando o acordaram para ir embora, não resistiu e vomitou no tempero da mamãe.
— Pelo menos não foi que nem o Dagô, que vomitou no banheiro e agente teve de limpar — disse o Polaco.
— Vocês tiveram que limpar? Que audácia a tua, Polaco. Quando a festa é aqui em casa sou eu que fico até o amanhecer para limpar as cagadas de vocês. Quem escuta as reclamações sou eu.
— Tudo muito bom, tudo muito bonito, mas cadê a porra da caipira — reclamou o Pés-sujos.
— Quantos nós somos? — perguntou o Polaco.
— Cinco — respondi. — e vem mais dois.
— Quem é que não vem? —interrogou o Vaca, arrumando os óculos na ponta do nariz.
— O Tampa e o Desbravador, as mulheres não deixam. O Cavernoso vem e disse que vai trazer o Nacadois. O Guasca disse que talvez viesse.
— Disse e vim. Podem colar o cu na parede porque quem não colar eu como.
— Como se fosse muito macho. Macho que nem tu eu como um por dia — replicou o Pés-sujos.
— Vai um gole para experimentar, Vaca?
— É, até vai. Me diz uma coisa, J.R., como é a história do porre que tu, o Pés-sujos e o Magrão tomaram?
— Olha, a pessoa mais indicada para falar a respeito é o Magrão porque ele foi o que se embebedou menos. Eu e o Pés-sujos ganhamos cicatrizes e nem sabemos como.
— O que eu sei é o seguinte: era véspera de um feriado e a “nega véia” tinha me expulsado da casa dela para poder estudar. Eu voltei para casa, puto da cara, e dei uma passada no bar dos guris (a família Saracura tinha um bar na Getúlio, amigos nossos). Como eu estava de cara resolvi ir embora, mas quando cheguei na esquina, o J.R. e o Pés-sujos passaram e me levaram para dar uma volta. Fomos até a 24 de Outubro e os bares estavam cheios. Também não tínhamos dinheiro, então juntamos todos os trocados e compramos um garrafão de vinho. A rolha foi devidamente empurrada para dentro pois não tínhamos saca-rolhas. Demos uma volta enorme, passamos pela Farrapos, pela Independência, seguimos duas garotas pela Assis Brasil até a igreja São João e não conseguimos nada. Então voltamos para a Getúlio e o J.R. estava tão bêbado que eu resolvi dirigir o carro dele. Quando chegamos na casa dele largamos o carro e fomos a pé até a casa do Pés-sujos. Daí os dois começaram a pular um nas costas do outro e caíam. Quando pulavam na minhas costas eu saía fora e os dois se esborracharam no chão. Os dois me contaram que depois vomitaram até as tripas.
— Por que tu fica revolvendo o meu passado negro, hein Magrão? — perguntou o Pés-sujos.
— Vamos parar com esse papo que não leva a nada e começar a beber. A caipira que eu fiz está aí a horas e ninguém toma — disse o Polaco.
— Eu quero é o vinho do pai do Chato — retrucou o Guasca.
— Tô nessa — completei. — No vinho do meu pai ninguém toca — sentenciou o Chato.
— Eu quero é que alguém prove o molho aqui.
Depois do Pés-sujos provar (em matéria de comida ele era sempre o primeiro), provaram o Vaca, o Guasca eu e o Magrão. E cada vez que um provava o molho, o Chato metia a colher de pau de volta na panela. Alguns reclamavam da falta de higiene do ato.
— Ô Chato, vê se lava a colher antes de botar na panela — reclamou o Vaca.
— Que lavar o quê! — desdenhou o Chato, esfregando a colher no meio das pernas e colocando na panela de novo.
— Até parece que tu não comeu merda quando era pequeno.
— Claro que não.
— Então come agora depois de velho — sugeriu o Guasca.
— Homem que é homem revira bosta de vaca para catar verme.
— Pra mim quem faz isso é passarinho vira-bosta — remendou o Polaco.
— E se é passarinho tem mais é que levar um fundaço na bunda.
— Vamos parar com a gritaria que chegou o Chefe — disse o Cavernoso quando chegou na casa do Chato.
— E quem te nomeou chefe da turma? — perguntou o Polaco.
— Se eu sou o Chefe não preciso ser nomeado. Eu mesmo me nomeio. E chega de discussão, porque eu decidi e pronto. As risada foram gerais porque todos conheciam o bom humor do Cavernoso.